PF nega existência de bomba em avião após pouso emergencial em Brasília

Na madrugada desta sexta-feira (8), a Polícia Federal comunicou que nenhuma bomba foi encontrada no avião da Azul que precisou realizar um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Brasília na última quinta-feira (7). O voo se tratava de uma viagem de São Luís, no Maranhão, a Campinas, em São Paulo, mas o avião precisou forçar um pouso após a descoberta de um papel encontrado no banheiro da aeronave, que comunicava a presença de bombas no porão de cargas.

Varredura da Polícia Federal

Em nota, a Polícia Federal informou que mediante uma varredura antibombas, os agentes constataram que não havia presença de bomba no avião e que continua investigando a procedência do bilhete responsável pelo pouso de emergência. A Polícia ainda afirmou que todas as bagagens foram revistadas e passaram por um raio-x.

A aeronave investigada foi liberada para circulação e os tripulantes do voo, que precisaram passar a noite em uma sala no aeroporto em Brasília, para sua segurança, após prestarem depoimento à Polícia, foram realocados para outros voos com o mesmo destino pela Azul.


Rastreio da FlightRadar24 mostra o desvio realizado pelo voo da Azul (Foto: reprodução/FlightRadar24)

Posicionamento da Azul e Inframerica

A Azul, companhia aérea responsável pelo avião envolvido na ocorrência, o desvio do trajeto foi uma ação emergencial e de prevenção devido à ameaça encontrada no banheiro da aeronave. A companhia esclareceu que todos os passageiros ficaram em segurança e que daria todo suporte aos afetados, assim que a Polícia Federal permitisse.


Aeronave da Azul (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

O consórcio encarregado pelo Aeroporto Internacional de Brasília, a Inframerica, também se pronunciou e disse que na ocasião, que mediante um plano de contingência, os voos realizados no aeroporto seguiram normalmente e, assim como informado pela companhia aérea, todos os passageiros desembarcaram em segurança.

Ex-assessor de Bolsonaro admite ser autor do plano para assassinar Lula e Moraes

O general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL), admitiu em depoimento nesta quinta-feira (24) ser o autor do chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Plano Punhal Verde e Amarelo

Fernandes afirmou que o material era apenas uma reflexão pessoal sobre o contexto pós-eleitoral e que não foi compartilhado com outras pessoas. Segundo seu depoimento, o texto foi impresso no Palácio do Planalto para facilitar a leitura e “não forçar a vista”, sendo descartado logo em seguida.

“É um arquivo digital. Nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilado de dados, um estudo de situação meu, uma análise de riscos que eu fiz e, por costume próprio, resolvi digitalizar. Não foi mostrado a ninguém, não foi compartilhado com ninguém. Hoje me arrependo de ter digitalizado isso”, declarou durante interrogatório no STF.

O general também afirmou que aliados de Bolsonaro debatiam um decreto contendo “considerandos” que poderiam justificar uma possível intervenção do Executivo sobre os demais Poderes.


General Mario Fernandes afirma ao STF ter sido autor do plano golpista (Vídeo: reprodução/YouTube/Uol)

“Fiz um apelo ao general Ramos, que era assessor do presidente: se existe esse movimento e está dentro da Constituição, por que não reforçar isso?”, disse.  “Dentro da Constituição Federal, não acima”, enfatizou.

A Polícia Federal aponta que o plano foi criado logo após a vitória de Lula, em novembro de 2022, e discutido por militares na casa do general Braga Netto, que na época era candidato a vice de Jair Bolsonaro. O documento previa o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes como parte de uma tentativa de golpe de Estado.

Delator afirma que o plano previa repasse de dinheiro

O plano “Punhal Verde e Amarelo” foi revelado após a delação do tenente-coronel Mauro Cid à Polícia Federal. Ele revelou que o general Braga Netto repassou dinheiro ao major Rafael Martins de Oliveira, que teria participação no esquema, para custear despesas da operação. Em novembro do ano passado, a PF prendeu militares e um policial ligados ao caso, que, segundo as investigações, seria colocado em prática se a tentativa de golpe em 2022 tivesse sucesso.

Ainda segundo o general Mário Fernandes, Jair Bolsonaro, também réu por tentativa de golpe, sempre tentou agir dentro da legalidade, embora as investigações da Polícia Federal apontem que ele tinha “pleno conhecimento” do plano. A operação previa o uso de um arsenal de guerra, incluindo pistolas, fuzis, metralhadora e até lança-granadas, além do monitoramento constante do ministro Alexandre de Moraes.

