Suposta interferência de Bolsonaro na PF faz Moraes reabrir inquérito
O ministro Alexandre de Moraes atendeu o pedido da PGR, nesta quinta-feira (16), e reabre investigação de possível pressão contra o ex-ministro Sergio Moro

O ministro Alexandre de Moraes (STF), atendeu o pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de reabrir inquérito que aponta uma possível pressão de Bolsonaro contra o ex-ministro da Justiça e atual senador Sérgio Moro (União-PR).
O caso teria acontecido em 2020, quando o então ministro Sérgio Moro saiu do governo, alegando que o ex-presidente teria o pressionado, mediante mensagens. Na época, o ex-ministro do STF Celso de Mello autorizou a abertura de inquérito, que após não encontrar nenhum indício de crime pela PF, o caso foi arquivado pelo ex-procurador-geral Augusto Aras.
Moro alega interferência
Tudo teria começado após a saída de Sérgio Moro, do governo, em 24 de abril de 2020, por alegar que Bolsonaro teria tentado interferir politicamente na Polícia Federal, em assuntos relacionados aos seus familiares, demitindo Maurício Valeixo, ex-diretor-geral da Polícia Federal e insistir na troca do comando do órgão, no Rio de Janeiro.
Logo após o anúncio da saída de Moro, o ex-presidente se pronunciou, afirmando que Moro propôs aceitar a demissão de Valeixo, se ele fosse indicado ministro do STF. Bolsonaro negou qualquer interferência, mas afirmou que pedia o então ministro da Justiça, relatórios diários da Polícia Federal, para poder tomar decisões de governo.
Três dias após a saída de Moro, no dia 27 de abril de 2020, Celso de Mello autorizou a solicitação do então Procurador-geral da República, Augusto Aras, de investigar as afirmações de Moro contra o ex-presidente Bolsonaro.
O ex-presidente, no dia 28 de abril de 2020, nomeou Alexandre Ramagem, que era diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e amigo da família de Bolsonaro, para ser o sucessor de Valeixo, no cargo de diretor-geral da PF. No dia seguinte, a nomeação foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, que alegou desvio de finalidade na nomeação.
Moraes abre investigação contra Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)
Moraes reabre inquérito
O ministro Alexandre de Moraes aceitou, nesta quinta-feira (16), o pedido do atual procurador-geral, Paulo Gonet, que afirmou encontrar elementos que precisam ser aprofundados na investigação e concluir se Bolsonaro realmente buscou informações privilegiadas em seu governo e influenciar em decisões que envolviam seus familiares e aliados políticos.
Para Gonet, existem indícios de que a troca do comando da PF, em 2020, e a solicitação da troca do comando do órgão, no Rio de Janeiro e Pernambuco, tinham como finalidade obter informações privilegiadas.