Derrite recua e apresenta novo texto antifacção sem alterar Lei Antiterrorismo

O deputado Guilherme Derrite (PP-SP) apresentou uma nova versão do projeto antifacção, que integra o pacote de medidas do governo federal para o enfrentamento ao crime organizado. O novo parecer, divulgado nesta terça-feira (11), representa um recuo estratégico em relação às versões anteriores. Derrite, que é da oposição, decidiu retirar trechos polêmicos que mexiam na Lei Antiterrorismo (Lei 13.260/2016) e nas atribuições da Polícia Federal (PF), temas que vinham gerando forte resistência entre governistas e integrantes da corporação.

Nos bastidores, a principal crítica do Palácio do Planalto era que o relator buscava equiparar facções criminosas a grupos terroristas, o que poderia causar problemas diplomáticos e jurídicos. A equiparação levantava temores de interferência externa e de insegurança jurídica no tratamento penal dos casos. Além disso, a Polícia Federal considerava que as mudanças propostas ameaçavam sua autonomia, uma vez que poderiam deslocar competências hoje exclusivas da instituição.

Com a terceira versão do parecer, Derrite busca garantir apoio majoritário para votação em plenário. O projeto tramita em regime de urgência constitucional, o que significa que deve ser votado rapidamente. A expectativa é que o texto seja analisado pelos deputados nesta quarta-feira (12). Caso aprovado, seguirá para o Senado Federal ainda neste mês.

Lei Antiterrorismo e autonomia da PF permanecem inalteradas

Ao recuar das propostas mais controversas, o relator reafirmou que o combate às facções criminosas deve ser tratado de forma autônoma, sem confundir os conceitos jurídicos de terrorismo e crime organizado. Em seu parecer, Derrite destacou que unir os dois fenômenos poderia gerar insegurança jurídica e abrir espaço para questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF). Assim, o texto mantém a distinção original da Lei Antiterrorismo, sem ampliar definições, penas ou hipóteses já previstas.

Outro ponto de tensão resolvido foi a tentativa de ampliar o papel da Polícia Federal em investigações estaduais sob o argumento de proteção da soberania nacional. O relator retirou esses trechos e preservou a divisão constitucional de competências entre as forças de segurança. Dessa forma, a PF continua responsável por crimes federais, enquanto as polícias civis e militares permanecem encarregadas das investigações e operações nos estados.



Segundo Derrite, o foco do novo texto é “fortalecer o combate ao crime organizado sem comprometer as estruturas já consolidadas do Estado brasileiro”. A ideia é criar um marco legal próprio que permita endurecer penas, aprimorar investigações e atacar as bases financeiras das facções, sem alterar a legislação antiterrorismo ou os marcos da segurança pública nacional.

Penas mais duras e nova estrutura de combate ao crime organizado

O parecer traz medidas robustas para conter a atuação de facções em todo o país. Entre as principais mudanças estão a criação de novos tipos penais, com penas que podem chegar a 40 anos de prisão, e o enquadramento desses crimes como hediondos, o que dificulta progressões e benefícios legais. O texto também prevê percentuais mais rígidos para progressão de pena — podendo chegar a 85% — e reforça o bloqueio de bens, criptoativos e contas bancárias ligados a organizações criminosas.

Além disso, o projeto autoriza cooperação entre órgãos como Banco Central, COAF, Receita Federal, CVM e SUSEP, ampliando o alcance da fiscalização financeira. O texto prevê ainda a criação de uma ação civil de perdimento de bens, permitindo o confisco de valores incompatíveis com a renda declarada, inclusive no exterior.

Outra inovação é o Banco Nacional de Organizações Criminosas, que reunirá informações sobre integrantes, financiadores e empresas vinculadas às facções. Essa base de dados será integrada ao Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) e servirá de referência para repasses federais. O novo texto também prevê monitoramento audiovisual de visitas a presos e determina o envio obrigatório de lideranças criminosas para presídios federais de segurança máxima.

Com o recuo sobre pontos sensíveis e a inclusão de medidas mais pragmáticas, o parecer de Derrite tenta alinhar a pauta de segurança pública à necessidade de consenso político, sem romper com marcos legais consolidados.

Câmara aprova projeto que dificulta aborto para vítimas de violência sexual

Na noite desta quarta-feira(05), a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que suspende uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente(Conanda) que prevê facilidades para aborto legal em caso de abuso sexual contra crianças praticados por membros da família do menor.