Moraes pede explicações à defesa de Bolsonaro sobre violação de restrições

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou, nesta segunda-feira (21), que os advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestem esclarecimentos sobre um suposto descumprimento de medidas cautelares do ex-chefe de Estado brasileiro. Caso sua defesa não se manifeste dentro do prazo de 24 horas, Bolsonaro poderá ter sua prisão decretada pelo ministro.

Conversa com a imprensa

A determinação de Moraes ocorre após o ex-presidente conversar com a imprensa na saída da Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta segunda-feira, após sua participação em uma reunião do Partido Liberal (PL), legenda na qual Bolsonaro é filiado desde 2021. Além de responder perguntas, o investigado por tentativa de golpe de Estado mostrou sua tornozeleira eletrônica que está usando após decisão do STF.

Sobre o uso de tornozeleira, Bolsonaro se diz inocente, que não subtraiu bens dos cofres públicos, tão pouco cometeu assassinato ou tráfico para que tal medida fosse tomada, afirmando ainda que a decisão sobre suas restrições é um símbolo da máxima humilhação ocorrida no país. O ex-presidente complementou a sua fala afirmando que enfrentará tudo e todos.


Bolsonaro mostra tornozeleira eletrônica para a imprensa (Foto: reprodução/José Osorio/AFPTV/AFP/Getty Images Embed)

Proibições impostas

O ministro Alexandre de Moraes já havia determinado nesta segunda-feira que Bolsonaro estava proibido de participar de transmissões em redes sociais, seja em perfis de sua autoria, ou de terceiros.

A determinação é parte das medidas cautelares impostas no inquérito que apura ataques praticados pelo ex-presidente à soberania nacional. Não à toa, Bolsonaro cancelou uma entrevista que estava agendada para ocorrer no início da tarde desta segunda. De acordo com seus assessores, o ex-capitão do exército temeu que o evento pudesse ferir as restrições judiciais. Entretanto, as medidas não impossibilitam Bolsonaro de conceder entrevistas, mas sim, que essas sejam retransmitidas por ele, ou por seus pares.

Indo de encontro as determinações de Moraes, a declaração dada por Bolsonaro na Câmara dos Deputados foi divulgada por veículos de imprensa e por seu filho, Eduardo. Sendo assim, o ministro do STF considerou que tais atitudes violam as medidas cautelares impostas por ele, que, em resposta, anexou imagens de capturas de telas como provas de descumprimento.

Moraes reforça proibição do uso das redes sociais de Bolsonaro

Nesta segunda-feira (21), o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, reforçou a proibição do uso de redes sociais por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A proibição inclui a não transmissão e veiculação de áudios, vídeos, nos perfis, seja de Bolsonaro, ou de terceiros.

Proibição detalhada

A pedido da Polícia Federal, o ministro já havia, na última sexta-feira (18), imposto restrições quanto ao uso das redes por parte do ex-presidente. Entretanto, essa medida não foi tão detalhada quanto a imposta nesta segunda-feira.

Em comunicado realizado do início desta semana, Moraes afirma que a medida que limita a atividade de Bolsonaro em seus perfis nas redes sociais, ou de terceiros, impossibilita o ex-chefe de Estado brasileiro de veicular qualquer tipo de mídia. O ministro ainda alerta que o investigado por tentativa de golpe de Estado não poderá se valer de tais meios para burlar a decisão, sob pena de revogação imediata e decretação de sua prisão.

As medidas cautelares impostas a Bolsonaro ocorreram após a Polícia Federal reunir indícios que apontam crimes de coação, obstrução e atentado a soberania do país. Segundo Alexandre de Moraes, Bolsonaro confessou uma tentativa de extorsão contra a justiça nacional ao atrelar o fim da tarifa de 50% imposta pelo presidente norte-americano, Donald Trump, ao Brasil, com a sua própria anistia.

Para o Supremo, a Polícia Federal afirmou que Bolsonaro e o seu filho Eduardo fizeram movimentações recentes junto a autoridades norte-americanas com o intuito de possuir a imposição de sanções contra agentes públicos brasileiros.


Ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro com sua tornozeleira eletrônica ao deixar o Congresso Nacional em Brasília (Foto: reprodução/
José Osorio/AFPTV/AFP/Getty Images Embed)

Medidas restritivas

Além da proibição do uso de suas redes sociais, Bolsonaro também passa a usar tornozeleira eletrônica para ter seus passos monitorados, uma vez que a justiça enxerga risco de fuga do ex-presidente. O político do Partido Liberal também está proibido de sair de sua casa a noite e nos finais de semana, além de ter o contato com seus filhos, diplomatas e outros investigados restringidos.

