Especialistas em aviação que foram ouvidos pelo Jornal Nacional, buscam entender o motivo pelo qual o avião que transportava a cantora Marília Mendonça, seu tio e assessor, piloto e copiloto, voava tão baixo até bater na linha de transmissão. O Aeroporto de Ubaporanga (MG), conhecido Caratinga, dispõe uma pista de pista de 1.800 metros. A aproximação é realizada numa espécie de corredor com montanha em ambos os lados e uma linha de transmissão que fica cerca de 5 km do local. De acordo com as investigações, a aeronave bateu em um desses cabos, um para-raio que não estava energizado, afirma a companhia elétrica. “Ele estava fazendo um voo um pouco abaixo da rampa, por uma decisão que ele achou que deveria ser seguro e manter uma visibilidade horizontal que ele precisava ter", relata Luiz Eustáquio Morterane, instrutor de voo.
Queda de avião que transportava cantora Marília Mendonça é questionada por especialistas, devido a voo baixo. (Foto: Reprodução/Jornal Nacional)
"Então ele tem uma altura da montanha mais a altura da torre. Então ele deveria estar voando 300 pés, ou algo em torno de 100 metros, acima da torre", afirma Roberto Peterka, especialista em segurança de voo. Existem dois alertas para obstáculos próximo ao aeroporto, um sobre uma torre e outro acerca de uma antena. Chamados de Infotemp, os documentos são emitidos pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).
O Decea emitiu uma nota, onde comunica que essas informações são públicas e de conhecimento obrigatório para pilotos que intencionados a operar no aeródromo de Caratinga. A nota ressalta que os obstáculos que no aviso não são os de cabos de alta tensão e complementa: "Pelo falo de a linha de transmissão naquele trecho em que ocorreu o acidente estar além dos limites do Plano Básico de Proteção do Aeródromo, esses cabos não fizeram parte da análise, segundo os critérios da Organização de Aviação Civil Internacional".
Geraldo Martins de Medeiros Júnior que era o piloto do avião de Marília, exercia a profissão há mais de 20 anos e conhecia as regras de aviação. De acordo com os especialistas, o aeroporto de Caratinga está numa altitude de 600 metros e é vulnerável aos efeitos das alterações climáticas, como o surgimento de nuvens. Imagens do satélite mostram a condição meteorológica do local no momento do acidente, o céu estava encoberto por algumas nuvens, mas nenhuma densa ao ponto de comprometer o teto para aviação. Não chovia no momento, e o vento era fraco, 18km/h.
“Se houvesse um problema de falha de motor, ele voa muito bem com o outro motor. É um motor turboélice. Eu acho que não está ligado a problema mecânico. E se estivesse ligado a problema mecânico, a decisão do comandante seria ir para um aeroporto de maior assistência, maiores dimensões, para que ele tivesse uma segurança, um apoio de solo maior”, analisa Luiz Eustáquio Morterane, instrutor de voo que tem 50 anos de aviação.
Foto Destaque: Marília Mendonça e destroços do avião. Correios 24 horas.