Tarifas de Trump ameaçam colapso produtivo e inovação tecnológica no Brasil

A imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras pelos Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump, acendeu o alerta vermelho nos setores industriais de tecnologia aplicada à produção. Representantes da indústria madeireira e de pescados alertam que a medida pode paralisar cadeias produtivas inteiras, travar investimentos em inovação e dificultar o avanço da automação em processos de exportação e rastreabilidade.

Segundo Paulo Roberto Pupo, superintendente da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), há uma crescente sensação de paralisia nas negociações desde a reunião com a equipe do governo Lula. “A cada dia que passa, esse cronômetro fica ainda mais vermelho”, diz Pupo, referindo-se à falta de respostas técnicas e diplomáticas. Com 100% da produção de algumas empresas voltada ao mercado norte-americano, o setor já começa a projetar férias coletivas e demissões, medidas que podem comprometer investimentos em infraestrutura digital e sistemas de controle industrial.

Impacto direto na digitalização de cadeias produtivas

Eduardo Lobo, presidente da Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), também aponta os riscos sistêmicos do tarifaço para o futuro tecnológico do setor. Com 70% das exportações de pescados destinadas aos EUA e impedimentos de entrada no mercado europeu desde 2017, a tarifa representa não apenas um golpe financeiro, mas um obstáculo à implementação de soluções digitais de rastreabilidade, logística e compliance internacional.

Estamos de mãos atadas. O cenário escalou e está mais tenso. Os empresários não têm como intervir ou planejar soluções de longo prazo”, afirma Lobo. Ele enviará ao governo federal uma solicitação de linha de crédito emergencial de R$ 900 milhões para manter a operação viva. Para o setor, o pedido mais urgente é a postergação imediata da entrada em vigor da tarifa, prevista para 1º de agosto, permitindo tempo para adaptação logística e busca por alternativas digitais de escoamento.

A proposta de que o setor privado pressione os importadores americanos é vista como inviável. “O comprador dos EUA vai simplesmente substituir pelo fornecedor mais barato, sem entrar em debate político”, alerta Lobo.


Tarifaço de Trump causará impacto direto nas cadeias produtivas brasileiras (Vídeo:reprodução/YouTube/@CNNBrasil)

Reflexo na cadeia tecnológica e urgência diplomática

Além das barreiras comerciais, o impasse prejudica iniciativas tecnológicas estratégicas, como o uso de blockchain para rastreabilidade de origem, certificações digitais internacionais e digitalização da logística portuária — todas são medidas que dependem de estabilidade comercial e previsibilidade regulatória.

O empresariado pede que o governo brasileiro reforce argumentos técnicos nas negociações, destacando a complementaridade produtiva entre Brasil e EUA, que pode ser traduzida em ganhos para ambos os países. No entanto, sem uma resposta rápida, o receio é que os setores se tornem “reféns da negociação”, nas palavras de Pupo.

Governo manterá pressão diplomática, mas sem garantias antes de 1º de agosto

Em entrevista à CBN nesta segunda-feira(21), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou que o governo brasileiro deve continuar insistindo em negociações com os Estados Unidos para evitar o imposto de 50% sobre produtos brasileiros. No entanto, alertou que não há garantias de resposta por parte dos americanos até o prazo estabelecido, em 1º de agosto.

Haddad revelou que o governo está preparando uma variedade de cenários de contingência, incluindo medidas de apoio para setores mais impactados.

O ministro também destacou que essas intervenções não devem comprometer as metas fiscais. As ações previstas estão sob avaliação e dependem de autorização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Impactos econômicos e retaliação

Haddad informou que ainda nesta semana a equipe econômica apresentará ao presidente uma análise dos possíveis efeitos das tarifas no PIB e na inflação, conforme diferentes cenários. Ele ressaltou que parte das exportações brasileiras podem ser direcionadas para outros mercados, embora esse processo seja lento e nem todas as empresas tenham essa viabilidade.


