Marca de azeite “Ouro Negro” é proibida a venda

Nesta segunda-feira (20), o governo federal proibiu a comercialização de todos os lotes de azeite da marca Ouro Negro. Foi decidido através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, vulgo Anvisa. Dito isso, foi proibida quaisquer vendas, distribuição, importação, propaganda e até mesmo a utilização do azeite desta marca. O produto foi desclassificado pelo Ministério da Agricultura e possui origem desconhecida.

Motivos da ação

De acordo com o comunicado governamental, o lote analisado apresentou contaminações ou adulterações que o impediram de atender às exigências legais para azeites. Entre os problemas apontados estão: ausência de rótulo correto, falhas na procedência do azeite-base e possibilidade de mistura com óleos vegetais de menor valor, além da diferença de preço, produtos irregulares e data de envase diferente, podendo trazer risco à saúde.

Outras marcas também proibidas

Além do Ouro Negro, houveram também mais de 20 marcas de azeites que foram proibidas a partir do início deste ano, tendo sido encontrado pela Anvisa e governo, os mesmos casos que culminaram na proibição dessas marcas. Desde o início de 2024, mais de 70 lotes de azeite foram para esse mesmo caminho, incluindo o Vale dos Vinhedos, Serrano, San Martín e Los Nobles, sendo este o mais recente, em setembro.


Algumas marcas de azeite (Foto: reprodução/Antonio Masiello/Getty Images Embed)

Impacto e Reação da empresa

Com a proibição, supermercados, mercearias, e-commerces que comercializem “Ouro Negro” foram notificados para remover o produto das prateleiras de imediato, sem possibilidade de reembalagem ou substituição sem nova autorização. O consumidor que ainda adquirir o produto após a suspensão tem direito à troca gratuita ou reembolso. A empresa responsável pela marca se comprometeu a colaborar com as investigações oficiais, enquanto avalia possibilidade de impugnar a medida. Ainda não está confirmado se haverá recolhimento voluntário dos lotes ou se serão tomadas ações judiciais.

Recomendações ao consumidor

O governo alerta aos consumidores para que verifiquem a procedência e os selos de certificação antes de comprar azeites, e que descartem o produto se identificarem a marca citada ou apresentarem selo vencido ou danificado. Consumidores que já adquiriram o lote proibido poderão acessar canais de atendimento disponibilizados pelo órgão regulador para reembolso.

Xi Jinping pede que países membros do Brics resistam ao protecionismo

Nesta segunda-feira (8), durante discurso na cúpula virtual do Brics, o presidente da China, Xi Jinping, pediu que as nações integrantes do bloco defendam o sistema de multilateral e resistam ao protecionismo.

O líder chinês também incentivou os países do Brics a explorarem suas próprias riquezas e cooperarem entre si em diversas áreas, como tecnologia, economia, e comércio.

Busca por autossuficiência

Durante a cúpula virtual do bloco, o líder chinês afirmou que quanto maior for a proximidade entre os países que integram o Brics, mais resistentes a riscos e desafios externos, estes estarão, além de ganharem mais resultados efetivos ao longo do percurso.

O discurso de Xi Jinping ocorreu em uma reunião convocada pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma vez que o Brasil está na presidência rotativa do bloco. O evento pretende discutir a respeito das melhores estratégias possíveis para atuar diante das elevações de tarifas praticadas pelo governo norte-americano.


Xi Jinping em exibição na cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) em Tianjin, China (Foto: reprodução/Qilai Shen/Bloomberg/Getty Images Embed)

Críticas de Lula

Além de Xi Jinping, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, também discursou durante o evento virtual. Diferente do líder chinês, que não citou diretamente os EUA, o chefe de Estado do Brasil considerou as medidas como uma “chantagem tarifária”, a imposição de tarifas de Donald Trump a produtos importados.

Para Lula, as elevações de taxas dos EUA está sendo normalizada como uma forma de se conquistar mercados e interferir nas questões políticas internas. O petista não limitou as críticas ao governo americano apenas na questão tarifária, como mencionou o fato de tropas americanas serem enviadas ao Mar do Caribe como algo negativo.