A aprovação foi impulsionada por votação unânime do PL e do Centrão que chegaram a 317 votos contra 111 votos de partidos governistas. O escrutínio teve 83 ausências.

Conanda prevê autorização para aborto legal mesmo com divergência

A resolução do Conanda que prevê o acesso ao aborto legal sem a necessidade de um boletim de ocorrência policial, autorização dos responsáveis ou decisão judicial positiva em casos de violência sexual dentro da família da vítima.

O Conanda ainda prevê que em caso de divergência entre os responsáveis/genitores e a vontade da criança, os profissionais de saúde devem acionar o Ministério Público ou a Defensoria Pública para garantir o direito ao aborto legal a menor de idade que quiser o direito.

Além disso, a resolução prevê que médicos não podem se recusar a fazer o aborto legal nestes casos, classificando essa conduta como conduta discriminatória por desconfiar da palavra da vítima do abuso.


PDL suspende regulação do Conanda (Vídeo: Reprodução/YouTube/ UOL Brasil)


Atualmente no Brasil, o aborto legal é previsto em casos de violência sexual, risco de vida para gestantes e quando o feto é anencéfalo.

Oposição afirma que projeto corrige erros da resolução

Apesar de enfrentar críticas da base governista, a oposição encabeçada pelo PL defende que o projeto apenas corrige as diretrizes do Conanda conforme o Código Penal e não dificulta o direito ao aborto legal.

Os principais pontos atacados pela oposição foram a falta de necessidade de autorização dos responsáveis ou genitores para a realização do aborto legal, o que é previsto no Código Penal, e também a não possibilidade de recusa do médico em fazer o procedimento, o que para os deputados oposicionistas ataca frontalmente a objeção de consciência, que é considerado um direito médico.

Além desses pontos, o relator do caso, o deputado Luiz Gastão(PSD-CE) criticou a falta de tempo limite para o aborto legal, afirmando que em vários lugares onde esse direito é amplo, como no Reino Unido e França, existe um limite de tempo para que o procedimento médico seja realizado e que com o avanço dos tratamentos de UTI Neonatal, um bebê nascido com 24 semanas de gestão tem grandes chances de sobreviver.

Base governista acusa oposição de politizar o tema

A principal crítica da base governista foi pela politização de uma pauta que é considerada um direito civil. Para a deputada Jandira Feghali(PCdoB-RJ), é um debate ideológico contra um direito previsto em lei. Além disso, ela defendeu que em muitos casos o responsável pode não autorizar o aborto legal por se tratar de ser a pessoa que cometeu o crime.

O secretário da Primeira Infância, Adolescência e Juventude da Câmara, o deputado José Airton Félix Cirilo(PT-CE) também critica a politização do tema e afirma que a resolução busca proteger as crianças vítimas de violência sexual.



O Governo Federal, por meio de nota assinada pelo Ministério das Mulheres, se pronunciou contra a aprovação do projeto, afirmando que a resolução do Conanda é uma resposta a um cenário alarmante no Brasil.

Além disso, o Ministério mostrou que entre 2013 e 2023 o Brasil registrou mais de 232 mil nascimentos com mães com menos de 14 anos, idade inferior à idade de consentimento previsto em lei. A nota do ministério também afirmou que a gestação forçada é a maior causa de evasão escolar feminina e que em média morre uma menina por ano em decorrência do parto forçado.

A deputada Erika Hilton(PSOL-SP) afirmou que o Projeto de Decreto Legislativo impede que meninas vítimas de violência sexual não sejam informadas sobre seu direito ao aborto legal e que impeça o Governo Federal de fazer campanhas contra o casamento infantil, entre uma criança e um adulto, chamando o projeto de PDL da Pedofilia.

A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) afirmou durante debate sobre a PDL que as leis do minuto seguinte e da escuta protegida já excluem a necessidade de um Boletim de Ocorrência e que a resolução do Conanda não inova neste aspecto.

Câmara dos Deputados aprova licença menstrual  

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça (28) o projeto que permite que trabalhadoras se afastem, sem prejuízo salarial, por condições relacionadas ao período menstrual. O texto ainda seguirá para a aprovação no Senado e após precisará ser sancionada pelo presidente Lula. A licença terá como limite de dois dias por mês e terá que ter uma comprovação médica.