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Ministro da Fazenda Fernando Haddad  (Foto: reprodução/SERGIO LIMA/Getty Images Embed)

O governo brasileiro reafirmou que não vai retaliar impondo medidas punitivas a empresas ou cidadãos americanos. Em vez disso, pretende aplicar a Lei da Reciprocidade, recentemente aprovada pelo Congresso, para chamar atenção para o que considera uma atitude “chantagista” por parte dos EUA.

Fernando Haddad afirmou que o objetivo não uma retaliação aos Estados Unidos, mas sim chamar a atenção para o fato de que as ações adotadas são prejudiciais para ambos os lados. Segundo ele, esse tipo de medida não colabora nem com os interesses dos estadunidense, nem com o dos brasileiros, e por isso o governo se coloca em uma postura mais diplomática, embora mantenha-se firme com a situação imposta.

Metas fiscais mantidas

Mesmo diante da pressão, Haddad afirmou que o governo não pretende rever suas metas fiscais. Segundo ele, os objetivos para as contas públicas serão perseguidos até o fim do mandato de Lula.

Visando o acordo, o cenário permanece incerto, com prazo curto até o início de agosto. O mercado e os setores exportadores aguardam medidas concretas ou um avanço nas negociações.

Lula lamenta morte de Preta Gil e destaca força da artista durante tratamento contra o câncer

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou, na noite deste domingo (20), a morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, vítima de um câncer no intestino. Em nota, Lula afirmou que a artista seguiu espalhando alegria de viver mesmo durante os períodos mais delicados da doença e prestou solidariedade à família de Gilberto Gil, pai de Preta, que exerceu a função de ministro da Cultura em seu governo entre 2003 e 2008.

Segundo o presidente, a cantora foi uma figura talentosa e determinada em tudo o que fazia, tanto no meio artístico quanto empresarial. Ele também relatou ter ligado para Gilberto Gil e Flora Gil logo após receber a notícia, para oferecer apoio diante do momento de luto.


Presidente Lula se manifesta sobre a morte da cantora Preta Gil (Foto: reprodução/Instagram/@lulaoficial)

Preta Gil estava nos Estados Unidos, onde realizava um tratamento experimental após a volta da doença em diferentes partes do corpo. Ela havia sido diagnosticada com câncer de intestino em janeiro de 2023. Após sessões de quimioterapia e radioterapia no Brasil, além de uma cirurgia para remoção de tumores, a artista entrou em remissão, mas teve o retorno da enfermidade em 2024, com metástases no peritônio, linfonodos e ureter.

Carreira marcada por autenticidade e coragem

Nascida em 8 de agosto de 1974, no Rio de Janeiro, Preta Gil era filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha. Iniciou a carreira artística aos 29 anos, após atuar como produtora e publicitária. Lançado em 2003, o álbum de estreia de Preta Gil, “Prêt-à-Porter”, destacou-se pelo sucesso da faixa “Sinais de Fogo”.


Preta Gil ao lado de seu pai Gilberto Gil (Foto: reprodução/Instagram/@pretagil)

Ao longo dos anos, consolidou-se como cantora, atriz e apresentadora, conhecida por seu posicionamento firme, irreverência e conexão com o público. No repertório artístico de Preta Gil, canções como “Decote”, “Vá Se Benzer”, “Meu Xodó” e “Cheia de Desejo” estão entre os seus maiores êxitos.

Reconhecimento e despedidas

O vice-presidente Geraldo Alckmin também prestou homenagem à cantora, destacando que Preta Gil iluminou a vida dos brasileiros com sua alegria e irreverência. Ele afirmou que a artista deixará saudades e um legado de autenticidade.


Vice-presidente Geraldo Alckmin lamenta a morte de Preta Gil (Foto: reprodução/Instagram/@geraldoalckmin)

Preta Gil deixa o filho Francisco, hoje aos 30 anos, e um legado que vai muito além dos palcos e do Carnaval. Sua trajetória foi marcada por uma força pessoal que inspirou quem enfrentava inseguranças, ao mesmo tempo, em que sua liberdade artística abriu espaços para vozes marginalizadas na música e na televisão.

Moraes restaura parte do decreto de aumento do IOF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, restabeleceu partes do decreto emitido pela Presidência da República que determinava o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A ação ocorreu nesta quarta-feira (16) e gerou revolta entre os congressistas. A única exceção é para transações de “risco sacado”, que seguem isentas.

