Novas indicações de Lula no STM julgarão Bolsonaro

A aposentadoria do general Marco Antônio de Farias, que completou 75 anos na última terça-feira (21), abriu mais uma vaga no Superior Tribunal Militar (STM). Com isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está autorizado a indicar um novo ministro para a Corte. O nome mais cotado é o do general Anísio David de Oliveira Junior, atual comandante do Departamento de Engenharia e Construção do Exército.

Mais uma vaga no STM para Lula

Em novembro, o STM abrirá mais uma vaga devido à aposentadoria do general Odilson Sampaio Benzi. O favorito para assumir a vaga é o general Flávio Marcus Lancia Barbosa, atual vice-chefe do Estado-Maior do Exército, segundo a CNN. Com a nova indicação, Lula terá nomeado quatro ministros ao STM: Guido Amin Naves, Verônica Sterman, Anísio David e Flávio Marcus Lancia, mas todos ainda precisam ser aprovados pelo Senado.


O prédio do STM em Brasília (Foto: reprodução/Hugo Barreto/Metrópoles)

A nova indicação de Lula acontece em meio à expectativa pelo julgamento que pode levar à perda das patentes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), capitão da reserva, e de outros militares já condenados pelo STF por envolvimento na tentativa de golpe de Estado.

Como a maioria dos envolvidos recebeu penas superiores a dois anos, o processo deve ser encaminhado ao STM. Nesses casos, os réus passam a responder por “indignidade ou incompatibilidade com o oficialato” — o que pode resultar na perda da patente.

Antes disso, no entanto, é preciso que o julgamento no STF seja concluído em definitivo. Isso só ocorre após a apresentação e análise de todos os recursos cabíveis.

Estrutura do STM

O STM tem 15 ministros nomeados pelo presidente da República. São quatro oficiais do Exército, três da Marinha e três da Aeronáutica — todos da ativa e no mais alto posto de suas carreiras. Além dos militares, o colegiado inclui cinco ministros civis: três advogados com reconhecida experiência jurídica e reputação ilibada, com no mínimo dez anos de atuação profissional, e dois membros oriundos do Ministério Público da Justiça Militar.

A expectativa é que essas decisões reforcem o papel da Corte na responsabilização de oficiais por atitudes contrárias às normas da carreira militar.

STF anula liminar de ministro Barroso que permitia enfermeiros atuarem em abortos

Com o placar de 10 votos contra a liminar do já aposentado ministro Luís Roberto Barroso, o Supremo Tribunal Federal derruba a permissão para enfermeiros e técnicos de enfermagem atuarem em auxílio de procedimentos em casos de aborto legal no país.

Antes de se aposentar, o ministro havia determinado que ambas as profissões estariam aptas para auxiliar em casos de aborto. O julgamento feito em plenário virtual se iniciou no dia 17 de outubro e se encerra nesta sexta-feira (24).

A justificativa

O ministro fala que reconhecer a limitação do aborto apenas aos médicos contribui para a falta de assistência e violação dos direitos das meninas e mulheres vítimas do crime de violência sexual. Barroso também justificou que “há falta de estrutura e ausência de informações adequadas, o acesso à interrupção lícita da gravidez ainda é objeto de exigências indevidas por parte dos serviços de saúde”.

Entretanto, o ministro informa na liminar, já derrubada, que “o auxílio dos enfermeiros deveria ocorrer na interrupção imediata da gestação, em casos admitidos pela jurisprudência”, pois, para o magistrado, o auxílio prestado pelos enfermeiros e técnicos de enfermagem deve estar de acordo com o nível apresentado na profissão.

Desacordos

Logo após a liminar de Barroso, o ministro Gilmar Mendes abre divergências, onde pontua que não entende a necessidade de tais profissionais estarem autorizados para atuar em casos de aborto: “Nesse sentido, entendo que a ausência de qualquer fato novo que justifique a atuação monocrática do Ministro Relator, além de impedir, a rigor, a concessão de medida cautelar, denota a absoluta ausência de periculum in mora [perigo na demora]” acrescentou.


