Polícia do Rio divulga imagens de traficantes armados antes de megaoperação

Polícia do Rio de Janeiro mostra mais de 80 criminosos fugindo para a mata logo no início da megaoperação que registrou mais de 120 mortes

30 out, 2025
Secretário de Polícia Civil, Segurança Pública e Polícia Militar | Reprodução/TV Globo/G1
Secretário de Polícia Civil, Segurança Pública e Polícia Militar | Reprodução/TV Globo/G1

A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro divulgou na manhã desta quinta-feira(30) imagens captadas por drone de traficantes fortemente armados reunidos no alto do Complexo da Penha.

Nas imagens captadas logo no início da operação às 6h da manhã de terça-feira(28) mostra 23 homens fortemente armados e logo após 83 homens fugindo durante incursão policial. Alguns deles, estavam com roupas camufladas, o que dificulta a identificação dos mesmos.

Fuga tinha como destino a mata da Serra da Misericórdia

No vídeo divulgado pela PM, o grupo de criminosos fugia com destino a área de mata da Serra da Misericórdia, uma área que fica entre os Complexos da Penha e do Alemão e onde a polícia montou sua estratégia para capturar os criminosos e onde foram os confrontos mais intensos da megaoperação de terça-feira(28).

Apesar disso, a polícia do Rio não conseguiu localizar o traficante Doca, que era um dos principais alvos da operação e um dos chefes da facção criminosa Comando Vermelho.


Secretários de polícia e segurança explicam megaoperação (Vídeo: Reprodução/YouTube/ CNN Brasil)

Segundo o secretário de Segurança Pública Victor Santos, a vegetação densa e o terreno acidentado foram um dos fatores para que Doca não fosse capturado. Além disso, o conhecimento da área por conta dos treinamentos feitos pela facção na área facilitaram a fuga de criminosos.

Além de Doca, a investigação também chegou a informações de que chefes do tráfico de drogas de estados como Goiás, Ceará, Pará, Amazonas, Bahia e Espírito Santo estavam na região junto com outros membros da cúpula do CV.

Muro do BOPE foi montado para a operação

Durante a coletiva, o secretário explicou com detalhes como funcionou a estratégia que ele chamou de “Muro do BOPE”, que fez a Polícia cercar a Serra da Misericórdia empurrando os bandidos para dentro da mata, onde já havia equipes do BOPE posicionadas.

A estratégia de cerco também contou com apoio da própria PM e da Polícia Civil em áreas estratégicas, fazendo, segundo o mesmo, que os maiores confrontos da megaoperação ocorressem na mata.

No entanto, não foi explicado se a estratégia influenciou no número de mortos ter ultrapassados os 120, quantos criminosos foram encurralados na mata e quantos ainda conseguiram escapar do cerco.

A megaoperação chamada de Contenção já entrou para a história do Brasil como a operação policial mais letal da história do Brasil, ultrapassando a operação que culminou no massacre do Carandiru em 1992.

Governo do Estado e Ministério da Justiça anunciam parceria

Após as várias versões e transferências de responsabilidade pela operação entre o governador Cláudio Castro e o Governo Federal, na quarta-feira(29), o governador se reuniu com o ministro da Justiça Ricardo Lewandowski no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

Na reunião, foi anunciada a criação de um escritório emergencial contra o crime organizado, tendo como objetivo de integrar as ações na área da Segurança Pública entre o Governo do Estado, responsável pela Segurança Pública, e o Governo Federal, que dá apoio em caso de necessidade de um Estado.

O ministro Ricardo Lewandowski afirmou em coletiva que colocou legistas da Força Nacional para auxiliar nas investigações do que aconteceu na operação e anunciou investimento em recursos humanos e materiais para a Segurança Pública que segundo o mesmo virou um problema nacional.


Coletiva após reunião entre Ricardo Lewandowski e Cláudio Castro (Vídeo: Reprodução/YouTube/ CNN Brasil)

Lewandowski também anunciou a ampliação do número de Policiais Federais no Rio de Janeiro, além de já estar preparando a Força Nacional para entrar em ação assim que Claudio Castro fizer a solicitação ao Ministério.

Sobre a GLO, o ministro afirmou que o governo não tem posição definida e que depende de análise do Governo Federal sobre o caso do Rio de Janeiro e do próprio Castro, que pode ou não fazer a solicitação, como já havia sido dito pelo ministro em coletiva em Brasília no mesmo dia.

Por fim, Ricardo Lewandowski explicou a diferença de facção criminosa e grupo terrorista após durante estes dois dias ter sido levantada a pauta de classificar o Comando Vermelho como grupo terrorista como havia sido solicitado pelos Estados Unidos e que o governo não irá misturar os conceitos.

Lewandowski explicou que grupos terroristas agem por ideologia política ou atuação política com atentados esporádicos com ampla repercussão social. Já as facções criminosas são grupos que praticam crimes de forma sistemática, previstos no Código Penal. Além disso, a definição está bem explicada na lei brasileira, segundo o ministro.

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