EUA derrubam isenção e apertam cerco a importações da Ásia

Governo dos EUA intensifica cobrança de tarifas sobre pacotes internacionais com objetivo de proteger empresas locais e conter avanço do mercado asiático

31 jul, 2025
Donald Trump | Reprodução/Instagram/@potus
Donald Trump | Reprodução/Instagram/@potus

O governo dos EUA anunciou mudanças relevantes na política de importações de pequeno porte. A partir do fim de agosto, estará suspensa a chamada isenção de minimis, que até então permitia a entrada de mercadorias internacionais de até 800 dólares sem a aplicação de taxas alfandegárias.

A medida foi oficializada por uma ordem assinada pelo presidente Donald Trump, antecipando dispositivos previstos em lei que só entrariam em vigor a partir de 2027. Com isso, todos os pacotes que chegarem ao país por canais alternativos ao sistema postal internacional serão cobrados conforme a tabela tarifária vigente.

Governo cita emergência e proteção econômica

A Casa Branca informou que a decisão visa responder a “situações emergenciais” e garantir a sobrevivência de negócios e empregos nos Estados Unidos. O movimento está alinhado ao projeto legislativo One Big Beautiful Bill Act (OBBBA), que autoriza intervenções antecipadas para enfrentar desequilíbrios comerciais.

Para as encomendas que utilizarem os Correios, serão adotadas duas opções de tributação: uma taxa baseada no país de origem ou, durante um período de transição de seis meses, valores fixos entre US$ 80 e US$ 200, conforme o local de envio.


Donald Trump faz discurso para convidados na Casa Branca durante seu mandato.

Trump discursa na Casa Branca (Foto: reprodução/Instagram/@potus)

 


Volume de pacotes explodiu em uma década

O número de remessas internacionais consideradas de baixo valor cresceu de maneira exponencial nos últimos anos. Segundo dados oficiais, o volume saltou de 134 milhões, em 2015, para mais de 1,36 bilhão em 2024. Atualmente, as autoridades alfandegárias processam cerca de 4 milhões dessas encomendas por dia.

Em maio, os EUA já haviam iniciado a cobrança de tarifas sobre remessas enviadas da China e de Hong Kong, o que impactou diretamente o fluxo aéreo vindo da Ásia. A queda nas entregas foi de 10,7%, de acordo com levantamento da agência Reuters.

Impacto direto sobre gigantes do varejo online

O novo modelo tributário tem como alvo principal o comércio eletrônico asiático de baixo custo, que cresceu nos últimos anos por meio de fretes rápidos e isenção fiscal. Em 2024, mais da metade das mercadorias enviadas da China para os Estados Unidos por via aérea, cerca de 1,2 milhão de toneladas, consistiam em encomendas de pequeno valor, frente a apenas 5% em 2018.

Plataformas como Shein e Temu, do grupo PDD, são algumas das empresas que mais se beneficiaram desse sistema e agora devem enfrentar aumento nos custos logísticos.

Parlamentares americanos aplaudem medida

A iniciativa também recebeu apoio no Congresso. O senador republicano Jim Banks, do estado de Indiana, afirmou que a decisão era necessária: “Durante muito tempo, produtos estrangeiros entraram no nosso mercado sem qualquer tipo de taxa, prejudicando o produtor local.”

Com o novo modelo, os Estados Unidos buscam equilibrar a concorrência internacional, fortalecer sua economia interna e restringir a influência crescente de plataformas estrangeiras no varejo digital americano.

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