Perícia em pen drive ligado a Bolsonaro aponta conteúdo irrelevante, diz PF

A perícia realizada no pen drive encontrado no banheiro da casa de Jair Bolsonaro (PL) foi concluída. A Polícia Federal informou que o dispositivo não possui informações úteis para a investigação de crimes contra o Estado Democrático de Direito, que recentemente o ex-presidente foi apontado em alegações da PGR. O jornalista César Tralli, da TV Globo e GloboNews, trouxe essa informação com exclusividade nesta segunda-feira (21).

Na sexta-feira (18), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a operação da Polícia Federal na residência de Bolsonaro, que passou a usar tornozeleira eletrônica e recebeu novas restrições, como a proibição do uso de redes sociais e do contato com familiares. O pen drive foi encontrado durante a revista no banheiro.

Bolsonaro está usando tornozeleira eletrônica

Bolsonaro, entretanto, se defendeu, dizendo não saber do que se tratava o pen drive e que ficou surpreso com a existência do objeto em seu banheiro. Em coletiva de imprensa realizada na sede da Polícia Federal, ele afirmou que perguntaria à sua esposa, Michelle Bolsonaro, se o pen drive era dela. “Eu não tenho nem laptop em casa para mexer com pen drive. A gente fica preocupado com isso”, comentou. Ele ainda chegou a dizer que era preocupante um agente pedir pra usar o banheiro e voltar com um pen drive na mão.


Ato pró-Bolsonaro contra medidas do STF e PGR ao ex-presidente (Foto: reprodução/X/@ErikakHilton)

As medidas restritivas ao ex-presidente foram determinadas após a divulgação das alegações finais da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre cinco crimes pelos quais Bolsonaro e alguns aliados são acusados. O órgão também pediu uma condenação de até 43 anos de prisão para o ex-presidente. O procurador Paulo Gonet apresentou o relatório na semana passada, em meio a ataques de Donald Trump ao Brasil por conta da investigação envolvendo Bolsonaro.

Perícia do pen drive de Bolsonaro

A perícia foi realizada na sede da Polícia Federal ainda na sexta-feira (18), e os dados estavam previstos para serem encaminhados à investigação nesta segunda-feira (21). Até então, o laudo era mantido sob sigilo.

Eduardo Bolsonaro terá falas com ameaças à PF inclusas em processo

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro voltou a causar no meio político após proferir falas em tom ameaçador a delegados da Polícia Federal e ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, em live realizada em suas redes sociais neste domingo (20).

Na mesma transmissão, o político também afirmou que não pretende voltar ao Brasil e não irá renunciar ao seu mandato pelos próximos três meses.

Ameaças durante live no YouTube

Neste domingo (20) Eduardo Bolsonaro voltou às redes sociais e fez novas ameaças a Polícia Federal e ao STF. Os alvos foram os delegados da instituição e o ministro Alexandre de Moraes, que participam das investigações contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de estado.

Em determinado momento da transmissão, o deputado federal licenciado chegou a usar um tom intimidador ao se referir aos funcionários da PF, dizendo que iria se “mexer” para prejudicá-los futuramente. “Deixa eu saber não, irmão. Se eu ficar sabendo quem é você, eu vou me mexer aqui”, ameaçou. Eduardo ainda usou um tom pejorativo ao se referir ao funcionário como “Cachorrinho da Polícia Federal”.

Em dado momento, citou o nome de Fábio Alvarez Shor, um dos delegados envolvidos nas investigações contra o ex-presidente Bolsonaro, perguntando se ele os conhecia, se referindo a sua família. “Eu to disposto a ir até as últimas consequências. Será que o Barroso tá?”, afirmou. As ofensas também foram voltadas ao ministro do STF. “O Alexandre Moraes é um psicopata, ele não é uma pessoa igual a você”, disse o deputado afirmando que não iria recuar e que não está sozinho.


Eduardo Bolsonaro volta a ameaçar autoridades brasileiras (Foto: reprodução/Tomas Cuesta/Getty Images Embed)

Ameaças serão incluídas em processo

Diante das graves ameaças, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues afirmou que as falas ofensivas e intimidadoras serão inclusas ao processo no STF contra o parlamentar. “Recebi com indignação mais essa covarde tentativa de intimidação aos servidores policiais. Vamos instruir o inquérito em andamento, com mais esse ataque às instituições (agora diretamente a PF), fato que se soma aos demais sob investigação”, disse Andrei Rodrigues.

