Além do combustível e da energia elétrica, o preço do gás encanado também sofreu alta e a perspectiva é de que essa alta chegue a 60% caso o petróleo se mantenha em US$ 100 por barril. O aumento será “parcelado”, já que os contratos são reajustados trimestralmente. O próximo reajuste será em maio, quando a previsão do aumento deve ser de 20%, acumulando 35% no ano, é o que afirma a consultoria ARM.
As altas podem ultrapassar os 100% se a maior petrolífera do Brasil (Petrobras) conseguir derrubar as liminares obtidas pelos estados de Alagoas, Espirito Santo, Sergipe, Santa Catarina e Rio de Janeiro que proíbem a estatal de aplicar reajustes na renovação dos contratos de fornecimento de gás para as distribuidoras.
Além dos quatro reajustes já previstos no preço do petróleo e dos custos de transporte do gás, há um reajuste anual feito pelas concessionárias para recompor as perdas da inflação. O aumento do preço do gás encanado também influencia o preço do GNV.
A Petrobras tende a ter mais participação no setor de gás, com a entrada em operação da Rota 3. (Foto:Reprodução: site Jovem Pan)
Para Bruno Armbrust, da ARM Consultoria, além dos consumidores residenciais, o comércio e a indústria também estão pagando mais caro. “E tudo isso vai ser repassado pelas empresas que usam gás em seus processos fabris, o que vai se refletir na inflação”. Ressaltou.
A situação só não é mais crítica porque as chuvas no começo do ano aumentou o nível dos reservatórios, o que reduz a necessidade de importação de gás em estado líquido (GNL), os preços estão em alta no mercado internacional por conta da guerra na Ucrânia. “O Brasil precisa aumentar os investimentos para ter mais infraestrutura de escoamento de gás”, destacou Armbrust.
De acordo com a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) os preços ficarão altos até outubro. Conforme levantamento da associação, a alta acumulada neste ano deve chegar a 86%. No acumulado com o ano passado os preços podem alcançar 250%. “Os preços elevados do gás vão prejudicar o orçamento de consumidores e da indústria, que vão perder competitividade”, afirmou Paulo Pedrosa, presidente da Abrace.
Ele destacou ainda que a Petrobras tende a ter mais participação no setor de gás, com a entrada em operação da Rota 3, até o meio deste ano, que vai implementar o gás dos campos do pré-sal à rede brasileira.
Foto destaque: Gás de cozinha mais caro. Reprodução/Radio Verde