Discurso de Lula na ONU gera reações e faz ressalvas a potências estrangeiras
Jornais dos EUA, Europa e América Latina destacaram tom duro de Lula na ONU, com críticas a guerras, sanções e defesa da democracia

Com um discurso direto e recheado de críticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) movimentou a abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (23). Em cerca de 15 minutos, o presidente apostou em um tom firme e direto, defendendo o multilateralismo, a soberania nacional e criticando conflitos que seguem sem solução, como as guerras em Gaza e na Ucrânia. A repercussão foi imediata fora do Brasil.
O líder brasileiro também não deixou de tocar em temas delicados envolvendo os Estados Unidos. O presidente condenou a taxação de produtos brasileiros pelo governo americano e criticou sanções impostas a autoridades nacionais, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). As falas tiveram ampla repercussão nos principais jornais do mundo.
Repercussão nos principais jornais do mundo
O The New York Times, dos EUA, destacou o “tom duro” do discurso, interpretando as palavras do líder brasileiro como um recado direto ao atual presidente dos EUA Donald Trump. Isso porque, recentemente, Trump defendeu publicamente a suspensão do processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Discurso do Presidente Lula na ONU (Vídeo: Reprodução/YouTube/@CNNBrasil)
Já o The Guardian, no Reino Unido, preferiu focar na defesa da democracia feita por Lula. Segundo o jornal, o presidente brasileiro afirmou que a condenação de Bolsonaro serve de exemplo global de como “aspirantes a autocratas” podem ser contidos dentro das instituições democráticas.
Defesa a democracia ganha destaque
Na Espanha, o El País ressaltou que, sem citar nomes, Lula criticou sanções arbitrárias e intervenções unilaterais, em uma clara referência a tensões com Washington. O diário argentino Clarín seguiu a mesma linha e destacou a “forte defesa da democracia” feita pelo petista diante do avanço do autoritarismo no mundo.
Outro ponto que chamou a atenção da imprensa internacional foi a fala sobre o Oriente Médio. Lula declarou que “nada justifica o atual genocídio em Gaza”, reforçando a posição do Brasil contra a ofensiva de Israel após os ataques do Hamas em outubro de 2023. Ao condenar o massacre de civis palestinos, Lula reforçou a posição do Brasil em favor da criação de um Estado palestino e em defesa do direito internacional humanitário.