STF aprova responsabilização de redes sociais por postagens de usuários

Na manhã desta quinta-feira (12), os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) formaram maioria para responsabilizar as plataformas de redes sociais por conteúdos postados por seus usuários. O julgamento parte de dois casos que estavam sendo julgados pela corte que discutem a responsabilidade das plataformas por danos criados por postagens feitas nas plataformas, mesmo sem uma ordem judicial sobre o caso.

Aplicação de trecho do Marco Civil da Internet está em pauta

Esses casos fazem parte de uma aplicação do Marco Civil da Internet sancionado pela então presidente Dilma Rousseff em 2014, que passou a funcionar como uma Constituição para redes sociais no Brasil estabelecendo regras, princípios, garantias, direitos e deveres de usuários e plataformas na internet no país.


Durante voto, Ministro Flávio Dino traz pergunta feita a IA do Meta sobre liberdade de expressão (Vídeo: reprodução/Instagram/@stfemfoco)

O Marco Civil estabelece que as redes sociais só são responsabilizadas pelo impacto de conteúdos ofensivos após uma ordem judicial e se a plataforma não retirar o conteúdo ofensivo do ar.

Agora, os ministros buscam um consenso em como as plataformas devem agir em casos de publicações que ofendam direitos, incentivam e promovam discurso de ódio e espalham desinformação pelas redes.

Entenda como cada ministro do STF votou

O caso conta com dois relatores no STF: Luis Fux e Dias Toffoli. Ambos votaram alegando que as plataformas não precisam de ordem judicial para ter comprometimento pelas postagens de seus usuários, mas que poderiam ser responsabilizadas caso tenha um conteúdo criminoso na plataforma e a rede nada tenha feito para remover a publicação, fazendo com que as plataformas analisem todas as postagens presentes na rede social a qual é responsável.

O presidente do STF, Luis Roberto Barroso, votou pela responsabilização da plataforma apenas nos casos em que a rede social não tomar nenhum tipo de providência para remover conteúdos criminosos. O presidente ainda propôs que, em casos de crimes contra a honra, injúria racial, calúnia e difamação, as plataformas só devem remover o conteúdo em caso de ordem judicial. Quem acompanhou o voto do presidente da corte foi o ministro Flavio Dino, que propôs ainda a responsabilização da plataforma em caso de não retirar o conteúdo após uma notificação extrajudicial feita, seja pela vítima ou por advogados.

O ministro Cristiano Zanin votou para que as plataformas sejam responsáveis por remover conteúdos criminosos sem precisar de uma decisão judicial. O ministro ainda propôs que o artigo 19 do Marco Civil da Internet seja mantido para provedores neutros e quando houvesse dúvidas razoáveis sobre a licitude do conteúdo.

Quem mais divergiu nos votos foi o ministro André Mendonça, que em seu voto afirmou ser impossível responsabilizar a rede social sem uma decisão judicial prévia, mas que as plataformas têm a responsabilidade de identificar os usuários que violam tais direitos. O ministro ainda completou seu voto afirmando que a suspensão e remoção de usuários de uma rede é inválida, com exceção de casos de crimes comprovados.

Braga Netto pede liberdade após interrogatório no STF e fim da fase de instruções

Logo após o interrogatório realizado no Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira (10), o advogado do general Walter Souza Braga Netto protocolou um pedido formal ao ministro Alexandre de Moraes pedindo revogação da prisão preventiva. As alegações são de que não restam mais justificativas legais para manter o militar detido, visto que os interrogatórios do chamado “núcleo 1”, que envolveu figuras como Mauro Cid, Almir Garnier, Alexandre Ramagem e o próprio Braga Netto, já finalizaram.

No pedido, a defesa reforça que a fase que envolve a produção de provas e coleta de depoimentos já foi concluída e defende que não há mais risco de obstrução à investigação. A petição menciona que, mesmo usando medidas alternativas como restrição de viagens ou monitoramento, o general poderia responder ao processo em liberdade.