Licença menstrual

A licença como regra valerá para funcionárias com carteira assinada do setor privado, estagiárias e empregadas domésticas e poderá ser de até 2 dias consecutivos por mês. Ainda, será preciso apresentar um laudo médico que comprove as “condições clínicas decorrentes de sintomas debilitantes associados ao ciclo menstrual que impeçam, temporariamente, o exercício da atividade profissional”, ou seja, o afastamento só será possível em casos que impeçam a mulher de trabalhar. O Governo Federal será o responsável por decidir os critérios para a comprovação médica.

A deputada Marcivania (PCdoB – AP), relatora do projeto, confirmou que o texto não cria um privilégio e que a proposta reconhece que as trabalhadoras têm dificuldades para desempenhar suas funções devido a cólicas, enxaquecas ou fadiga gerada pelo ciclo menstrual. Ela também ressaltou que essa medida é a forma de assegurar a igualdade de gênero entre homens e mulheres além da prevenção da saúde ocupacional da mulher.“A presença forçada no ambiente de trabalho, em tais condições, pode implicar queda de produtividade, aumento de erros e até risco de acidentes.”, completou a deputada.

O texto aprovado é a versão de um projeto de Lei da deputada Jandira Feghali (PCdoB – RJ) com textos anexados por Marcivania e sugestões das comissões de Defesa dos Direitos da Mulher e de Administração e Serviço Público. A maior mudança no texto original foi a redução do período da licença, que era de até três dias consecutivos.


Sintomas de cólica, enxaquecas e fadiga causada pelo ciclo menstrual (Foto: reprodução/JulPo/Getty Images Embed)

Outros projetos aprovados

Outro projeto, também aprovado nesta terça, foi o que determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) aumente sua oferta de exames de mamografia para a detecção de câncer de mama. Este projeto prevê que a rede pública deve adotar medidas para aumentar a oferta de mamografia e estabelece que nas cidades com 180 mil habitantes ou mais deverá ter, no mínimo, um mamógrafo para os exames serem feitos.

Também foi aprovada a proposta que diz que o SUS deve reduzir o tempo de espera dos exames preventivos para o câncer de mama. O texto ainda garante que a rede pública deve oferecer exames genéticos para a detecção da doença.

Governo deseja tornar “Pé-de-Meia” permanente

O governo Lula deseja incluir no texto da PL (Projeto de Lei) do Metanol, que torna crime hediondo a adulteração e falsificação de bebidas, um dispositivo para incluir o programa de Pé-de-Meia no orçamento anual da Educação e torná-lo permanente. Com a manobra, o programa seria transformado em uma bolsa, eliminando assim, seu teto de R$ 20 bilhões em ano eleitoral.

Um ”jabuti” necessário

Cotado como um dos destaques da atual administração, o Programa Pé-de-Meia (instituído pela Lei nº 14.818/2024) seria na prática, incluído como uma das medidas fiscais infiltradas (chamadas popularmente de ”jabuti) no projeto de Lei 2307/2007, conhecido como ”PL do Metanol”, o relator é o deputado Kiko Celeguim (PT-SP).

No princípio, a medida se encontrava prevista na MP (medida provisória) 1303, que possuía alternativas ao comento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), a MP, no entanto, foi excluída de pauta no plenário da Câmara dos Deputados e então perdeu a validade no dia 8 de outubro, representando uma derrota para o governo e produzindo impacto fiscal de R$ 30 bilhões em 2026.

Com o ajuste da execução orçamentária do Pé-de-Meia, o governo regulariza uma de suas principais pendências com o TCU (Tribunal de Contas da União). A alteração atende a uma exigência realizada pelo tribunal, que, em janeiro, chegou a bloquear recursos destinados ao programa por via de uma medida cautelar. O programa é operado parcialmente fora do Orçamento da União.

A expectativa é de que o texto seja votado ainda nesta semana. durante a semana de esforço concentrado de votações da Câmara.


Para mais informações sobre o programa, consulte o site do Governo Federal (Foto: reprodução/X/@PTnaCamara)

A importância do Pé-de-Meia

O Pé-De-Meia é um programa que se propõe a ser um incentivo financeiro visado para estudantes do ensino médio da rede pública, jovens esses inscritos com suas famílias no Cadastro Único de programas sociais, com o objetivo de reduzir a evasão escolar e garantir a permanência dos alunos na escola. O programa atende grupos familiares com renda de até meio salário mínimo (ou R$ 760) por pessoa.