Diplomatas brasileiros envolvidos na cúpula disseram em entrevista que estavam surpresos com o fato dos EUA serem criticados por todos os países membros do Brics que foram representados no evento. Os norte-americanos possuem relações estreitas com algumas nações que integram o bloco, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

EUA derrubam isenção e apertam cerco a importações da Ásia

O governo dos EUA anunciou mudanças relevantes na política de importações de pequeno porte. A partir do fim de agosto, estará suspensa a chamada isenção de minimis, que até então permitia a entrada de mercadorias internacionais de até 800 dólares sem a aplicação de taxas alfandegárias.

A medida foi oficializada por uma ordem assinada pelo presidente Donald Trump, antecipando dispositivos previstos em lei que só entrariam em vigor a partir de 2027. Com isso, todos os pacotes que chegarem ao país por canais alternativos ao sistema postal internacional serão cobrados conforme a tabela tarifária vigente.

Governo cita emergência e proteção econômica

A Casa Branca informou que a decisão visa responder a “situações emergenciais” e garantir a sobrevivência de negócios e empregos nos Estados Unidos. O movimento está alinhado ao projeto legislativo One Big Beautiful Bill Act (OBBBA), que autoriza intervenções antecipadas para enfrentar desequilíbrios comerciais.

Para as encomendas que utilizarem os Correios, serão adotadas duas opções de tributação: uma taxa baseada no país de origem ou, durante um período de transição de seis meses, valores fixos entre US$ 80 e US$ 200, conforme o local de envio.


Trump discursa na Casa Branca (Foto: reprodução/Instagram/@potus)

 


Volume de pacotes explodiu em uma década

O número de remessas internacionais consideradas de baixo valor cresceu de maneira exponencial nos últimos anos. Segundo dados oficiais, o volume saltou de 134 milhões, em 2015, para mais de 1,36 bilhão em 2024. Atualmente, as autoridades alfandegárias processam cerca de 4 milhões dessas encomendas por dia.

Em maio, os EUA já haviam iniciado a cobrança de tarifas sobre remessas enviadas da China e de Hong Kong, o que impactou diretamente o fluxo aéreo vindo da Ásia. A queda nas entregas foi de 10,7%, de acordo com levantamento da agência Reuters.

Impacto direto sobre gigantes do varejo online

O novo modelo tributário tem como alvo principal o comércio eletrônico asiático de baixo custo, que cresceu nos últimos anos por meio de fretes rápidos e isenção fiscal. Em 2024, mais da metade das mercadorias enviadas da China para os Estados Unidos por via aérea, cerca de 1,2 milhão de toneladas, consistiam em encomendas de pequeno valor, frente a apenas 5% em 2018.

Plataformas como Shein e Temu, do grupo PDD, são algumas das empresas que mais se beneficiaram desse sistema e agora devem enfrentar aumento nos custos logísticos.

Parlamentares americanos aplaudem medida

A iniciativa também recebeu apoio no Congresso. O senador republicano Jim Banks, do estado de Indiana, afirmou que a decisão era necessária: “Durante muito tempo, produtos estrangeiros entraram no nosso mercado sem qualquer tipo de taxa, prejudicando o produtor local.”

Com o novo modelo, os Estados Unidos buscam equilibrar a concorrência internacional, fortalecer sua economia interna e restringir a influência crescente de plataformas estrangeiras no varejo digital americano.

Trump suspende decisão que limitava exportações de tecnológicos à China

Conforme o Financial Times (FT) informou, em reportagem publicada nesta segunda-feira (28), os EUA suspenderam as restrições para exportação de produtos de tecnologia para a China. A medida tem o intuito de fortalecer um possível acordo comercial entre as duas maiores economias do mundo.

A reportagem também confirmou que a decisão busca fazer com que o presidente norte-americano, Donald Trump, tenha um encontro com o líder chinês, Xi Jinping, ainda em 2025.

Decisão revista

Segundo o FT, o Departamento de Comércio, responsável pelo controle de exportação dos EUA, foi ordenado nos últimos meses a diminuir as medidas de forma rígida contra os chineses.

Anteriormente, Donald Trump, após assumir à Casa Branca pela segunda vez, limitou as exportações de produtos da área da tecnologia para os asiáticos. O governo até chegou a afirmar que bloquearia a exportação do chipH20 da Nvidia, empresa multinacional sediada na Califórnia, EUA, projetado para o mercado da China, após o ex-presidente norte-americano, Joe Biden, ter restringido chips mais avançados.

Neste mês, após conversas com o CEO e co-fundador da Nvidia, Jensen Huang, Trump reviu sua decisão e a gigante da tecnologia anunciou que as vendas de H20 para a China seriam retomadas.


