Lula reúne ministros e cobra respostas após tragédia em megaoperação
Presidente convoca reunião de emergência no Alvorada após ação policial mais letal da história do Rio que deixou ao menos 132 mortos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião de emergência com ministros e assessores de primeiro escalão nesta quarta-feira (29) para discutir a crise provocada pela megaoperação policial no Rio de Janeiro. O encontro ocorre no Palácio da Alvorada, em Brasília, e foi convocado poucas horas após a confirmação de que 132 pessoas morreram durante a ação contra o Comando Vermelho (CV), nas comunidades do Alemão e da Penha.
Segundo fontes do governo, o clima entre os ministros é de preocupação e cobrança por medidas concretas. A operação, considerada a mais letal da história da capital fluminense, gerou forte repercussão nacional e internacional, com críticas sobre o uso desproporcional da força e possíveis violações de direitos humanos. Lula teria pedido “respostas rápidas e coordenadas” para conter o impacto político e social do episódio.
Entre os participantes da reunião estão o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, além da ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo. A presença desses nomes indica que o debate vai além da segurança pública, incluindo também aspectos sociais e de direitos fundamentais.
Megaoperação deixa rastro de mortes e indignação
A operação, realizada na terça-feira (28), teve como alvo o Comando Vermelho e mobilizou mais de 400 agentes das forças de segurança. O balanço da Defensoria Pública do Rio aponta 132 mortos, número que pode aumentar conforme novas vítimas são identificadas. Trata-se do maior número de mortes em uma única ação policial no estado.
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Secretário da Polícia Militar compartilha detalhes das operações (Vídeo: Reprodução/Instagram/@portalg1)
De acordo com relatos de moradores, a operação começou nas primeiras horas da manhã e se estendeu até a noite, com intensos tiroteios e helicópteros sobrevoando as comunidades. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram cenas de desespero, com famílias tentando se proteger em meio aos disparos. A Defensoria Pública e organizações de direitos humanos cobram uma investigação independente e transparente.
Autoridades locais afirmam que a ação foi necessária para desarticular um dos principais núcleos do tráfico de drogas no Rio. No entanto, o alto número de mortos levantou questionamentos sobre a falta de planejamento e o respeito aos protocolos de segurança. A operação reacendeu o debate sobre a política de enfrentamento ao crime nas favelas e a ausência de políticas públicas de longo prazo para a população dessas áreas.
Governo estuda medidas e reforço institucional
Durante a reunião no Alvorada, o presidente Lula solicitou que os ministros apresentem um diagnóstico completo da situação e proponham medidas urgentes para evitar novos episódios de violência. Ricardo Lewandowski deve apresentar um relatório preliminar com informações da Polícia Federal e da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Fontes próximas ao Planalto afirmam que o governo estuda enviar uma comitiva ao Rio de Janeiro ainda nesta semana, com representantes dos ministérios da Justiça, dos Direitos Humanos e da Igualdade Racial. A ideia é acompanhar de perto as investigações e demonstrar apoio às famílias das vítimas.
Lula também determinou que o governo federal atue em parceria com o estado e a prefeitura do Rio para fortalecer políticas sociais e ampliar a presença do Estado nas comunidades afetadas. “Não basta reagir com armas; é preciso reconstruir a confiança e garantir dignidade às pessoas”, teria dito o presidente, segundo relatos de participantes da reunião.