O Supremo decidiu por deliberar sobre o caso após pedido de interferência por parte do presidente Lula e do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A medida visava reverter o veto sofrido no Congresso, que sustava o decreto.

A origem

Em coletiva de imprensa realizada no dia 22 de maio, o que era para ser um anúncio de cortes de gastos se tornou em aumento de impostos. O Ministro da Fazenda confirmou que os valores do IOF sofreriam reajuste.

O IOF é um imposto, semelhante à antiga CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras), cobrado em transações de crédito, câmbio, seguro, ou investimentos em títulos, ou valores mobiliários. Para cada transação, o valor é cobrado de maneira diferente.

Após o anúncio, o mercado reagiu de forma negativa, o que fez com que Haddad retrocedesse em alguns pontos, como aplicações de fundos nacionais no exterior, que teriam taxadas, mas que voltaram a ser isentas. Também houve recuo nas remessas de pessoas físicas ao exterior destinadas a investimentos, que teriam aumento para 3,5%, e foi recuado para o valor antigo, de 1,1%.


Deputado federal Lindberg Farias comemora decisão do ministro (Foto: reprodução/X/@lindberghfarias)

Compensação

Em junho, Haddad anunciou um pacote de medidas compensatórias em virtude do recuo em alguns pontos do decreto do IOF. Na proposta, o ministro impunha tributação de 5% de Imposto de Renda sobre Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e equalização da Contribuição Social sobre Lucro Líquido para instituições financeiras, que estaria entre 15% e 20%, extinguindo a de 9%.

O novo anúncio provocou reação do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. À época, o parlamentar alertou que a medida sofreria resistência na casa legislativa e destacou que o setor produtivo não suporta mais impostos.

Pedido ao Judiciário

A Medida Provisória (MP), de número 12.499, proposta por Haddad, foi derrubada no Congresso no dia 25 de junho. O resultado, símbolo de derrota para o Governo, fez com que Lula e Haddad acionassem o Supremo para reverter a situação.

Segundo entendimento da Advocacia-Geral da União (AGU), o aumento do IOF é apenas de autonomia do presidente da República, e considera a intervenção do Congresso como violação do princípio da separação dos Poderes. Contudo, para ter validade, o decreto deveria passar obrigatoriamente pela casa legislativa.


 

Entrevista do deputado Carlos Jordy sobre a medida (Vídeo: reprodução/YouTube/Os Pingos nos Is)

Usurpação de poder

O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), em entrevista para o programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, destacou que a atitude do Supremo, ao interferir em uma medida estabelecida pelo Congresso.

O parlamentar lembrou do texto da Constituição Federal, artigo 49, inciso 5, que trata da sustação dos atos do Executivo, de competência do Congresso. Além disso, ele alegou que o IOF apresenta desvio de finalidade, pois o IOF é um imposto extrafiscal, ou seja, não possui fins arrecadatórios, cujos fins são somente regulatórios.

Porta-voz reage à Lula depois da entrevista à CNN internacional

Em entrevista à CNN americana nesta quinta-feira (17), Lula disse que não quer ser refém dos Estados Unidos. A declaração do presidente do Brasil repercutiu mal na Casa Branca e a porta-voz, Karoline Leavitt, rebateu o discurso de Luiz Inácio Lula da Silva.

Mais cedo, em entrevista à jornalista Chirstiane Amanpour, da TV CNN Americana, Lula foi o entrevistado e, dentre tantas perguntas, o presidente do Brasil, aproveitou o momento para fazer críticas ao presidente norte-americano. Contudo, a repercussão foi grande na casa Branca e logo depois a porta-voz Karoline Leavitt rebateu o presidente do Brasil.

Na entrevista, Lula foi direto aos movimentos de Trump contra as tarifas impostas ao Brasil e avançou dizendo que não quer que o Brasil fique refém dos Estados Unidos. Entretanto, o presidente avançou com outra fala que não foi bem vista pelos aliados do governo Trump. “Donald Trump não foi eleito para ser o Imperador do mundo”, comentou Lula.

