Ex-comandante da Marinha nega ter colocado tropas à disposição de Bolsonaro em depoimento ao STF

Almir Garnier depôs a Alexandre de Moraes e rejeitou envolvimento em plano para impedir posse de Lula

10 jun, 2025
Ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos |
Reprodução: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos | Reprodução: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, prestou depoimento nesta terça-feira (10) diretamente ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e negou ter oferecido apoio militar ao então presidente Jair Bolsonaro após as eleições de 2022. Garnier é investigado por possível participação em uma tentativa de golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

A oitiva ocorre no âmbito do inquérito que apura a atuação de autoridades civis e militares na contestação do resultado eleitoral. Garnier é apontado por outros investigados como o único comandante militar que teria sinalizado apoio à permanência de Bolsonaro no poder, tese que ele refutou em sua fala ao STF.

Defesa aponta ausência de provas e nega articulação

Em sua manifestação, Garnier reafirmou que jamais participou de reuniões com o objetivo de romper a ordem constitucional. Ele também negou ter colocado tropas ou recursos da Marinha à disposição de qualquer plano ilegal. Sua defesa sustenta que não há evidências concretas que o liguem a qualquer tentativa de golpe, apenas relatos de terceiros e interpretações sem base documental.

Isso não ocorreu. Não houve deliberações. O presidente não abriu a palavra a nós. Ele fez as considerações dele, expressou o que mais pareciam preocupações e análises de possibilidade do que propriamente uma ideia ou uma intenção de conduzir alguma coisa em uma certa direção”, declarou o militar.


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Almir Garnier em depoimento ao STF (Foto: reprodução/Gustavo Moreno/STF)

Os advogados do almirante já haviam solicitado que o caso fosse analisado diretamente no plenário do STF, alegando que o foro especial é aplicável devido ao cargo ocupado por Garnier na época dos fatos. Também reiteraram que não houve mobilização militar fora da legalidade.

Inquérito segue com base em relatos de ex-aliados

O depoimento de Garnier contrasta com a versão de outros ex-integrantes do alto comando militar, como o ex-chefe da Aeronáutica Carlos Baptista Júnior. Ele afirmou que Garnier teria indicado disposição em aderir a uma iniciativa para impedir a posse de Lula, colocando as tropas da Marinha à disposição de Bolsonaro. Essa afirmação foi rebatida pelo ex-comandante da Marinha, que classificou a narrativa como “inverídica”.

A apuração segue sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes. Caberá ao STF decidir se as informações reunidas justificam o avanço para denúncia formal contra os envolvidos.

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