Moraes nega pedido de anulação de delação premiada de Mauro Cid

Ministro classifica o pedido como ‘absolutamente inadequado’ já que a delação é peça crucial na investigação sobre suposta trama golpista envolvendo Bolsonaro

17 jun, 2025
Ministro Alexandre de Moraes e o ex-presidente Jair Bolsonaro | Reprodução/Bloomberg/EVARISTO SA/Getty Images Embed |
Ministro Alexandre de Moraes e o ex-presidente Jair Bolsonaro | Reprodução/Bloomberg/EVARISTO SA/Getty Images Embed |

Nesta terça-feira (17), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido da defesa do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, para anulação do acordo de colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. A delação premiada de Cid continua sendo peça-chave por parte do ministro nas investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

A base do pedido e a decisão de Moraes

A defesa de Jair Bolsonaro tentou anular a delação de Mauro Cid após reportagem divulgada pela Revista Veja, que levantou dúvidas sobre a conduta de Cid e a validade do acordo. Primeiro, foi noticiado que Cid usou um perfil anônimo no Instagram para comentar sobre os detalhes de sua própria delação e criticar os investigadores, o que seria uma violação do sigilo do acordo.

Além disso, áudios atribuídos a Cid foram divulgados, nos quais ele desabafava sobre ter “perdido tudo”, enquanto Bolsonaro, segundo ele, teria “ganho milhões em Pix”. Esses áudios levaram a defesa a questionar se a delação foi feita de forma voluntária ou se Cid estava realmente conforme os termos, levantando suspeitas sobre a sua validade.

Contudo, Alexandre de Moraes classificou o pedido como “absolutamente inadequado” e “protelatório” e negou a solicitação. A decisão do ministro mantém as provas já produzidas pelos depoimentos de Cid como elementos válidos na ação penal.


Tenente-Coronel do Exército Brasileiro Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto/reprodução: /EVARISTO SA/Getty Images Embed)

Lembre os detalhes da delação de Mauro Cid

A colaboração de Mauro Cid trouxe à tona uma série de revelações. O ex-ajudante de ordens detalhou a elaboração de uma “minuta do golpe”, um decreto que visava anular o resultado eleitoral e instaurar um estado de defesa no país. Cid afirmou que Bolsonaro participou ativamente da edição desse documento e que todas as suas ações foram cumprindo ordens diretas do ex-presidente.

Além disso, a delação apontou para reuniões de Bolsonaro com chefes das Forças Armadas para discutir o plano golpista e até mesmo um pedido de monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, que era chamado de “professora” nas comunicações internas.

Cid também abordou o financiamento da trama, mencionando o repasse de dinheiro por Walter Braga Netto, e forneceu informações sobre um suposto “gabinete do ódio” no Palácio do Planalto, comandado por Carlos Bolsonaro, dedicado à desinformação na internet. A delação também expôs outros crimes, como a falsificação de cartões de vacinação da Covid-19 e a venda de joias e presentes oficiais no exterior.

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