Porta-Voz reage à Lula

Logo após a entrevista de Lula, Karoline Leavitt, porta-voz do Governo, reagiu dizendo que Donald Trump não está querendo ser um imperador do mundo, ele é um presidente forte e líder do mundo livre. “O presidente certamente não está tentando ser o imperador do mundo. Ele é um presidente forte dos Estados Unidos da América e também é o líder do mundo livre. E vimos uma grande mudança em todo o globo devido à liderança firme deste presidente”, salientou a porta-voz.


Lula em entrevista a tv CNN internacional (Foto: Reprodução/Intagram/@camanpour)

Karoline Leavitt prosseguiu em outros assuntos criticando as regulações digitais do Brasil, o chamando de fraca, e citando alguns projetos semelhantes como tolerância do país nas questões do desmatamento ilegal fazendo referência ao exemplo dos Estados Unidos que é bem melhor beneficiando agricultores, pecuaristas e fabricantes de modo geral, vendo o Brasil em desvantagem.

Como começou briga das tarifas

Tudo isso deu início na última quarta-feira, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resolveu taxar o Brasil em 50% nos produtos importados, entendendo que membros do governo, e o STF estão perseguindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Donald Trump no Brasil.

Jair Bolsonaro quer negociar com Trump pelo fim do tarifaço

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (17), em Brasília, que estaria disposto a negociar diretamente com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump para reverter a tarifa de 50% aplicada às exportações brasileiras. Porém, condicionou qualquer negociação à devolução de seu passaporte, atualmente retido pela Polícia Federal, e a um sinal positivo do presidente Lula.

Bolsonaro declarou que “se o Lula sinalizar para mim, eu nego­­ci­o com o Trump”, destacando que, embora Lula seja o ocupante do cargo, a interlocução com Trump não envolve diretamente o atual governo e depende de um gesto que permita o desbloqueio do passaporte, dama necessária para viajar. Segundo o ex-presidente, quem recusar a conversa irá “pagar um preço alto”.

Estratégia política

A oferta de negociar com Trump ocorre em meio à crise provocada pela decisão americana de aumentar à vista a tarifação sobre produtos brasileiros. Bolsonaro argumenta que a devolução do passaporte o habilitaria a entrar nos EUA e a intermediar pessoalmente o diálogo com Trump. Na sua visão, esta “rota diplomática alternativa” poderia evitar consequências econômicas graves para o Brasil.


Tarcísio tentou convencer STF a autorizar Bolsonaro a negociar com Trump (Vídeo: reprodução/YouTube/O POVO)

O ex-presidente também usou a crise como ferramenta política, culpando Lula pela escalada. Segundo Bolsonaro, o presidente atual teria provocado Trump com posicionamentos considerados hostis à administração americana. Durante a coletiva, o ex-chefe do Executivo ressaltou que, sem sua intervenção, o Brasil enfrentaria isolamento econômico, ficando dependente apenas da China como parceiro comercial.

Limites institucionais

O chanceler Mauro Vieira afirmou que todas as negociações em curso referentes à tarifa são conduzidas exclusivamente pelo governo federal, por meio do ministério das Relações Exteriores, da Fazenda e da Indústria. Ele afirmou que não há espaço para iniciativas paralelas de pessoas sem legitimidade institucional, como Bolsonaro, cujo passaporte está retido devido a investigações judiciais.

Para o Itamaraty, o Brasil está pronto para dialogar com os EUA, mas dentro dos canais oficiais e com base em reciprocidade e respeito mútuo. A devolução de libertação de passaporte é avaliada por autoridades como um assunto interno, sem relação direta com as pautas diplomáticas comerciais entre os países.

Motivo das investigações de Trump contra o Pix

Nesta terça-feira (15), o governo dos Estados Unidos anunciou que abrirá investigações comerciais contra o Brasil.

A comunicação de tais investigações foi oficialmente comunicada pelo USTR (Escritório de Representante Comercial dos Estados Unidos) e já havia sido mencionada na carta que Donald Trump enviou ao governo brasileiro na última semana, porém dentre os fatores desta investigação uma se destacou: a apuração de eventuais irregularidades no Pix.

