Abin paralela: PF indiciou Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Ramagem por espionagem política

Três líderes foram apontados como parte de esquema clandestino da Abin para monitorar adversários

17 jun, 2025
Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem | Reprodução/Valter Campanato/Lula Marques/Agência Brasil/Instagram/@carlosbolsonaro
Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem | Reprodução/Valter Campanato/Lula Marques/Agência Brasil/Instagram/@carlosbolsonaro

A Polícia Federal formalizou nesta terça-feira (17), o indiciamento do ex‑presidente Jair Bolsonaro, do vereador Carlos Bolsonaro e do deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, por participação em uma estrutura clandestina dentro da agência de inteligência (Abin) que teria atuado em espionagem política durante o governo 2019‑2022. O inquérito aponta que mais de 30 pessoas teriam integrado uma “organização criminosa” voltada à vigilância ilegal, incluindo interceptações de telefones, computadores e coleta de dados, utilizados para atacar adversários públicos e abastecer um esquema de desinformação online.

O relatório da PF foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob sigilo, cabendo agora à Procuradoria‑Geral da República (PGR) decidir se apresenta denúncia. Caso isso ocorra, o ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação, definirá se abre ação penal contra os indiciados. A acusação destaca também o uso irregular do software de rastreamento FirstMile, usado cerca de 60 mil vezes entre 2019 e 2023 para monitorar ministros do STF, jornalistas, ambientalistas e políticos.

Uso do software espião

Investigadores indicam que o programa israelense FirstMile, adquirido em 2018, foi empregado para rastrear localizações de telefones celulares, alimentando relatório sobre autoridades como ministros do STF (Moraes, Barroso, Fux, Toffoli) e políticos como João Doria, Arthur Lira e Rodrigo Maia. O material coletado teria sido direcionado a um “gabinete do ódio”, liderado por Carlos Bolsonaro, dedicado a produzir conteúdo de ataque e disseminar fake news nas redes sociais. A PF descreveu a operação como “criação de organização criminosa com monitoramento ilegal de autoridades e difusão de mentiras”.

Indiciados e próximas etapas do processo

Além de Jair, Carlos e Ramagem, foram indiciados o atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, seu número dois Alessandro Moretti, agentes ligados a Ramagem e membros do “gabinete do ódio”. A PF apurou suposta tentativa de obstrução da investigação por parte da atual direção da agência, com conluio para ocultar evidências. Agora, a PGR tem três caminhos: apresentar denúncia no STF, solicitar mais provas à PF ou pedir o arquivamento caso avalie insuficiência de elementos.


Post de Carlos Bolsonaro (Vídeo: reprodução/Instagram/@carlosbolsonaro)

Nas redes sociais, Carlos Bolsonaro se manifesta atribuindo culpa à Lula: “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”.

A denúncia se soma a outras investigações contra Bolsonaro, como a operação “Contragolpe” e a tramitação relacionada à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Essa nova fase pode resultar em processo liderado pela Corte Suprema e possível impacto no cenário eleitoral de 2026.

Mais notícias