Último réu interrogado

Braga Netto, preso no Rio de Janeiro, foi o último dos oito réus do “núcleo crucial” a prestar depoimento. Ele participou do interrogatório por videoconferência pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), acompanhado por sua equipe de defesa. Netto alegou que não participou diretamente da suposta tentativa de golpe e nem de qualquer ação cujo foco fosse persuadir e intimidar chefes das Forças armadas.


Braga Netto afirma que Mauro Cid mentiu (Vídeo: reprodução/YouTube/UOL)

Com o encerramento dos interrogatórios, o ministro Alexandre de Moraes revogou a proibição de contato entre os réus do núcleo 1. A decisão libera o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados para voltarem a se comunicar, já que a fase de investigações foi considerada concluída. Agora, o processo avança para a fase em que as defesas apresentem provas complementares, seguidas pelas alegações finais da Procuradoria Geral da República (PGR) e, eventualmente, a abertura da fase de julgamento, que pode ocorrer no segundo semestre.

Justificativa da acusação

O general está preso desde dezembro de 2024, após o resultado de investigações relacionadas à Operação “Contragolpe”, ação que apura a existência de uma organização criminosa formada por ex-integrantes dos governo federal, militares e aliados políticos. Braga Netto foi indiciado por obstrução à Justiça no contexto de um suposto plano golpista, que visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice Geraldo Alckmin.

As acusações afirmam que Braga Netto teria tentado acessar informações sigilosas da delação premiada de Mauro Cid, repassando perguntas e respostas a terceiros. A Polícia Federal apontou que isso implicaria tentativa de prejudicar a apuração. Já a defesa contesta essa versão, alegando que não foram encontradas novas evidências desde então que comprovassem risco de interferência.

Bolsonaro ironiza ao sugerir Moraes como seu vice em 2026

Nesta terça-feira (10), durante o interrogatório que apura uma suposta tentativa de golpe Estado praticada após as eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convidou, em tom de descontração, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ao convidá-lo para ser o vice-presidente em sua chapa nas próximas eleições que acontecerão em 2026.

O ex-chefe de Estado brasileiro dizia que planejava uma viagem para o Rio Grande do Norte, na sequência, perguntou ao ministro do STF se poderia fazer uma brincadeira, em resposta, Moraes o aconselhou a perguntar para seus advogados se isso seria possível. Então, ex-presidente disse que gostaria de convidar o juiz para ser seu vice-presidente na chapa que se candidataria à presidência nas próximas eleições gerais que acontecerá no próximo ano, ouvindo uma recusa como resposta.

Desculpa

Além da brincadeira, em um momento do seu interrogatório, Bolsonaro usou o espaço para pedir desculpas a Alexandre de Moraes. O fato ocorreu após o magistrado perguntar sobre qual o indício que o ex-presidente tinha para acusá-lo de receber milhões de dólares com os também ministros do STF, Edson Fachin e Luiz Roberto Barroso para supostamente fraudar a última eleição na qual Bolsonaro era candidato à reeleição.

O ex-presidente então disse que não possuía nenhum indício, e que essa fala tratava-se apenas de um desabafo ocorrido em uma reunião que não deveria ter sido gravada. Bolsonaro se refere ao encontro que teve com embaixadores antes das eleições presidenciais que culminou com a sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-chefe de Estado havia dito que “algo de esquisito” acontecia no país, e que não havia problemas em perder uma eleição, mas sim, ser derrotado em um pleito fraudado.


Bolsonaro está respondendo a perguntas de advogados e juízes sobre seu suposto papel em uma “organização criminosa” (Reprodução/Evaristo SA/Getty Images Embed)

Bolsonaro envolvido

Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro possuía ciência do “Punhal Verde Amarelo”, plano cujo objetivo era executar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), além do ministro Alexandre de Moraes. Além disso, o relatório elaborado pelo Procurador-Geral Paulo Gonet coloca aponta que o ex-presidente teria editado uma minuta que tinha o intuito de instalar um estado de exceção no Brasil após sua derrota nas últimas eleições presidenciais.