O Pix na mira

Desenvolvido durante o governo de Michel Temer e lançado no governo de Bolsonaro, o Pix acabou muito bem aceito e se tornou muito popular entre os brasileiros.

No documento da USTR consta uma menção indireta ao Pix como sendo um dos motivos para investigação. Segundo o relatório, empresas norte-americanas que são do setor de pagamentos estariam sendo prejudicadas por um “sistema de pagamento” desenvolvido pelo governo brasileiro.

Um trecho deste documento menciona que o Brasil parece ter envolvimento com várias práticas desleais de pagamento eletrônico, mas não diz exatamente que práticas seriam estas.

Segundo a BBC News Brasil, especialistas afirmam que um dos motivos para a inclusão do Pix nas investigações tem a ver com a tentativa de proteção aos interesses das empresas de tecnologias e pagamentos dos EUA, chamadas de big techs, qual os principais diretores desses setores são apoiadores do governo de Donald Trump.


Investigação ao Pix (Vídeo: reprodução/YouTube/CNNbrasil)

A economista e professora da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas São Paulo), Carla Beni, diz que um dos motivos do governo americano se voltar para o Pix tem relação com o setor financeiro das empresas norte-americanas. Segundo ela, como o Pix é um sistema de pagamento gratuito, empresas do setor podem ter se “sentido prejudicadas”. Com o crescimento do Pix, as grandes empresas mundiais de cartão de crédito perderam espaço no mercado e conforme o Pix avança com Pix crédito e Pix parcelado, essas empresas continuarão perdendo. “O governo americano está fazendo uma varredura onde suas empresas podem estar sendo prejudicadas”, completou.

Já para Frederico Glitz, advogado especialista em direito internacional e doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná, o Pix diminuiu a dependência, tanto das empresas de bandeiras de cartões de crédito quanto das big techs, que são empresas majoritariamente americanas, e o resultado foi a ferramenta ter se tornado alvo da investigação.

A investigação é apenas mais um meio dos EUA pressionar o Brasil e dependendo do resultado do fim das investigações, as autoridades norte-americanas poderão até impor mais tarifas ao Brasil ou até mesmo proibir que alguns produtos sejam importados, frisou ele.

Segundo a BBC News Brasil, questionamentos ao USTR e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) foram enviadas, mas não obtiveram respostas de nenhum dos órgãos.

Reações à investigação

Após a inclusão do Pix na investigação do USTR, houve reação nas redes sociais e também no governo do presidente Lula.

Durante uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (16), Rui Costa, ministro da Casa Civil, disse que é inacreditável que Trump esteja preocupado com um meio de pagamento adotado pelo Brasil e que é totalmente aceito pela população, empresas e setor financeiro.

Já o perfil oficial do governo federal postou a seguinte frase: “O Pix é do Brasil e dos brasileiros. Parece que nosso Pix vem causando um ciúme danado lá fora, viu? Tem até carta reclamando da existência do nosso sistema seguro, sigiloso e sem taxas”.

A postagem foi feita na rede social X, antigo Twitter.

Lula se pronuncia sobre tarifas de Trump e defende a soberania brasileira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou na quarta-feira um pronunciamento no Palácio da Alvorada para ser exibido em cadeia nacional de rádio e televisão na quinta (17). A mensagem tem como foco principal a defesa da soberania nacional, em resposta à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A Secretaria de Comunicação Social do governo vinha avaliando, desde a semana anterior, a necessidade de uma manifestação oficial face à nova medida que passa a valer a partir de 1º de agosto.

Inicialmente, declarações coletivas dadas por Lula em entrevistas foram consideradas pelo governo como suficientes para responder ao posicionamento norte-americano. No entanto, uma investigação comercial iniciada pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA mudou o rumo da estratégia, levando o Planalto a optar por um pronunciamento nacional com maior alcance.

Investigação americana gera reação

O pronunciamento ocorre após o USTR, agência responsável pelas políticas comerciais dos Estados Unidos, anunciar a abertura de investigação contra o Brasil. Segundo o órgão, práticas brasileiras como o uso extensivo do Pix e o comércio informal na Rua 25 de Março poderiam ser consideradas desleais ou prejudiciais a empresas americanas. Com isso, o governo federal compreendeu que apenas declarações pontuais não seriam suficientes e decidiu ampliar a mensagem para enfatizar proteção da soberania nacional.


