Lula reúne ministros e cobra respostas após tragédia em megaoperação

Presidente convoca reunião de emergência no Alvorada após ação policial mais letal da história do Rio que deixou ao menos 132 mortos

29 out, 2025
Luís Inácio Lula da Silva | Reprodução/Instagram/@lulaoficial
Luís Inácio Lula da Silva | Reprodução/Instagram/@lulaoficial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião de emergência com ministros e assessores de primeiro escalão nesta quarta-feira (29) para discutir a crise provocada pela megaoperação policial no Rio de Janeiro. O encontro ocorre no Palácio da Alvorada, em Brasília, e foi convocado poucas horas após a confirmação de que 132 pessoas morreram durante a ação contra o Comando Vermelho (CV), nas comunidades do Alemão e da Penha.

Segundo fontes do governo, o clima entre os ministros é de preocupação e cobrança por medidas concretas. A operação, considerada a mais letal da história da capital fluminense, gerou forte repercussão nacional e internacional, com críticas sobre o uso desproporcional da força e possíveis violações de direitos humanos. Lula teria pedido “respostas rápidas e coordenadas” para conter o impacto político e social do episódio.

Entre os participantes da reunião estão o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, além da ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo. A presença desses nomes indica que o debate vai além da segurança pública, incluindo também aspectos sociais e de direitos fundamentais.

Megaoperação deixa rastro de mortes e indignação

A operação, realizada na terça-feira (28), teve como alvo o Comando Vermelho e mobilizou mais de 400 agentes das forças de segurança. O balanço da Defensoria Pública do Rio aponta 132 mortos, número que pode aumentar conforme novas vítimas são identificadas. Trata-se do maior número de mortes em uma única ação policial no estado.


 

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Secretário da Polícia Militar compartilha detalhes das operações (Vídeo: Reprodução/Instagram/@portalg1)

De acordo com relatos de moradores, a operação começou nas primeiras horas da manhã e se estendeu até a noite, com intensos tiroteios e helicópteros sobrevoando as comunidades. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram cenas de desespero, com famílias tentando se proteger em meio aos disparos. A Defensoria Pública e organizações de direitos humanos cobram uma investigação independente e transparente.

Autoridades locais afirmam que a ação foi necessária para desarticular um dos principais núcleos do tráfico de drogas no Rio. No entanto, o alto número de mortos levantou questionamentos sobre a falta de planejamento e o respeito aos protocolos de segurança. A operação reacendeu o debate sobre a política de enfrentamento ao crime nas favelas e a ausência de políticas públicas de longo prazo para a população dessas áreas.

Governo estuda medidas e reforço institucional

Durante a reunião no Alvorada, o presidente Lula solicitou que os ministros apresentem um diagnóstico completo da situação e proponham medidas urgentes para evitar novos episódios de violência. Ricardo Lewandowski deve apresentar um relatório preliminar com informações da Polícia Federal e da Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Fontes próximas ao Planalto afirmam que o governo estuda enviar uma comitiva ao Rio de Janeiro ainda nesta semana, com representantes dos ministérios da Justiça, dos Direitos Humanos e da Igualdade Racial. A ideia é acompanhar de perto as investigações e demonstrar apoio às famílias das vítimas.

Lula também determinou que o governo federal atue em parceria com o estado e a prefeitura do Rio para fortalecer políticas sociais e ampliar a presença do Estado nas comunidades afetadas. “Não basta reagir com armas; é preciso reconstruir a confiança e garantir dignidade às pessoas”, teria dito o presidente, segundo relatos de participantes da reunião.

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