Nesta terça-feira, Bolsonaro foi o sexto de oito réus do chamado “núcleo 1” ouvido no interrogatório. No final da sessão, Alexandre de Moraes abriu o prazo de cinco dias para que tanto defesa quanto acusação apresentem diligências complementares, que são requerimentos e demais solicitações sobre o caso.

 

Ex-presidente Bolsonaro diz que atos de 8 de janeiro não configuram golpe de Estado

Em um interrogatório que capturou a atenção do país, o ex-presidente Jair Bolsonaro, denunciado por sua suposta liderança em um plano para tirar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022, declarou, nesta terça-feira (10), no Supremo Tribunal Federal (STF), que os eventos de 8 de janeiro de 2023 “não configuram golpe de Estado”.

A defesa de Bolsonaro e a negação do suposto golpe

Jair, em seus depoimentos, vem se mostrando incisivo ao negar qualquer envolvimento em uma “minuta do golpe” ou qualquer plano para subverter a democracia. “Golpe é uma coisa abominável e não foi sequer cogitada no meu governo”, declarou após ser questionado pelo ministro Alexandre de Moraes.

No entanto, a investigação do STF aponta que a minuta foi confirmada por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em depoimento. O ex-presidente também disse que seu assessor na época, Filipe Martins, não teria capacidade de redigir documentos dessa natureza.

Quanto aos eventos de 8 de janeiro, segundo Bolsonaro, não configuram um golpe de Estado, apesar das graves depredações e da invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília. Ele mencionou a ausência de armas de fogo entre os envolvidos e a falta de condições mínimas para tal ação. Ele também pontuou que há indivíduos “malucos” que defendem uma intervenção militar.


Ex-presidente Bolsonaro presta depoimento em julgamento sobre tentativa de golpe Foto/Reprodução: Arthur Menescal/Getty Images Embed

Contexto das acusações da PGR

A PGR sugere que o ex-presidente teria criado e editado um documento propondo um estado de emergência e que ele sabia do suposto plano denominado “Punhal Verde Amarelo”, que visava assassinar figuras políticas como Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.

A ausência de Bolsonaro na cerimônia de posse de Lula, onde não entregou a faixa presidencial, foi justificada por ele como uma tentativa de evitar a “maior vaia da história” do Brasil. O ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, confirma encontros com Bolsonaro mas nega a existência de qualquer minuta golpista.

Bolsonaro diz que “golpe não existiu” ao chegar para depor no STF

Ao chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o “golpe não existiu”.
Comparecendo no segundo dia de depoimentos dos réus que supostamente fizeram parte de uma suposta trama golpista, ele disse que se puder ficar à vontade poderá falar por horas e que pretende mostrar “11 ou 12 vídeos curtinhos” de seus atos e pronunciamentos que, segundo ele, podem ajudar a deixar claro que nunca houve um golpe.

As falas de Bolsonaro

Entre os oito réus do chamado “núcleo crucial” que prestarão depoimento para a Primeira Turma do STF durante esta semana, Bolsonaro é o sexto desta lista. Durante sua fala, Bolsonaro contestou a PGR (Procuradoria Geral da República) quanto às denúncias sobre o possível decreto de Estado de Sítio, dizendo que antes de haver a assinatura sobre o suposto decreto, teria que convocar os conselhos e só seria assinado se o parlamento estivesse de acordo.

O ex-presidente, mostrando parte de sua estratégia defensiva, falou sobre como foi proibido de fazer algumas coisas como, por exemplo, “fazer lives” tanto na Alvorada como em sua própria casa e foi acusado até de pedofilia pelo André Janones.


Bolsonaro em depoimento (Foto/Reprodução/X/@gabrielabilo1)

Quanto o caso de questionar a segurança e veracidade dos votos das urnas eletrônicas, ele demostrou que seguirá com seu posicionamento e citou que tem um vídeo onde Flávio Dino condena a urna eletrônica e Carlos Lupi dizendo que o voto que não é impresso, é fraudulento. “Não estou inventando”, completou.