Mensalmente, cada aluno recebe R$ 200, e cumprindo a frequência, receberia um extra de R$ 1.000 em uma poupança equivalente por cada ano cursado. O programa ainda dá um valor adicional de de R$ 200 pela participação no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Câmara aprova projeto para bagagem de mão gratuita em voos

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (21) a tramitação em regime de urgência de um projeto que proíbe as companhias aéreas de cobrarem pela bagagem de mão. A proposta assegura ao passageiro o direito de levar gratuitamente uma mala de cabine e um item pessoal, como bolsa ou mochila, respeitando os limites de peso e dimensões definidos pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Com a urgência aprovada, o texto poderá ser votado diretamente no plenário nos próximos dias.

Abuso nas alturas

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou a cobrança pela mala de mão como um exagero das companhias aéreas.

Querer cobrar também pela bagagem de mão é algo que esta Casa não irá concordar, e esse projeto garante que cada passageiro tem o direito de levar sua bagagem de mão”, afirmou.


Presidente da Câmera dos Deputados envia recado para companhias aéreas (Foto: reprodução/Instagram/@hugomottapb)

A medida foi apresentada após empresas como Gol e Latam anunciarem novas tarifas que restringem o transporte gratuito de bagagens de cabine, sob o argumento de oferecer passagens mais baratas. Deputados, no entanto, afirmam que a promessa de redução nos preços não se concretizou desde 2017, quando começou a cobrança pelo despacho de malas. A companhia aérea, Azul, não fez nenhum tipo de alteração em seus voos, mantendo incluída a bagagem de mão, tanto nos voos domésticos como nos internacionais.

Equilíbrio entre regras e direitos

A Anac informou que elabora estudos técnicos para propor uma “regulação equilibrada, preservando tanto o direito dos passageiros quanto a competitividade das companhias aéreas”, segundo o presidente da agência, Tiago Faierstein.


Câmara dos Deputados divulga pautas do Plenário para esta quarta-feira (Foto: reprodução/Instagram/@camaradeputados)

Já a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) notificou as companhias que criaram tarifas sem bagagem de mão e pediu esclarecimentos sobre a transparência dessas ofertas. O governo e o Congresso defendem que o transporte de itens básicos sem custo adicional é um direito essencial do passageiro. Se o projeto for aprovado no plenário, as empresas que operam no Brasil — nacionais e estrangeiras — terão que retomar a gratuidade da bagagem de mão, reforçando a proteção ao consumidor contra cobranças consideradas abusivas.

Senado do Uruguai aprova projeto que legaliza a Eutanásia

Na noite desta quarta-feira(15), o Senado do Uruguai aprovou por ampla maioria o projeto de lei que legaliza a eutanásia no país. Ao todo, o projeto teve 20 votos dos 31 possíveis para a aprovação.

A aprovação no Senado acompanha a Câmara dos Deputados que também aprovou por ampla maioria a descriminalização da morte assistida com 64 votos favoráveis.

Projeto permite eutanásia a pedido do paciente

Segundo o projeto de lei, adultos mentalmente competentes que sofrem de doenças terminais, incuráveis ou degenerativas podem pedir de forma expressa a morte assistida, sem contar com a interferência de familiares ou terceiros na decisão.

O projeto ainda prevê que em caso de discordância entre dois médicos sobre o caso, uma junta médica pode tomar a decisão de conceder ou não a morte assistida mediante o caso de cada paciente.


Momento da aprovação da lei de eutanásia no Senado Uruguaio (Vídeo: reprodução/X/@eixopolitico)

Caso o presidente Yamandú Orsi sancione o projeto de lei, o Uruguai irá se tornar o quarto país da América Latina a permitir a eutanásia em seu território e será o primeiro país latino a ter uma regulamentação sobre o tema, já que Colômbia, Equador e Cuba aprovaram a morte assistida, mas sem uma legislação específica. Outros países como Canadá, Espanha e Nova Zelândia já garantem a morte assistida em lei.

Além disso, a decisão destaca novamente o pioneirismo uruguaio em temas sociais e polêmicos no país. No país já são legalizados o casamento entre pessoas do mesmo sexo, aborto e o uso recreativo da maconha.

Discussão por eutanásia ganhou forma em 2019

As discussões sobre a descriminalização da morte assistida no Uruguai começaram em 2019 após Fernando Sureda, ex-presidente da Associação Uruguaia de Futebol, ser diagnosticado com Esclerosa Lateral Amiotrófica, que compromete os neurônios motores e leva a perda gradual da fala, da locomoção, da capacidade de engolir e até de respirar.