Ministro Gilmar Mendes no Supremo Tribunal Federal (Foto: Reprodução/ Andressa Anholete/STF)


O Ministro Luiz Fux argumentou que a medida liminar só deve ser concedida quando se obtiver elementos claros e seguros que comprovem um direito evidente, o que não se aplica em casos de controvérsias em temas de assuntos morais da sociedade. “Sendo assim, a pretensão das requerentes de criar um direito constitucional ao aborto pela via judicial é inegavelmente antidemocrática, visto que atropela a decisão consciente do constituinte originário de deixar a matéria no âmbito da discricionariedade do Congresso Nacional” conclui fux.

Bolsonaro pode ir para a prisão ainda em 2025

Após a publicação do acórdão da condenação com pena 27 anos e três meses em regime inicial fechado do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus por cinco crimes na trama golpista que culminou nos atos golpistas do oito de janeiro de 2023.

Com isso, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal abriu o prazo de cinco dias corridos para que a defesa dos réus recorra através de embargos de declaração, que é a única possibilidade de recurso neste caso.

Recursos devem ser julgados ainda em outubro

Com o prazo para os embargos de declaração chegando ao fim na segunda-feira(27), a expectativa dentro da Corte é que o julgamento comece no dia seguinte(28) podendo inclusive ser em plenário virtual.


Acórdão inicia prazo para defesa de Bolsonaro trazer seus embargos declaratóios (Vídeo: Reprodução/YouTube/Uol News)

Interlocutores próximos ao ministro Alexandre de Moraes confirmaram a informação e afirmam que existem duas possibilidades para que o julgamento seja inserido na pauta da Primeira Turma na próxima semana. A primeira seria a inserção do julgamento no calendário como geralmente é feito, que tem a pauta aberta sete dias antes da sessão ou o próprio ministro pode pedir a marcação de uma sessão extra, como foi feito no julgamento dos réus em setembro, que tem um prazo de 24 ou 48 horas para colocar o julgamento em pauta.

Ainda segundo interlocutores, o trânsito em julgado deve ser feito até o final de novembro, finalizando o processo com o Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, pedindo a imediata execução das penas.

Defesa deve pedir prisão domiciliar

Além da Primeira Turma, a defesa dos réus também se movimenta nos bastidores para fazer seus embargos de declaração, afinal tem o prazo de cinco dias corridos para apresentá-lo a Corte.

Apesar de ter praticamente a certeza da rejeição dos embargos, a defesa de Bolsonaro deve pedir a manutenção da prisão domiciliar, evitando uma ida a prisão. A alegação da defesa deve passar por problemas de saúde que o ex-presidente tem enfrentado desde 2018 após sofrer uma facada em Minas Gerais durante um evento de sua campanha eleitoral.

Bolsonaro está em prisão domiciliar desde agosto por conta do inquérito que investiga a atuação de Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, nos Estados Unidos, que segundo o mesmo teria trabalhado para que o país executasse um tarifaço de 50% contra os brasileiros.

A defesa até pediu a revogação da medida em setembro, alegando que a Procuradoria Geral da República não o indiciou neste inquérito, mas foi negado alegando indícios de que a prisão domiciliar deveria ser mantida.

Além da prisão domiciliar, Bolsonaro pode ir para uma unidade militar, como aconteceu com seu vice nas eleições de 2022 e também condenado neste inquérito Braga Netto, uma sala na sede da Polícia Federal ou uma cela especial na Papuda para cumprir a pena pelos crimes cometidos na trama golpista.

Aliados esperam Bolsonaro em presídio

Quem também se movimenta nos bastidores após a publicação do acórdão da condenação de Bolsonaro são aliados do ex-presidente.

Segundo fontes ligadas a alguns deles, a expectativa é que Bolsonaro cumpra a pena em uma cela especial na Papuda, mesmo com a defesa alegando problemas de saúde, e que isso já comece em novembro, quando o trânsito em julgado deve ser confirmado.