Eduardo Bolsonaro é acusado de articulação com o governo norte-americano na aplicação de sanções econômicas ao Brasil, em troca do aceite da anistia ao seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro e aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2022. Outras acusações contra Eduardo Bolsonaro incluem atentado a soberania brasileira, coação no curso do processo e obstrução de investigação de infração.

Sua licença parlamentar venceu no domingo (20) e durante a live, o deputado disse que não iria voltar ao Brasil, já que corre o risco de ser preso, e pretende estender o seu afastamento por mais três meses. Nesta segunda-feira (21), o político voltará a receber seu salário parlamentar, que é de R$ 46,3 mil por mês.

Bolsonaro afirma não saber sobre pen drive encontrado pela Polícia Federal

O ex-presidente Jair Bolsonaro declarou, em coletiva realizada na sede da Polícia Federal, em Brasília, nesta sexta-feira (18), que um dos agentes responsáveis pela operação de busca e apreensão em sua residência encontrou um pen drive escondido no banheiro. Ele afirmou estar surpreso com a existência do objeto e disse que perguntará à sua esposa, Michelle Bolsonaro, se o dispositivo lhe pertence.

Operação na casa de Bolsonaro

Em operação da Polícia Federal realizada na manhã desta sexta (18), em endereços relacionados ao Partido Liberal e na casa do ex-presidente em Brasília, além do pen drive, o celular, uma cópia de ação contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e US$ 14 mil foram apreendidos na residência de Bolsonaro.

Além de permitir a operação da Polícia Federal, a decisão de Alexandre de Moraes determinou algumas medidas cautelares contra o ex-presidente. Entre elas, Jair Bolsonaro fica a proibido de acessar suas redes sociais e de manter contato com emissários estrangeiros, investigados e réus; obriga que o político use tornozeleira eletrônica e que ele permaneça em casa durante a noite e os fins de semana.


Bolsonaro em coletiva após colocar tornozeleira eletrônica (Foto: reprodução/Evaristo Sa/Getty Images Embed)

Segundo o documento de Moraes, Bolsonaro atentou contra a soberania do Estado Brasileiro. “A investigação comprovou a participação de JAIR MESSIAS BOLSONARO nas condutas criminosas, não só incitando a tentativa de submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado, com clara afronta à soberania nacional”, diz a decisão.

Nota da defesa de Jair Bolsonaro

A defesa do ex-presidente declarou, em nota, que as medidas contra Jair Bolsonaro são severas e que não há evidências que justifiquem a decisão. “A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário”, declarou a defesa.


Bolsonaro e seus advogados de defesa em julgamento no STF (Foto: Antonio Augusto/STF)

Os advogados também argumentam que o envio de mais de R$1 milhão para Eduardo Bolsonaro pelo ex-presidente, ação entendida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como indício de possível interferência em investigações, ocorreu antes da investigação vigente e que não é motivo para a determinação contra Bolsonaro.

Moraes ordena que PF ouça advogados de Bolsonaro em inquérito sobre obstrução

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (25) que a Polícia Federal inicie, em até cinco dias, o interrogatório dos advogados Fábio Wajngarten e Paulo Cunha Bueno, ambos ligados à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, por suposta obstrução às investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado. A decisão ocorreu após a apresentação de documentos pela defesa do delator Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que apontam tentativas de interferência nos depoimentos e contato com familiares do delator.

Moraes também determinou que a PF inclua nos autos do inquérito a extração e categorização de dados do celular da filha adolescente de Cid, que, segundo as acusações, foi contatada por Wajngarten e Bueno com o objetivo de influenciar depoimentos. A suspeita é de que os advogados teriam buscado direcionar os depoimentos para beneficiar Bolsonaro ou aliados.

Acusações envolvem contato com menor e familiares

Os documentos entregues à PF indicam que Eduardo Kuntz, advogado de outro investigado, Marcelo Câmara, teria enviado mensagens via WhatsApp à filha de Cid, sugerindo que ela convença o pai a apagar conversas comprometedoras, além de tentar marcar um encontro “em local seguro e confortável”. Ainda segundo o delator, Kuntz teria se aproximado da mãe de Cid, Agnes, em eventos sociais, com a finalidade de persuadi-la a trocar a representação legal de seu filho.