Na ocasião, Sureda defendeu publicamente seu direito de morrer e afirmou que queria passar pela morte assistida e escolher o momento de sua morte e se quer passar ou não pelo sofrimento da doença.

Desde então, o tema tem avançado politicamente no país e tem tido discussões acaloradas com argumentos contrários ou favoráveis a eutanásia. 

Pedido de prisão de Eduardo Bolsonaro é rejeitado pela PGR

Deputados da oposição pediram a prisão preventiva do Deputado Federal Eduardo Bolsonaro mas tiveram o pedido negado, nesta terça-feira (14), pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.

O documento apresentado pelos opositores destacou que apenas o Ministério Público ou a polícia judiciária  podem cumprir o artigo 311 do Código de Processo Penal para execução de prisão do parlamentar. Sendo assim, os deputados não têm autoridade formal para propor o pedido que havia sido encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação que envolve Eduardo e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Eduardo Bolsonaro é alvo de investigações

Eduardo Bolsonaro é alvo de investigações do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados após estar afastado de seu cargo desde o começo do ano, devido a viagens.

O parlamentar pediu licença do mandato em fevereiro de 2025 e viajou para os EUA. Em terras americanas, ele teria coagido e ajudado o presidente americano, Donald Trump, a impor tarifas comerciais que prejudicam diretamente o Brasil, em uma tentativa para tentar livrar seu pai, Jair Bolsonaro, da condenação em um processo pela tentativa de golpe de Estado.


 

PGR descarta prisão preventiva de Eduardo Bolsonaro a pedido de deputados (Vídeo: reprodução/ Youtube/ CNNBrasil)

Pedido de prisão negado

O pedido de prisão foi negado pela procuradoria-geral da Repúplica, mas Paulo Gonet destacou que o tema já está sendo apurado na Câmara dos Deputados.

O caso segue para a Câmara dos Deputados e se for aprovado segue para o STF.

Os deputados opositores de Eduardo Bolsonaro pediram além de sua prisão, o bloqueio do salário do parlamentar e das verbas parlamentares, já que Eduardo Bolsonaro não se encontra no Brasil e não teve autorização para atuar como deputado federal à distância.

A decisão final será dada pelo ministro relator do caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, Alexandre de Moraes, ele que decidirá se irá aceitar ou não os pedidos feitos pelos deputados.

 

Câmara dos Deputados aprova ampliação de isenção de Imposto de Renda

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira(01) a proposta que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais por mês em votação unânime.

O novo modelo substitui o modelo ainda em vigor que não tem valor fixo e é cobrado conforme o aumento da renda. Atualmente, a faixa se encontra na casa de 3 mil reais.

Objetivo da proposta é a justiça social

O projeto chegou ao Congresso através do Governo Federal e o principal objetivo era acabar com as distorções que existem dentro da cobrança do Imposto de Renda.

Ao todo, pelo cálculo da Câmara, mais de 17 milhões de declarantes vão receber a isenção nos moldes atuais e mais de nove milhões de pessoas serão contempladas no novo projeto caso ele seja aprovado pelo Senado e sancionado pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva.


Projeto tem mudanças além da isenção (Vídeo: Reprodução/YouTube/Band Jornalismo)

Para o presidente da Câmara, o deputado Hugo Motta, o projeto garante justiça social para o Brasil e também mais dinheiro no bolso do trabalhador, fazendo com que esse dinheiro da isenção volte para a economia em forma de consumo.

Além das isenções já previstas para a população, fundos soberanos, pessoas que trabalham em cartório e entidades no exterior que administram bens previdenciários estarão isentas do IR. A isenção se estende para governos estrangeiros apenas em caso de reciprocidade entre o governo brasileiro e o estrangeiro.

Projeto da Câmara vai concorrer com outro existente no Senado

Após a aprovação, o projeto vai para o Senado, onde será discutido nas comissões, mas não vai tramitar sozinho.

Em paralelo, foi resgatado na Casa o projeto de 2019 do senador Renan Calheiros para novas regras de isenção do Imposto de Renda. O projeto do Senado tem teor parecido com o projeto advindo da Câmara.

O projeto foi resgatado por conta da demora da Câmara em aprovar o novo IR. Atualmente, o projeto de Calheiros foi aprovado em caráter terminativo, que é quando não precisa passar pelo plenário, e precisa passar pelo parecer dos Deputados para seguir para sanção do presidente.