Lula grava pronunciamento em rede nacional sobre tarifaço (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Reforço da defesa nacional

No pronunciamento, Lula prometeu defender as exportações brasileiras e o direito do país de adotar políticas econômicas que promovam o desenvolvimento. Ele deixou claro que qualquer medida que ameace a economia nacional encontrará reação por parte do governo, mas sinalizou que a resposta terá caráter diplomático, por meio de negociações em instâncias internacionais.

O discurso ainda busca reforçar um mote que o governo tem enfatizado nos últimos meses: soberania nacional. Ao reforçar essa narrativa, Lula tenta consolidar apoio interno e projetar uma imagem de resistência diante de pressões externas, mirando tanto o público nacional quanto interlocutores internacionais. A mensagem será o primeiro pronunciamento neste formato desde o início de julho e representa uma tentativa do governo de centralizar sua estratégia de comunicação.

Lula veta projeto para aumentar número de deputados

Na manhã desta quinta-feira(17) foi publicado no Diário Oficial da União o veto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o projeto que aumenta o número de deputados.

A proposta tem com objetivo aumentar número de deputados dos atuais 513 para 531 a partir das eleições de 2026 e tem recebido críticas da população.

Proposta vai contra decisão do STF

A proposta partiu de uma decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou a readequação das cadeiras do Congresso com base nos dados do censo realizado em 2022.

A decisão do STF visava uma redistribuição das 513 vagas na Câmara dos Deputados para estados que aumentaram o número de moradores, como Amazonas, Santa Catarina, Goiás e Pará. Além disso, diminuiria vagas de estados com perda populacional como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Piauí.

Porém, o Congresso decidiu por aumentar o número de cadeiras ao invés de fazer a redistribuição amparado na decisão do STF e chegou ao número de 531 deputados.

População reprova projeto

Apesar do interesse dos deputados no aumento de cadeiras no Congresso, segundo pesquisa realizada pela Quaest divulgada ontem(16), 85% da população brasileira é contra a ampliação do número de deputados.

Um dos fatores para a população ir contra é o efeito direto no orçamento, com o qual pode aumentar em R$ 150 milhões os gastos do governo com o parlamento.




Aumento de cadeiras na Câmara deve ter impacto em todas as esferas (Foto: Divulgação/Site/Câmara dos Deputados)

Outro fator que implica na medida ser impopular é o efeito cascata que pode causar com o aumento de cadeiras em âmbito federal também chegar ao âmbito estadual e municipal fazendo com que as câmaras regionais, aumentasse o número de deputados e vereadores nos próximos pleitos aumentando os gastos dos estados e municípios fazendo com que aumente mais o custo de manter os congressos com mais políticos no cargo.

Veto será analisado pelo Congresso

Com toda essa polêmica, o veto ainda será analisado pelo Congresso, que pode manter ou derrubar a decisão.

Segundo analistas, a expectativa é de que o Congresso derrube o veto do presidente e o projeto passe a valer já para o pleito de 2026, aumentando os gastos do governo.

No entanto, mesmo baseado em decisão do Supremo, o Governo Federal pode tentar recurso na corte para que o atual número de cadeiras seja mantido, fazendo apenas a readequação aprovada pelos magistrados em 2023.

Aprovação do governo Lula melhora segundo pesquisa Quaest

A avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido um tema em análise no cenário político. Recentes dados divulgados pela pesquisa Quaest mostram uma oscilação nos índices, indicando uma melhora na percepção pública, mesmo que a desaprovação ainda supere a aprovação. Vamos entender em detalhes o que esses números revelam.

A pesquisa Quaest, encomendada pela Genial Investimentos e realizada entre os dias 10 e 14 de julho com 2.004 pessoas em todo o Brasil, apontou que a desaprovação ao governo Lula caiu 4 pontos percentuais, ficando em 53%. Paralelamente, a aprovação da gestão do presidente subiu para 43%. Essa variação, dentro da margem de erro de 2 pontos para mais ou para menos, é um ponto-chave na análise.