Sede da Nvidia em Santa Clara, Califórnia, EUA (Foto: reprodução/Tayfun Coskun/Anadolu/Getty Images Embed)

Bandeira branca por três meses

EUA e China irão estender a trégua na chamada “guerra tarifária” por mais 90 dias. Conforme a reportagem publicada pelo jornal chinês “South China Morning Post” no último domingo (27), essa é a expectativa que se tem a respeito da terceira rodada de negociações entre os dois países detentores das maiores economias do mundo.

O primeiro dia do novo ciclo de conversas entre americanos e chineses ocorreu nesta segunda-feira em Estocolmo, capital sueca. O encontro ocorre às vésperas do dia 1º de agosto, data limite estabelecida por Trump para que aumentos de tarifas em exportações ocorra.

As conversas desse primeiro dia se encerraram por volta de 14h30, horário de Brasília. Representantes chineses afirmaram à imprensa que desejam que hajam respeito mútuo e reciprocidade entre as duas nações. Líderes dos dois governos voltam à se encontrar na próxima terça-feira (29), para um novo diálogo.

Abate de bovinos para os EUA é suspenso após tarifa de 50% de Trump

Grandes empresas como JBS, Marfrig e Minerva Foods suspenderam o abate de bovinos destinados aos Estados Unidos. A medida é uma resposta direta ao anúncio do presidente americano Donald Trump, em 9 de julho, de uma tarifa adicional de 50% sobre todos os produtos brasileiros, com vigência a partir de 1º de agosto. Essa imposição transforma a carne bovina brasileira em um produto inviável para o mercado americano, gerando um efeito dominó que atinge pecuaristas, frigoríficos e, em breve, pode influenciar o bolso do consumidor brasileiro.

A tarifa e seus primeiros efeitos

A decisão de Trump, comunicada por carta ao presidente Lula, é justificada pelo comércio com o Brasil não ser positivo e pela perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, dados do Ministério do Desenvolvimento indicam que os EUA têm um superávit comercial com o Brasil desde 2009. A tarifa de 50%, somada aos 26,4% já existentes para volumes acima de 65 mil toneladas, eleva o custo por tonelada da carne para cerca de US$ 8.590, inviabilizando qualquer competitividade.


Estoque de cortes de carne bovina frescos (Foto: reprodução/Getty Images Embed)

A paralisação do abate de gado com destino aos EUA é uma estratégia de sobrevivência. Cerca de 30 mil toneladas de carne bovina estão atualmente em portos ou a caminho dos EUA, e a tarifa pode gerar perdas financeiras maciças caso a exportação ocorra após 1º de agosto. Mato Grosso do Sul, um dos maiores exportadores, sente o impacto de forma aguda, com empresas como Naturafrig redirecionando sua produção para outros mercados, como China, Chile e o próprio Brasil. Segundo Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de MS, essa realocação rápida é um desafio, já que a carne é um produto perecível.

Perspectivas para a carne brasileira

Os Estados Unidos são o segundo maior comprador de carne bovina brasileira, atrás apenas da China. Em 2024, o mercado americano representou 18,42% das exportações de carne de Mato Grosso do Sul, movimentando US$ 235,5 milhões. A alta demanda americana se deve à redução do rebanho local, impactado por secas, o que tornava a carne brasileira, mais barata, essencial para produtos como hambúrgueres.

A consequência mais visível será o aumento do estoque de carne nos frigoríficos e a inevitável pressão para a queda dos preços no mercado interno. Isso pode beneficiar o consumidor final, mas trará perdas significativas para os pecuaristas, que verão a arroba do boi desvalorizar.

A longo prazo, a saída é buscar a diversificação de mercados, intensificando exportações para a Ásia (China, Japão, Coreia do Sul), Oriente Médio e África. No entanto, a adaptação a novos mercados exige tempo e investimentos em logística e em negociações comerciais, com a concorrência de outros exportadores, como a Austrália, tornando o cenário ainda mais complexo. O governo brasileiro, por sua vez, prioriza o diálogo diplomático para reverter a situação, considerando a Lei da Reciprocidade Econômica apenas como última alternativa, para evitar uma guerra comercial com um parceiro econômico tão relevante.

EUA voltará a enviar cartas de tarifas após 90 dias de trégua

Os Estados Unidos darão prosseguimento à sua estratégia protecionista empregada por Donald Trump. O governo americano começará a enviar cartas a cerca de 100 países informando quais tarifas entrarão em vigor, caso não haja um acordo comercial após o fim da trégua de 90 dias iniciada em 2 de abril.