Isenção do IR é discutida logo após PECs polêmicas

A aprovação em plenário das novas isenções do Imposto de Renda vem logo após um mês de setembro com polêmicas envolvendo a Câmara dos Deputados, que foi duramente criticada pela população, que chegou a afirmar que a atual legislatura é a pior da história da casa.

A maior dessas foi a PEC da Blindagem, que tinha como objetivo um deputado ser apenas responsabilizado por um crime se a Casa Legislativa aprovasse em votação secreta. Apesar da aprovação na Câmara, o Senado considerou inconstitucional por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça e arquivou a PEC.


PEC da Blindagem foi arquivada após parecer contrário da CCJ (Vídeo: Reprodução/YouTube/UOL)

Outro PEC que foi discutida foi a da anistia. Essa PEC previa anistia a pessoas presas por atos golpistas que culminaram no vandalismo do oito de janeiro de 2023. Este projeto teve sua urgência aprovada, mas a relatoria já fez mudanças no projeto e ele passou a se chamar PEC da Dosimetria tendo como objetivo reduzir penas pelos mesmos atos.

Para o presidente da Câmara, a votação a favor do projeto de todos os 493 deputados presentes na votação é um sinal para a população de que a Câmara luta em favor do povo e com articulação e liderança projetos feitos para melhorar a vida do povo são prioridade para os deputados.

Lula afirma que PEC da Blindagem é uma vergonha nacional

Após o segundo dia de Assembleia Geral da ONU nesta quarta-feira(24), o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a PEC da Blindagem ser arquivada pelo Senado era um destino previsível para o projeto.

Para o presidente, a PEC é um equívoco histórico e passa um sinal ruim para a sociedade brasileira e que a única proteção contra uma investigação é não fazer coisas erradas.

Lula afirma que deputados queriam se proteger

Ainda na declaração, o presidente afirmou que a PEC da Blindagem era uma forma dos deputados se protegerem entre si, dificultando investigações e sanções judiciais.

O projeto previa que a abertura de qualquer processo criminal contra um parlamentar deveria ser aprovado pela Câmara caso fosse contra um deputado ou pelo Senado caso o processo fosse um senador. Para aprovar a investigação, o Congresso faria uma votação secreta.


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Lula durante discurso na ONU (Foto: Reprodução/Michel M. Santiago/Getty Images Embed)

Além disso, a PEC também aumentava o foro privilegiado para os presidentes dos partidos, presente no Congresso Nacional com a mesma votação secreta que também se estende para prisões em flagrantes dos parlamentares.

Lula finalizou sua declaração chamando a PEC da Blindagem de vergonha nacional e que o destino dela era desaparecer e isso foi cumprido.

PEC da Blindagem foi arquivada por unanimidade

Ainda ontem(24), o presidente do Senado Davi Alcolumbre arquivou durante a sessão da casa a PEC da Blindagem. Ao abrir a declaração de arquivamento do projeto, Alcolumbre afirmou não ter nada a esclarecer sobre a PEC e que o arquivamento se dá pela unanimidade pelo projeto ser reconhecido como inconstitucional e pelo mérito de sua rejeição na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. 

O arquivamento não cabe recurso e não será submetido a votações de qualquer tipo em plenário.


Senador Alessandro Vieira, relator da PEC da Blindagem, fala sobre a PEC (Vídeo: Reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Para Davi Alcolumbre, o arquivamento da PEC cumpriu todas as regras do regimento do Senado com rapidez, coragem, altivez e serenidade na CCJ. O presidente ainda falou que foi muito importante uma resposta célere a esta questão que mobilizou a população.

Oposição teme que PEC da Dosimetria tenha o mesmo destino

O que mais chamou a atenção na votação na Comissão de Constituição e Justiça do Senado foi a unanimidade entre senadores tanto do governo quanto da oposição em um tema que pelo menos na Câmara teve uma maioria considerada ampla.

A votação gerou uma preocupação entre deputados da oposição sobre a PEC da Dosimetria, como passou a ser chamada após a relatoria ser entregue ao deputado Paulinho da Força.