Com isso, os aliados já começam a pensar nas estratégias para as eleições de 2026 e em quem deve ser o concorrente “bolsonarista” na votação que ocorre em outubro do próximo ano, mas com vários nomes se levantando como candidatos deste lado da política partidária do Brasil, é muito difícil que tenha um nome único vindo do bolsonarismo.

Além da condenação que retira sua possibilidade de candidatura até 2062 como sanção pela condenação na trama golpista, Bolsonaro está inelegível para eleições presidenciais até 2030 por abuso de poder econômico e político na campanha das eleições de 2022.

Para especialistas, a condenação de Bolsonaro somada a não ter um nome unanime entre seus aliados somado aos fracassos da PEC da Anistia e na não revisão da inelegibilidade do ex-presidente podem ser pontos a fragilizar o bolsonarismo como um todo.

Além disso, as votações na PEC da Blindagem e contrária a isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham abaixo de 5 mil reais por mês e outras votações têm feito a opinião pública olhar negativo para a base do ex-presidente.

 

Troca de Fux para a Segunda Turma do STF é oficializada por Fachin 

Nesta quarta-feira (22), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, oficializou a transferência do ministro Luiz Fux da Primeira para a Segunda Turma da Corte. Não se sabe se Fux poderá atuar nos julgamentos dos núcleos 2 e 3, o ministro começará a participar da Segunda Turma a partir da próxima semana.

Pedido de transferência

A possibilidade de transferência surgiu após a aposentadoria do ministro Luis Roberto Barroso no último sábado (18) e o pedido foi feito nesta terça-feira (21) em plenário da Corte.

Durante a finalização do julgamento do núcleo 4 do plano de golpe, Fux explicou que já havia combinado a troca de turma com Barroso. Ele também se colocou à disposição para continuar com os julgamentos já agendados para a Primeira Turma do colegiado.

A troca está prevista no artigo 19 do regime interno do STF, onde diz: “o ministro de uma Turma tem o direito de transferir-se para outra onde haja vaga; havendo mais de um pedido, terá preferência o do mais antigo.”

No despacho, o ministro Fachin afirma que, diante da ausência de manifestação de um integrante mais antigo, foi aceita a transferência de Fux da Primeira para a Segunda Turma. Mas não há detalhes se Fux poderá atuar nos julgamentos dos núcleos 2 e 3 agendados para, respectivamente, novembro e dezembro.

Com a saída de Barroso, Lula indicaria o magistrado que ocuparia essa cadeira. Mas, com o pedido de Fux aceito, o indicado do presidente vai assumir a cadeira da Primeira Turma.


Ministro Edson Fachin (Foto: reprodução / Evaristo Sa / Getty Images Embed)

As Turmas do STF

Cada Turma  é composta por 5 dos 11 ministros, o presidente do Supremo fica de fora. Os julgamentos ocorrem em três locais: no plenário e nas duas turmas da Corte. A Primeira Turma é responsável por julgar os réus da tentativa de golpe de 8 de janeiro.

A Primeira Turma é composta por Alexandre de Moraes, Carmen Lucia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e o ministro indicado por Lula.

Já a Segunda Turma, com a transferência de Fux e aposentadoria de Barroso, será formada por: Gilmar Mendes, Dias Toffoli, André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux.

STF reabre investigação contra Valdemar Costa Neto no caso da tentativa de golpe de Estado

Nesta terça-feira (21) o Supremo Tribunal Federal reabriu a investigação contra Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), por suposta participação na tentativa de golpe de Estado de 2022.

O responsável pela decisão foi o ministro Alexandre de Moraes, que durante seu voto, defendeu o retorno das apurações sobre o papel do presidente nos crimes ligados a organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Acusações contra Valdemar

As acusações contra Valdemar são:

Sua participação em organização criminosa armada: que consiste em liderar um grupo de quatro ou mais pessoas, organizado e com divisão de funções, utilizando armas para cometer crimes. A pena varia de 3 a 8 anos, podendo chegar a 17 anos quando há agravantes, como uso de arma de fogo ou participação de agentes públicos.