As audiências

As audiências tiveram início nesta segunda-feira (9) onde Mauro Cid, delator do caso e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e Alexandre Ramagem, ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Cid tem acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal e afirmou que a denúncia da PGR é verdadeira e que apesar de ter presenciado a maioria dos fatos, não participou deles. Mauro Cid confirmou que Jair Bolsonaro, não só teve acesso como sugeriu mudanças na “minuta do golpe”, documento que previa medidas autoritárias que poderiam reverter o resultado das eleições de 2022. Nesta “mudança” sugerida pelo ex-presidente, foi pedida a retirada dos nomes de algumas autoridades que deveriam ser presas e foi deixado somente o item que mantinha a prisão de Alexandre de Moraes.
Quando ao depoimento de Alexandre Ramagem, ele disse que a documentação que questionava os resultados da eleição eram apenas rascunhos pessoais e que não foram entregues a Bolsonaro e negou ter usado a Agência Brasileira de Inteligência para fiscalizar as autoridades.

Ex-comandante da Marinha nega ter colocado tropas à disposição de Bolsonaro em depoimento ao STF

O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, prestou depoimento nesta terça-feira (10) diretamente ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e negou ter oferecido apoio militar ao então presidente Jair Bolsonaro após as eleições de 2022. Garnier é investigado por possível participação em uma tentativa de golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

A oitiva ocorre no âmbito do inquérito que apura a atuação de autoridades civis e militares na contestação do resultado eleitoral. Garnier é apontado por outros investigados como o único comandante militar que teria sinalizado apoio à permanência de Bolsonaro no poder, tese que ele refutou em sua fala ao STF.

Defesa aponta ausência de provas e nega articulação

Em sua manifestação, Garnier reafirmou que jamais participou de reuniões com o objetivo de romper a ordem constitucional. Ele também negou ter colocado tropas ou recursos da Marinha à disposição de qualquer plano ilegal. Sua defesa sustenta que não há evidências concretas que o liguem a qualquer tentativa de golpe, apenas relatos de terceiros e interpretações sem base documental.

Isso não ocorreu. Não houve deliberações. O presidente não abriu a palavra a nós. Ele fez as considerações dele, expressou o que mais pareciam preocupações e análises de possibilidade do que propriamente uma ideia ou uma intenção de conduzir alguma coisa em uma certa direção”, declarou o militar.


Almir Garnier em depoimento ao STF (Foto: reprodução/Gustavo Moreno/STF)

Os advogados do almirante já haviam solicitado que o caso fosse analisado diretamente no plenário do STF, alegando que o foro especial é aplicável devido ao cargo ocupado por Garnier na época dos fatos. Também reiteraram que não houve mobilização militar fora da legalidade.

Inquérito segue com base em relatos de ex-aliados

O depoimento de Garnier contrasta com a versão de outros ex-integrantes do alto comando militar, como o ex-chefe da Aeronáutica Carlos Baptista Júnior. Ele afirmou que Garnier teria indicado disposição em aderir a uma iniciativa para impedir a posse de Lula, colocando as tropas da Marinha à disposição de Bolsonaro. Essa afirmação foi rebatida pelo ex-comandante da Marinha, que classificou a narrativa como “inverídica”.

A apuração segue sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes. Caberá ao STF decidir se as informações reunidas justificam o avanço para denúncia formal contra os envolvidos.

Zambelli busca nova defesa no STF após deixar o país

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) optou por contratar um novo advogado para representá-la no Supremo Tribunal Federal (STF), após a renúncia de seu antigo defensor, Daniel Bialski. A saída do advogado ocorreu após a informação de que a cliente havia deixado o país.

Zambelli tem mantido diálogo com um advogado na Itália, que já está analisando os detalhes do processo. O objetivo é buscar alternativas legais que possibilitem a permanência da deputada em território italiano.

Nova defesa deve ser definida até sexta

Conforme previsto na lei, o ex-advogado da deputada, Daniel Bialski, ainda deverá responder pela parlamentar por um período de dez dias após sua renúncia, ou seja, até a próxima sexta-feira (13). Esse prazo tem como finalidade assegurar que Zambelli não fique prejudicada juridicamente e tenha tempo para nomear um novo defensor.

