Bolsonaro diz que “golpe não existiu” ao chegar para depor no STF
O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro presta depoimento como réu na ação investigativa sobre o suposto planejamento de tentativa de golpe de Estado em 2022

Ao chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o “golpe não existiu”.
Comparecendo no segundo dia de depoimentos dos réus que supostamente fizeram parte de uma suposta trama golpista, ele disse que se puder ficar à vontade poderá falar por horas e que pretende mostrar “11 ou 12 vídeos curtinhos” de seus atos e pronunciamentos que, segundo ele, podem ajudar a deixar claro que nunca houve um golpe.
As falas de Bolsonaro
Entre os oito réus do chamado “núcleo crucial” que prestarão depoimento para a Primeira Turma do STF durante esta semana, Bolsonaro é o sexto desta lista. Durante sua fala, Bolsonaro contestou a PGR (Procuradoria Geral da República) quanto às denúncias sobre o possível decreto de Estado de Sítio, dizendo que antes de haver a assinatura sobre o suposto decreto, teria que convocar os conselhos e só seria assinado se o parlamento estivesse de acordo.
O ex-presidente, mostrando parte de sua estratégia defensiva, falou sobre como foi proibido de fazer algumas coisas como, por exemplo, “fazer lives” tanto na Alvorada como em sua própria casa e foi acusado até de pedofilia pelo André Janones.
Bolsonaro em depoimento (Foto/Reprodução/X/@gabrielabilo1)
Quanto o caso de questionar a segurança e veracidade dos votos das urnas eletrônicas, ele demostrou que seguirá com seu posicionamento e citou que tem um vídeo onde Flávio Dino condena a urna eletrônica e Carlos Lupi dizendo que o voto que não é impresso, é fraudulento. “Não estou inventando”, completou.
As audiências
As audiências tiveram início nesta segunda-feira (9) onde Mauro Cid, delator do caso e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e Alexandre Ramagem, ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Cid tem acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal e afirmou que a denúncia da PGR é verdadeira e que apesar de ter presenciado a maioria dos fatos, não participou deles. Mauro Cid confirmou que Jair Bolsonaro, não só teve acesso como sugeriu mudanças na “minuta do golpe”, documento que previa medidas autoritárias que poderiam reverter o resultado das eleições de 2022. Nesta “mudança” sugerida pelo ex-presidente, foi pedida a retirada dos nomes de algumas autoridades que deveriam ser presas e foi deixado somente o item que mantinha a prisão de Alexandre de Moraes.
Quando ao depoimento de Alexandre Ramagem, ele disse que a documentação que questionava os resultados da eleição eram apenas rascunhos pessoais e que não foram entregues a Bolsonaro e negou ter usado a Agência Brasileira de Inteligência para fiscalizar as autoridades.