Tentativa de abolição violenta do Estado de Direito: ocorre quando se tenta, mediante violência ou grave ameaça, eliminar o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o funcionamento dos poderes constitucionais. A pena vai de 4 a 8 anos.


STF reabre investigação contra Valdemar Costa Neto (Vídeo: reprodução/Youtube/@opovo)

Núcleo da desinformação

Durante o julgamento do núcleo 4 da chamada trama golpista, o ministro decidiu pela reabertura do caso. O julgamento mencionado é responsável por disseminar desinformação e realizar ataques ao sistema eleitoral. O núcleo é acusado de tentar desacreditar as eleições de 2022 e gerarem noticias falsas sobre as urnas, todos os réus envolvidos foram condenados

A Polícia Federal (PF) já havia indiciado Valdemar Costa Neto, mas ele não chegou a ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo a PF, o presidente do PL financiou e incentivou questionamentos sem provas sobre a integridade das urnas eletrônicas e desempenhou papel central na propagação de dúvidas sobre o sistema.


Moraes vota por reabertura de Investigação (Vídeo: reprodução/Youtube/@SBTbrasil)

Durante o julgamento, o ministro Alexandre de Moraes mencionou Valdemar Costa Neto durante à análise do caso de Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal (IVL) e réu do núcleo 4. Segundo Moraes, Rocha produziu relatórios falsos sobre o funcionamento das urnas eletrônicas, utilizados pelo PL para justificar um pedido de verificação extraordinária dos votos, ação que resultou em multa aplicada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao partido.

O ministro considerou parcialmente procedente a denúncia da PGR contra Rocha e defendeu sua condenação por organização criminosa e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Com a decisão, o Supremo determinou que a investigação sobre Valdemar Costa Neto seja retomada para apurar se ele cometeu os mesmos crimes.

STF abre prazo de recurso após publicar acórdão do julgamento de Bolsonaro

Nesta sexta-feira (22) o Supremo Tribunal Federal (STF) publicou o acordão sobre o julgamento do núcleo 1 do ex-presidente Jair Bolsonaro. Estão inclusos oito réus no acordão, além do ex-presidente, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão

O documento é o local onde se formaliza os votos dos ministros presentes para julgar o caso em questão e precisa ser emitido em até 60 dias, contando a partir do dia de encerramento do julgamento, cujo ultimo dia foi 11 de setembro. O cordão do caso tem 1.991 páginas.

Réus do núcleo

Jair Bolsonaro é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o líder do grupo responsável por articular um plano para se manter no poder após a derrota nas urnas. Além do ex-presidente, que está com maior tempo de condenação, Alexandre Ramagem é acusado de disseminar informações falsas sobre supostas fraudes eleitorais, enquanto o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teria colocado tropas à disposição da articulação golpista durante reunião com militares. Já o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, guardava em casa uma minuta de decreto que previa a anulação das eleições. Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, participou de transmissões ao vivo em que colocava em dúvida a segurança das urnas eletrônicas.


STF pública decisão sobre julgamento de Bolsonaro (vídeo: reprodução/Youtube/@CNNbrasil)

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso, admitiu ter participado de reuniões e trocas de mensagens sobre o plano. O ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, teria apresentado a comandantes militares um decreto de intervenção redigido pelo próprio Bolsonaro. O único preso, até o momento, é Walter Braga Netto, acusado de financiar acampamentos golpistas e de planejar um atentado contra o ministro Alexandre de Moraes.

Decisão da Primeira Turma do STF

A Primeira Turma do STF condenou o grupo por 4 votos a 1. Entre os crimes estão organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União — este último não se aplica a Alexandre Ramagem. Também foram condenados por deterioração de patrimônio tombado, novamente com exceção do ex-diretor da Abin.


