Rússia descarta avanços rápidos em negociações de paz com Ucrânia

Porta-voz do Kremlin diz que não há perspectiva de solução imediata e acusa Kiev de falta de vontade para diálogo concreto

22 jul, 2025
 Encontro de negociação de paz entre Ucrânia e Rússia no escritório do presidente turco no Palácio Dolmabahçe em maio de 2025 em Istambul, Turquia | Reprodução/Arda Kucukkaya/Getty Images Embed
Encontro de negociação de paz entre Ucrânia e Rússia no escritório do presidente turco no Palácio Dolmabahçe em maio de 2025 em Istambul, Turquia | Reprodução/Arda Kucukkaya/Getty Images Embed

O governo da Rússia sinalizou nesta terça-feira (22) que não vê chance de avanços significativos em uma possível retomada de negociações de paz com a Ucrânia. Em declaração a jornalistas, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a sociedade não deve “esperar milagres” das tratativas, sugerindo que Moscou não acredita em uma solução de curto prazo para o conflito.

Não há razão para esperar qualquer avanço na categoria de milagres, é quase impossível na situação atual”, expressou Dmitry Peskov.

A fala ocorre após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter reiterado que não pretende dialogar diretamente com a Rússia enquanto o país mantiver tropas em territórios ocupados. Do lado russo, Peskov acusou Kiev de não demonstrar interesse em conversas produtivas, além de criticar o Ocidente por, segundo ele, alimentar falsas expectativas de acordos.

Condições impostas complicam avanço

Segundo o Kremlin, a postura de Zelensky de recusar qualquer negociação direta com Moscou enquanto a Rússia não se retirar completamente de áreas anexadas torna inviável qualquer progresso imediato. Peskov ressaltou que a posição russa segue sendo a de manter “operações militares especiais” até que seus objetivos sejam alcançados.

A exigência de garantias de segurança e neutralidade da Ucrânia também permanece como ponto central para a Rússia, que considera qualquer cessar-fogo condicionado como inaceitável neste momento.


Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky (Foto: reprodução/Justin Tallis/Getty Images Embed)

Analistas internacionais avaliam que a fala de Peskov indica uma estratégia de manter pressão militar enquanto demonstra uma abertura superficial ao diálogo. Na prática, os dois lados se acusam mutuamente de inviabilizar qualquer encontro diplomático sério. Enquanto isso, aliados ocidentais reforçam o envio de armamentos e apoio financeiro a Kiev, alimentando tensões com Moscou.

Cúpula de paz sem presença russa

Recentemente, a Suíça sediou uma conferência internacional para debater possíveis caminhos de paz, mas a Rússia não foi convidada. O Kremlin, inclusive, classificou o evento como “improdutivo” e sem valor prático, alegando que qualquer solução sem participação russa é “vazia”. Peskov reforçou que Moscou só participará de diálogos que reconheçam suas demandas territoriais e de segurança.

Do lado ucraniano, Zelensky mantém o discurso de que qualquer acordo só será possível com a retirada completa das forças russas, inclusive da Crimeia, anexada em 2014. Diante das condições impostas por ambos os lados, líderes europeus temem que o conflito continue sem perspectiva de encerramento no curto prazo. Enquanto isso, a população civil segue enfrentando ataques, deslocamentos forçados e incertezas sobre o futuro da região.

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