Cronograma da trégua e imposição de tarifas

Em 2 de abril, Trump anunciou o chamado “Dia da Libertação”, implementando tarifas de 10% base, com taxas adicionais entre 25% e 50% sobre setores como aço, alumínio e automóveis.

No mesmo contexto, o presidente suspendeu essas tarifas por 90 dias para dar prazo às negociações.

O secretário de Comércio, Howard Lutnick, confirmou que as cartas começarão a ser enviadas na próxima segunda-feira, com vigência das tarifas a partir de 1º de agosto para quem não fechar um pacto.

Estratégia de pressão e acordos

Nas correspondências, a Casa Branca informará a alíquota específica a ser aplicada, variando de 10% a até 70% em casos mais extremos e o país alvo terá até 1º de agosto para negociar termos bilaterais. O Tesouro americano, por sua vez, enfatizou que esse envio de cartas faz parte de uma estratégia de “máxima pressão” para fechar acordos rapidamente.

Até agora, os EUA já selaram preferências com o Reino Unido e Vietnã, e firmaram uma trégua com a China. Negociações com a União Europeia, Japão, Índia e Brasil continuam em andamento. O Brasil, inclusive, já figura entre os 32 países que mantêm diálogo com a Casa Branca.

Impacto global e reação dos mercados

A perspectiva de novas tarifas elevadas entre 10% e 70%, até 70% em casos extremos, reacendeu temores de uma escalada protecionista, especialmente em produtos como automóveis, aço, alumínio e bens agrícolas. Os mercados reagiram com instabilidade, os futuros de Wall Street por sua vez registraram queda de cerca de 0,3% diante da tensão comercial.


Instabilidade do mercado com a tarifas (Foto: reprodução/ANGELA WEISS/Getty Images Embed)

Economistas alertam que esse “tarifaço” pode retardar o crescimento global e comprometer cadeias de suprimento, sendo a volta aos patamares de abril, sem acordo, um risco significativo.

Este movimento marca a intensificação da pressão econômica dos EUA sobre parceiros comerciais, em uma operação que combina diplomacia tarifária e timeline rígida. Para as economias globais, é um teste crucial no equilíbrio entre negociação e retaliação.

Brasil e Argentina firmam acordo que facilita comércio automotivo

Segundo publicação desta terça-feira (17) no Diário Oficial da União, o ministro e vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, assinou um novo acordo que visa facilitar o trânsito de automóveis de até cinco toneladas e o comércio de peças automotivas entre o Brasil e Argentina, facilitando as transações entre os países.

Novo acordo

Além de facilitar o transporte de mercadorias entre os países, o acordo também prevê a eliminação de taxas nas importações de autopeças, porém as empresas que se beneficiarão do decreto precisarão investir 2% do valor das importações em projetos de pesquisas no setor automotivo. 


Indústria automotiva (Foto: reprodução/NurPhoto /Getty images embed)

“Além de melhorar as condições de acesso a mercados e desonerar a importação de autopeças não produzidas localmente, o 46º Protocolo Adicional atualiza a classificação dos produtos e aprimora os critérios sobre regras de origem, que determinam se um item é realmente fabricado em um dos dois países”, afirmou o ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) ao comentar o 46º Protocolo Adicional ao Acordo de Complementação Econômica (ACE) nº 14 firmado este ano entre os países.

Até o momento, o comércio entre Brasil e Argentina conta com uma alta de 26% no valor arrecadado, em comparação com os resultados de 2024.

Benefícios para o comércio brasileiro 

De acordo com o ministro Geraldo Alckmin, o acordo irá proporcionar diversas oportunidades de pesquisa e desenvolvimento do mercado automotivo brasileiro, que atualmente ocupa a oitava posição no ranking mundial. A cooperação entre Brasil e Argentina, que tem o setor automotivo como um dos principais pilares no relacionamento comercial e que gerou cerca de US$ 13,7 bilhões em 2024, reduzirá os custos e aumentará a competitividade da indústria brasileira. 

O novo decreto também buscou trazer clareza para as especificações do ACE nº 14, promovendo uma maior segurança jurídica e facilitando a classificação dos produtos. Os novos protocolos deixam em evidência as diversas iniciativas de investimentos no setor, como o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que deve investir R$ 19,3 bilhões na indústria até 2028.