Trump defende Bolsonaro após condenação (Vídeo: reprodução/ Youtube/@SBTNews)

Com a publicação do acórdão, o tribunal abriu o prazo de até cinco dias para que as defesas dos réus possam entrar com recurso. Os advogados poderão fazer uso dos embargos de declaração, um tipo de recurso utilizado quando os advogados alegam erros, omissões ou contradições na decisão. Embora não mude o resultado do julgamento, o embargo pode adiar a execução das penas.

O réu com maior pena foi o ex-presidente Jair Bolsonaro, tendo 27 anos e 3 meses de prisão, os demais receberam entre 2 e 26 anos de prisão. Por realizado o acordo de colaboração premiada com a Justiça, o tenente-coronel Mauro Cid foi o que recebeu a pena mais branda, de apenas dois anos. Já a pena de 26 anos foi aplicada ao ex-ministro da defesa de Bolsonaro, general Braga Netto, estabelecida em 26 anos.

Fux declara que cometeu injustiças em julgamento do 8 de janeiro

O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que cometeu equívocos nos julgamentos do 8 janeiro, durante a ação penal que ocorreu nesta terca-feira (21) contra os réus do núcleo 4 da trama golpista. Em alguns dos casos, nos julgamentos de réus relacionados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, Fux havia votado para condenar os acusados. 

O ministro, o qual foi o terceiro a votar e o primeiro a discordar do relator, Alexandre de Moraes, defendeu que os episódios de difusão de fake news sobre as urnas eletrônicas para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro narrados na denúncia não eram tão graves e entendeu não haver provas suficientes para enquadrar os réus nos crimes denunciados.


Julgamento dos réus do Núcleo 4 no STF (Foto: reprodução/STF/Gustavo Moreno)

O 8 de janeiro e o núcleo 4

“Meu entendimento anterior, julgamos muitos casos, embora amparado pela lógica da urgência, incorreu injustiças que o tempo e a consciência já não me permitiam sustentar”, começou na declaração o ministro durante o voto sobre o núcleo 4. O julgamento da Ação Penal 2694 ou núcleo 4 como é conhecida, é composto pelos acusados que fazem parte do chamado núcleo da desinformação. Segundo a acusação, o grupo propagava fake news contra opositores e o sistema eletrônico de votação em 2022, que manteria o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.

De acordo com Fux, a condenação de Bolsonaro, em setembro, por golpe abriria um precedente perigoso e o ministro argumentou que o plano Punhal Verde e Amarelo e os ataques ao sistema eleitoral e o 8 de janeiro não podem ser colocados no mesmo contexto por serem atos isolados. Ele, então, foi o único a votar para anular a ação penal envolvendo seis réus, incluindo Bolsonaro, por tentativa de golpe e a defender a absolvição do ex-presidente.


Primeira Turma julga as denúncias sobre o Núcleo 4 (Foto: reprodução/STF/Rosinei Coutinho)

Das decisões às críticas

Em setembro, o Núcleo 1, formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e mais seis réus, foi condenado. Entre as decisões, a do Ministro Fux foi a que se destacou por ser a única a absolver os sete réus e isso gerou críticas de alguns colegas. Na semana passada, o ministro teve uma discussão com o colega Gilmar Mendes referente ao voto de Fux no julgamento de Bolsonaro.

Fux afirmou que “não é a imobilidade que sustenta a autoridade moral” dos juízes, mas sim “a capacidade de reparar erros, reconciliar a sociedade”. A sessão será aberta com o voto do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal do Núcleo 4. O ministro vai decidir se condena ou absolve os acusados. Em caso de condenação, Moraes também vai anunciar a pena dos réus.

Além do Núcleo 4, serão julgados ainda neste ano os núcleos 2 e 3. O julgamento do Núcleo 3 está marcado para 11 de novembro. O grupo 2 será julgado em dezembro.

Moraes condena sete réus por participação em núcleo das fake news

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (21) pela condenação de sete réus ligados ao chamado “núcleo das fake news” da trama golpista. O grupo é acusado de ter organizado campanhas de desinformação com o objetivo de enfraquecer as instituições e sustentar uma tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, mesmo após a derrota nas urnas em 2022.