No levantamento anterior, em junho, a desaprovação havia atingido um recorde de 57%, estando a aprovação em 40%, resultando em uma diferença de 17 pontos. Agora, essa diferença caiu para 10 pontos, sendo a menor desde janeiro, quando aprovação e desaprovação estavam em empate técnico.

Em quais segmentos da população a avaliação melhorou

A mais recente pesquisa indica uma notável mudança na avaliação do governo Lula, com a Região Sudeste vendo a diferença entre desaprovação e aprovação cair pela metade, de 32 para 16 pontos, enquanto o Nordeste permanece com a maior aprovação (53%) e as regiões Sul, Centro-Oeste e Norte mantêm maior desaprovação.

Entre aqueles com ensino superior completo, a aprovação subiu 12 pontos e a desaprovação caiu 11, reduzindo a diferença de 31 para apenas 7 pontos; já a faixa etária de 35 a 59 anos viu a diferença entre avaliações cair de 21 para 8 pontos, aproximando-se de um empate técnico, diferentemente de idosos (60+) e jovens (16-34), com os mais jovens ainda apresentando maior desaprovação.

A renda familiar também mostrou mudanças, com a diferença diminuindo para famílias de 2 a 5 salários mínimos, um empate técnico entre os mais pobres (até 2 salários), e maior desaprovação entre os mais ricos (acima de 5 salários); as mulheres agora registram um empate técnico na avaliação, ao contrário de junho, quando eram o grupo com maior desaprovação, enquanto os homens continuam com maior desaprovação.

Na religião, católicos retornaram a um empate técnico, mas evangélicos mantêm alta desaprovação; e os beneficiários do Bolsa Família também atingiram um empate técnico na avaliação, ao passo que aqueles que não recebem o benefício persiste com maior desaprovação, mantendo-se a alta aprovação entre eleitores de Lula em 2022 e a alta desaprovação entre eleitores de Jair Bolsonaro.


Aprovação do presidente Lula tem viés de alta após tarifaço (Foto: reprodução/Ton Molina/Getty Images Embed)

De acordo com Felipe Nunes, diretor da Quaest, “A recuperação do governo aconteceu entre quem é de classe média, que tem alta escolaridade, no Sudeste. São os segmentos mais informados da população, que se percebem mais prejudicados pelas tarifas de Trump, e que consideram que Lula está agindo de forma correta até aqui, por isso passam a apoiar o governo”, explicou Nunes.

Tarifaço e impostos

A pesquisa também abordou a percepção dos brasileiros sobre temas de relevância nacional e internacional. Dados apontaram uma forte desaprovação dos brasileiros ao “tarifaço” imposto por Donald Trump, com 72% acreditando que o ex-presidente dos EUA está errado ao taxar produtos brasileiros e 79% temendo que a medida prejudique suas vidas ou as de suas famílias.

No cenário doméstico, embora 53% dos entrevistados discordem de um discurso que “coloca ricos contra pobres”, há um notável apoio a políticas de redistribuição de renda, com 63% defendendo que o governo aumente impostos dos mais ricos para diminuir os dos mais pobres, evidenciando uma dicotomia entre a rejeição à polarização e o apoio à justiça tributária.

A pesquisa também mostra que a avaliação geral do governo é majoritariamente negativa (40%), a percepção econômica é pessimista, com 46% achando que piorou nos últimos 12 meses e 43% esperando que piore nos próximos 12 meses. E o conflito entre Congresso e Executivo é visto como prejudicial por 79% dos brasileiros.

Em resumo, a mais recente pesquisa da Quaest, renomada empresa brasileira de pesquisa e consultoria, revela que o governo Lula conseguiu reverter, em parte, a tendência de queda em sua aprovação. Os dados mostram avanços significativos em segmentos importantes da população e regiões-chave do país. No entanto, o levantamento também aponta que o desafio de superar a desaprovação ainda é considerável, com a percepção econômica e os conflitos políticos mantendo-se como pontos de atenção para a gestão.