Ministério da Saúde recomenda mamografia para mulheres partir dos 40 anos

Nova diretriz do Ministério da Saúde antecipa início da mamografia, amplia faixa etária de rastreamento e inclui novos medicamentos no SUS

24 set, 2025
Mulher realiza exame de mamografia | Reprodução/Freepik /Edisson Mandella
Mulher realiza exame de mamografia | Reprodução/Freepik /Edisson Mandella

O Ministério da Saúde anunciou mudanças importantes nas diretrizes de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Agora, mulheres de 40 a 49 anos terão acesso garantido à mamografia, ainda que sem a obrigatoriedade do rastreamento bienal. Até então, a recomendação oficial restringia o exame de rotina apenas para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos, independentemente de sinais ou sintomas.

Segundo José Barreto, diretor do Departamento de Atenção ao Câncer, a decisão atende a um pedido antigo de especialistas e pacientes. Ele destacou que as regras anteriores dificultavam a detecção em mulheres mais jovens, que vêm apresentando aumento na incidência de casos. A partir desta mudança, o governo espera ampliar a prevenção e fortalecer a rede de cuidados oncológicos.


Veja quais são os sintomas do câncer de mama (Vídeo: Reprodução/Instagram/@bbcbrasil)

Além disso, a nova diretriz expande a faixa de rastreamento populacional até os 74 anos. Acima dessa idade, a indicação será individualizada, levando em conta o histórico clínico e a expectativa de vida da paciente.

Estrutura e investimentos em diagnóstico

A pasta também reforçou que a ampliação do acesso vem acompanhada de investimentos em infraestrutura. Em outubro, 27 unidades móveis percorrerão 22 estados para oferecer consultas, mamografias e biópsias, como parte do programa de carretas da saúde. Essa iniciativa tem como meta reduzir desigualdades regionais e facilitar o acesso ao exame em áreas mais remotas.

De acordo com o secretário de Atenção Especializada, Mozart Sales, o Brasil ainda enfrenta um desafio: quase 40% dos diagnósticos de câncer de mama são feitos em estágios avançados. Isso aumenta os riscos, encarece o tratamento e reduz as chances de cura. Para enfrentar esse cenário, o governo também lançará um manual de diagnóstico precoce voltado para médicos da atenção primária.

Outra frente será o incentivo à pesquisa. Em parceria com o CNPq, o Ministério destinará R$ 100 milhões para estudos sobre câncer de mama, colo do útero e colorretal. A expectativa é gerar conhecimento científico que contribua para novas formas de prevenção e tratamento.

Novos tratamentos pelo SUS

As mudanças no rastreamento foram acompanhadas pela incorporação de terapias inovadoras no Sistema Único de Saúde (SUS). Pela primeira vez, o país contará com um Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) exclusivo para câncer de mama, que orientará médicos e pacientes sobre as melhores opções disponíveis.

Entre as novidades estão medicamentos como os inibidores de CDK 4/6, que bloqueiam proteínas relacionadas à multiplicação celular e oferecem maior controle sobre o avanço da doença. Também foi incluído o trastuzumab entansina, considerado uma terapia de precisão que combina anticorpos e quimioterapia para atingir diretamente as células tumorais.

Além disso, o protocolo prevê o uso ampliado da neoadjuvância, terapia feita antes da cirurgia, agora também para estágios iniciais da doença. A medida pode aumentar as chances de preservação da mama e reduzir a necessidade de intervenções mais agressivas. Com essas mudanças, o Ministério da Saúde busca alinhar o Brasil às práticas recomendadas internacionalmente e reduzir os diagnósticos tardios.

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