Em seu voto, Moraes destacou que as provas reunidas ao longo da investigação mostram uma atuação estruturada e persistente, voltada à criação de caos social e ao incentivo de ataques à Justiça Eleitoral e ao Poder Judiciário. Para ele, a disseminação coordenada de mentiras sobre fraude nas urnas eletrônicas não se confunde com liberdade de expressão, trata-se, nas palavras do ministro, de um “novo populismo digital extremista”, que instrumentaliza as redes sociais para corroer a democracia.

Segundo o relator, os réus “atuaram de forma orquestrada, promovendo desinformação e estimulando o ódio contra as instituições democráticas”. Moraes frisou que os discursos e publicações do grupo visavam legitimar a ruptura institucional e justificar uma intervenção militar, configurando uma tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Uso indevido de órgãos do Estado e manipulação de informações

Um dos pontos centrais do voto de Moraes foi a constatação de que estruturas oficiais, como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foram utilizadas de forma indevida para alimentar as chamadas “milícias digitais”. Segundo o ministro, o uso dessas instituições teve como finalidade criar e divulgar narrativas falsas sobre supostas vulnerabilidades das urnas eletrônicas, buscando deslegitimar o sistema eleitoral e o próprio Poder Judiciário.


Confira o voto de Alexandre de Moraes durante condenação (Vídeo: Reprodução/Instagram/@portalg1)

Para Alexandre de Moraes, o envolvimento desses órgãos reforça o caráter criminoso e político da organização. “Essas finalidades evidenciam a natureza ilícita do grupo, que usou o aparato do Estado para atacar o Estado”, afirmou. Ele ressaltou que os atos investigados extrapolam o campo do debate político e configuram uma tentativa concreta de golpe de Estado, uma vez que visavam impedir a alternância legítima do poder.

O ministro destacou ainda que a desinformação não ocorreu de forma isolada, mas sim integrada a outros núcleos da trama golpista. Esses núcleos se comunicavam constantemente, compartilhando mensagens e estratégias com o objetivo de gerar instabilidade e mobilizar setores da sociedade contra as instituições democráticas.

Provas, conexões e a tentativa de manter o poder

De acordo com o voto do relator, o material reunido no processo demonstra de forma robusta a interligação entre os grupos investigados. Mensagens, documentos e laudos falsos circularam entre os integrantes, comprovando que havia uma estrutura organizada com diferentes frentes de atuação. Moraes descreveu essa coordenação como “uma engrenagem criminosa que funcionava simultaneamente no campo político, digital e institucional”.

O ministro apontou que o objetivo final do grupo era provocar uma convulsão social que permitisse a decretação de um estado de exceção e a criação de um “gabinete de crise” para substituir o governo eleito. Ele ressaltou que esta foi “a primeira vez na história democrática do país em que se planejou, dentro do Palácio do Planalto, a instalação de um gabinete após a derrubada de um governo legitimamente eleito”.

Moraes também mencionou a necessidade de novas investigações envolvendo outras figuras políticas, entre elas Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), apontado pela Polícia Federal como financiador de campanhas de desinformação contra o sistema eleitoral. O relator afirmou que, diante da confirmação de crimes por parte de integrantes do Instituto Voto Legal, pode ser necessário reabrir apurações sobre o papel do dirigente partidário na articulação do esquema.

Com o voto de Alexandre de Moraes, o Supremo dá mais um passo no julgamento dos responsáveis por articular e sustentar ataques à democracia brasileira. Ainda faltam os votos dos ministros Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino, mas o posicionamento do relator reforça o entendimento de que o combate à desinformação é também uma defesa ativa do Estado Democrático de Direito.

Fux pede para realizar ajustes gramaticais em seu voto no julgamento de Bolsonaro

Na última semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, pediu para realizar ajustes gramaticais em seu voto referente ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) antes que o documento seja oficializado, e assim, Bolsonaro possa começar a cumprir sua pena de 27 anos e 3 meses.