Se a deputada não conseguir contratar um novo advogado dentro do prazo legal, a Defensoria Pública da União (DPU) assumirá sua representação jurídica.


Advogado desiste do caso (Vídeo: reprodução/YouTube/g1)

Pedido de extradição de Zambelli avança

Zambelli fugiu para a Itália após ser condenada em maio por 10 anos de prisão, perda do mandato na Câmara dos Deputados e ao pagamento de uma indenização de R$ 2 milhões, em razão da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 

Mesmo após apresentar recurso, a deputada teve seu pedido recusado por unanimidade pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) na última sexta-feira (6).

Agora, o Ministério da Justiça aguarda o recebimento dos documentos da extradição da deputada para dar prosseguimento à ordem determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Com a liderança de Ricardo Lewandowski, o Ministério da Justiça deverá formalizar o pedido em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores. Em seguida, a pasta de Relações Exteriores ficará responsável por encaminhar a solicitação à chancelaria italiana, para que as autoridades daquele país possam analisar o pedido.

STF começa a ouvir Bolsonaro e aliados em ação penal sobre tentativa de golpe

O Supremo Tribunal Federal (STF) começa nesta segunda-feira (9) os interrogatórios dos oito réus acusados de envolvimento em uma trama golpista para tentar reverter o resultado das eleições de 2022. Entre os convocados está o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de ex-ministros e militares aliados. Os depoimentos fazem parte da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Os depoimentos terão início na tarde desta segunda-feira (9), de forma presencial, na sala de sessões da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o cronograma estabelecido pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso, os interrogatórios podem se estender até terça-feira (10).

O que está em julgamento

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), os réus agiram de forma coordenada para viabilizar um golpe de Estado após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. O grupo, segundo as investigações, planejou a divulgação de informações falsas sobre o sistema eleitoral, buscou apoio de militares e elaborou uma minuta de decreto de estado de sítio com o objetivo de manter Bolsonaro no poder de forma ilegítima.

O primeiro a ser ouvido é o tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele fechou um acordo de colaboração premiada e suas declarações são consideradas estratégicas para o avanço das investigações.


Mauro Cid (Foto:reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)

Réus serão ouvidos em ordem alfabética

Após Mauro Cid, os demais acusados serão ouvidos seguindo a ordem alfabética. A PGR considera que todos esses nomes integravam a cúpula do plano golpista. São eles:

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);

Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF;

General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;

Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;

O general Braga Netto será o único réu interrogado por videoconferência. Ele permanece detido preventivamente no Rio de Janeiro e prestará depoimento remotamente, sendo o último a ser ouvido nesta fase do processo.

Todos os acusados devem permanecer presentes nas audiências até o momento em que forem interrogados. Após prestarem depoimento, podem solicitar dispensa e deixar de acompanhar o restante das sessões.

Além disso, durante o andamento das audiências, os réus não estão autorizados a manter contato entre si. O ministro Alexandre de Moraes permitiu apenas cumprimentos formais, mas proibiu qualquer tipo de conversa entre eles; uma das determinações estabelecidas ao longo das investigações sobre a tentativa de golpe.

Estratégia de defesa e “núcleo crucial”

A defesa de Bolsonaro tenta desvinculá-lo das acusações, afirmando que ele apenas escutou propostas de aliados e que nunca teve a intenção de desrespeitar a Constituição. No entanto, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que o ex-presidente era o líder de uma organização criminosa com o objetivo de manter-se no poder de forma ilegal, sustentada por um plano de governo autoritário.

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e um dos principais delatores do caso, já delatou provas que corroboram a tese de que Bolsonaro participou ativamente das articulações. As declarações dele e de outros envolvidos devem ter peso importante na decisão final do STF.

A PGR identifica a existência de um núcleo central dentro dessa organização, composto por oito integrantes. Esse grupo, que teria aderido ao plano em momentos diferentes, seria responsável por tomar as decisões estratégicas e por ações de grande repercussão nacional. Esse grupo central, segundo a PGR, teria tomado as decisões mais relevantes e atuado diretamente na tentativa de ruptura institucional. Ele é descrito como o “núcleo crucial” da articulação golpista.