Wajngarten, que deixou a defesa de Bolsonaro em julho de 2023, também teria tentado contato com a família do ex-ajudante, incluindo a esposa e filha adolescentes, numa série de tentativas consideradas “intensas”. O objetivo seria evitar que depoimentos contrários ao ex-presidente fossem prestados, condutas que, conforme Moraes, configuram possível crime de obstrução de inquérito que envolve organização criminosa.

Defesa nega irregularidades

Em suas manifestações à imprensa, tanto Kuntz quanto Wajngarten defenderam sua conduta. Kuntz afirmou que manteve conversas com a família de Cid durante um evento de equitação apenas para garantir uma vaga da filha do delator em competições, rejeitando qualquer vínculo com o andamento do processo em si.

Wajngarten, por sua vez, reagiu à decisão com tom de indignação. Em publicação nas redes sociais, afirmou que a ordem de Moraes criminaliza o exercício da advocacia e questionou a exposição pública da medida, que estaria baseada em motivos ainda sigilosos. Ele ressaltou que produzia relatórios diários de mídia para mais de 200 pessoas e que sua abordagem foi sempre pautada na legalidade.

Próximos passos e impacto no processo

Com os advogados já devidamente intimados, a PF deverá colher os depoimentos dentro do prazo estipulado. Também será examinado o conteúdo do celular da jovem, para averiguar a existência de evidências sobre tentativas de manipulação. Esses elementos devem reforçar ou refutar a acusação de que a defesa de Bolsonaro teria executado ações coordenadas para dificultar as apurações envolvendo o esquema de golpe.

Este desdobramento demonstra a amplitude do inquérito, que não se limita à análise de atos do entorno de Bolsonaro, mas também de sua estrutura de apoio jurídico. A medida reforça ainda o papel de Moraes na condução das investigações sobre ameaças ao Estado democrático e consolida a jurisprudência sobre o alcance do crime de obstrução quando envolve agentes com acesso a informações sensíveis.

Abin paralela: PF indiciou Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Ramagem por espionagem política

A Polícia Federal formalizou nesta terça-feira (17), o indiciamento do ex‑presidente Jair Bolsonaro, do vereador Carlos Bolsonaro e do deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, por participação em uma estrutura clandestina dentro da agência de inteligência (Abin) que teria atuado em espionagem política durante o governo 2019‑2022. O inquérito aponta que mais de 30 pessoas teriam integrado uma “organização criminosa” voltada à vigilância ilegal, incluindo interceptações de telefones, computadores e coleta de dados, utilizados para atacar adversários públicos e abastecer um esquema de desinformação online.

O relatório da PF foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob sigilo, cabendo agora à Procuradoria‑Geral da República (PGR) decidir se apresenta denúncia. Caso isso ocorra, o ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação, definirá se abre ação penal contra os indiciados. A acusação destaca também o uso irregular do software de rastreamento FirstMile, usado cerca de 60 mil vezes entre 2019 e 2023 para monitorar ministros do STF, jornalistas, ambientalistas e políticos.

Uso do software espião

Investigadores indicam que o programa israelense FirstMile, adquirido em 2018, foi empregado para rastrear localizações de telefones celulares, alimentando relatório sobre autoridades como ministros do STF (Moraes, Barroso, Fux, Toffoli) e políticos como João Doria, Arthur Lira e Rodrigo Maia. O material coletado teria sido direcionado a um “gabinete do ódio”, liderado por Carlos Bolsonaro, dedicado a produzir conteúdo de ataque e disseminar fake news nas redes sociais. A PF descreveu a operação como “criação de organização criminosa com monitoramento ilegal de autoridades e difusão de mentiras”.

Indiciados e próximas etapas do processo

Além de Jair, Carlos e Ramagem, foram indiciados o atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, seu número dois Alessandro Moretti, agentes ligados a Ramagem e membros do “gabinete do ódio”. A PF apurou suposta tentativa de obstrução da investigação por parte da atual direção da agência, com conluio para ocultar evidências. Agora, a PGR tem três caminhos: apresentar denúncia no STF, solicitar mais provas à PF ou pedir o arquivamento caso avalie insuficiência de elementos.


Post de Carlos Bolsonaro (Vídeo: reprodução/Instagram/@carlosbolsonaro)

Nas redes sociais, Carlos Bolsonaro se manifesta atribuindo culpa à Lula: “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”.

A denúncia se soma a outras investigações contra Bolsonaro, como a operação “Contragolpe” e a tramitação relacionada à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Essa nova fase pode resultar em processo liderado pela Corte Suprema e possível impacto no cenário eleitoral de 2026.