Diferente dos outros quatro ministros da Primeira Turma do STF, Fux votou contra a condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado após as últimas eleições gerais do Brasil.

Voto faltante

No último dia 11 de setembro, a Primeira Turma do STF formou maioria para condenar Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente foi condenado a uma pena de 27 anos e 3 meses de prisão. Dos cinco ministros, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Carmen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux, apenas o voto desse último é faltante.

Apesar de já ter sido entregue para a Secretaria Judiciária, no início deste mês, Fux pediu para revisar o seu voto para realizar ajustes gramaticais no mesmo. Somente após a entrega do documento é que será possível construir o acórdão, que se trata do compilado de votos, oficializando assim o resultado do julgamento.

A publicação do acórdão é necessária para que as defesas dos respectivos envolvidos na condenação possam apresentar os embargos, tendo um prazo de cinco dias para fazê-lo. Somente depois do julgamento desses embargos é que a pena dos condenados poderá ser iniciada.


Primeira Turma do STF durante o julgamento de Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Bloomberg/Getty Images Embed)

Voto pela não condenação

Dos cinco ministros que votaram no julgamento do núcleo 1 da chamada trama golpista, Luiz Fux foi o único que não votou favorável à condenação de Jair Bolsonaro. Em seu voto, que durou quase 11 horas, o ministro argumentou que não havia provas suficientes sobre uma organização criminosa liderada pelo ex-presidente.

Fux entendeu também que o ex-chefe de Estado é inocente em relação aos crimes que foi acusado, como tentativa de golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado, e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

STF: ministro Barroso vota pela descriminalização do aborto precoce

O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, votou a favor da descriminalização do aborto voluntário até a 12ª semana de gestação. Esse foi o segundo voto a favor da liberação da interrupção da gravidez dentro desse período. Para que a decisão seja aprovada, é necessário que a maioria dos 11 ministros do tribunal concorde com o entendimento.

Voto marca a despedida de Barroso no STF

O voto marcou a despedida de Barroso do Supremo Tribunal Federal, após 12 anos no cargo, já que sua aposentadoria começa neste sábado (18).

Em seu último dia, o ministro solicitou uma sessão extraordinária no plenário virtual para apresentar sua posição sobre o tema e registrar seu voto, pedido concedido pelo presidente da corte, Edson Fachin.

No voto, Barroso afirmou:
“A interrupção da gestação deve ser tratada como uma questão de saúde pública, não de direito penal.”


Ministro Luís Roberto Barroso durante sessão no STF (Foto: Reprodução/X/@republiqueBRA)

Segundo a avaliação do agora ex-ministro do STF, a criminalização afeta principalmente mulheres de baixa renda, que muitas vezes não têm acesso ao sistema de saúde pública para obter informações ou medicamentos adequados.

“As pessoas com melhores condições financeiras podem atravessar a fronteira com o Uruguai, Colômbia, ir para a Europa ou valer-se de outros meios aos quais as classes média e alta têm acesso.”

Além dos países citados acima, existem outros países onde o aborto não é criminalizado nas primeiras semanas, como: Alemanha, Austrália, Dinamarca, Holanda, Espanha, França e Itália.

STF faz a tramitação do caso desde 2017

O próprio Barroso já havia suspendido a ação em setembro de 2023, após a ministra Rosa Weber, então relatora, votar a favor da descriminalização antes de também se aposentar. O STF mantém os votos já concedidos pelos ministros nesse processo. A ação foi apresentada pelo PSOL em 2017, solicitando que o tribunal se posicionasse sobre a possibilidade de interrupção da gestação, atualmente proibida pelo Código Penal brasileiro.

Atualmente, o aborto é legalizado no Brasil em três situações: quando há risco de morte para a gestante, quando a gravidez resulta de estupro e quando o feto é anencéfalo (sem cérebro).

Segundo a Pesquisa Nacional de Aborto de 2021, uma em cada sete mulheres com idade próxima aos 40 anos já realizou pelo menos um aborto, e 43% delas precisaram ser hospitalizadas para concluir o procedimento.