De acordo com interlocutores, a base oposicionista tem tentado costurar um acordo para que a PEC tenha votação semelhante nas duas casas, porém a votação da PEC da Blindagem na CCJ do Senado e o avanço da proposta de aumento na isenção da declaração de Imposto de renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil tem chamado a atenção, principalmente porque a segunda é uma das maiores bandeiras do PT no Congresso Nacional. O partido, no entanto, segue irredutível a PEC da Dosimetria

Com isso, a oposição busca travar a votação em plenário da isenção para só ser votada quando for votada a PEC da Dosimetria, antigamente chamada de PEC da Anistia.

Câmara dos deputados aprova pedido de urgência de projeto de anistia

Na noite de quarta-feira(17), a Câmara dos Deputados aprovou a urgência do projeto de anistia para os envolvidos em atos golpistas desde 2022 que culminaram nos atos  de 8 de janeiro de 2023. Por 311 votos a favor a 163 votos contrários, o projeto não vai precisar pelas comissões internas da Câmara e vai direto para plenário para discussão e votação. 

Oposição votou em peso pela urgência

O projeto de anistia é uma grande bandeira da oposição, que já defendeu diversas teses para defender quem atuou nos atos golpistas de oito de janeiro de 2023 com claro objetivo de que os crimes realizados neste dia não sejam punidos e absolvendo Bolsonaro, que foi condenado por cinco crimes envolvendo a tentativa de golpe de estado.

Para isso, ao invés de pautar um projeto de anistia ampla e irrestrita, a oposição pautou o projeto do deputado Marcello Crivella do Republicanos do Rio de Janeiro que contempla apenas a redução das penas para os envolvidos nos atos golpistas.

Para esse projeto, a oposição conseguiu 311 votos, sendo 85 deles de deputados do PL, maior partido de oposição ao governo Lula e que é diretamente interessado no projeto.


Líder do governo durante votação da urgência da anistia (Vídeo: reprodução/X/@delucca)

Além do PL, União Brasil, Progressistas e Republicanos também engrossaram coro por urgência, apesar de terem somado 27 deputados contrários ao projeto e duas abstenções.

PRD e Novo foram outros partidos que votaram integralmente a favor do projeto, somando mais dez votos para a urgência do projeto.

Alguns partidos ainda ficaram divididos quanto a urgência, como foi o caso do MDB que teve 21 votos a favor da urgência e 14 contrários com duas abstenções e cinco ausentes.

Segundo interlocutores do Congresso, a base oposicionista tem se aproveitado da pressão feita ao presidente da Câmara Hugo Motta, que agora  prevê um texto apenas com redução de pena.

Base governista minimiza urgência

A base governista tem sido voz forte contra a anistia desde os ataques, alegando que era um plano de golpe de estado que culminou com os ataques do oito de janeiro que não deram certo por conta da rápida ação do Governo Federal.

Dos 163 votos contrários a urgência, 66 votos vieram do PT, partido do presidente Lula. Além do PT, PSOL com 14 votos, PDT com 13 votos e PSB com 12 votos também se posicionaram integralmente contrários ao pedido de urgência da anistia.


Base governista vê anistia como uma afronta ao povo brasileiro (Vídeo: reprodução/X/@mariadorosario)

Apesar da derrota, a base governista afirma que a anistia, mesmo que aprovada no Congresso, deve ser derrubada pelo judiciário por se tratar de algo que só pode ser feito pelo presidente da República.

Em entrevistas nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ser totalmente contrário a anistia e disse que no que depender dele nenhum abrandamento de pena será aprovado por ele, respeitando as decisões judiciais sobre o caso e para garantir que a democracia será atacada novamente.

STF deve formar maioria por anular anistia

Até o momento, o STF não se posicionou oficialmente sobre a pauta, mas já se prepara internamente para que seja solicitado pela base governista, que afirma se tratar de um projeto inconstitucional.

Após reunião com o presidente Lula na última terça-feira(16), ministros do STF se posicionaram de forma contrária a PL da anistia. Fontes ligadas ao STF afirmam que alguns ministros teriam chamado o projeto de uma afronta direta a Corte e que deve ser tratado assim.

Apesar do otimismo da oposição pela aprovação do projeto no Congresso, o STF tem maioria neste momento de ministros que se posicionaram de forma contrária a anistia.

Manifestações dos ministros durante o julgamento do núcleo central da trama golpista que condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão foram vistas por analistas como forma de apoio ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes.

Além disso, alguns ministros tem se manifestado de forma contrária a anistia, como foi o caso do ministro Gilmar Mendes que em post no sete de setembro afirmando que crimes contra o Estado Democrático de Direito não são passíveis de perdão.