Moradores recolhem corpos após operação no Complexo da Penha

Moradores dos complexos Penha e do Alemão recolhem dezenas de corpos à Praça São Lucas, no Rio, um dia após operação que matou mais de 60 pessoas

29 out, 2025
Moradores levam corpos para praça do Complexo da Penha | Reprodução/Gabriel de Paiva/O globo
Moradores levam corpos para praça do Complexo da Penha | Reprodução/Gabriel de Paiva/O globo

Moradores do Complexo da Penha e do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, levaram dezenas de corpos à Praça São Lucas nesta quarta-feira (29), um dia após uma das operações policiais mais letais da história do estado. Embora o governo tenha confirmado 64 mortes até o final da tarde de terça-feira, lideranças comunitárias afirmam que o número real pode ultrapassar 120 óbitos.

Corpos recolhidos e divergência nos números oficiais

Imagens e depoimentos de moradores registraram o momento em que corpos foram transportados da mata da região, conhecida pela trilha entre os dois complexos, até a via pública. Um ativista contabilizou mais de 60 corpos já na manhã desta quarta.

Segundo ele: “O cheiro, o grito — muitos familiares chegaram para identificar seus entes”. Por sua vez, o secretário de Segurança afirmou que os corpos levados por moradores “não haviam sido contabilizados no balanço oficial”.


 Operação nos complexos da Penha e do Alemão (Foto: reprodução/Instagram/thenews2)

Até hoje de manhã, o Governo do Estado havia afirmado que a operação teve 64 mortos, sendo dois deles policiais civis e outros dois do Batalhão de Operações Especiais, o BOPE, mas até o fechamento desta reportagem já foi registrado o encontro de 74 corpos descobertos na mata fazendo o número passar dos 130 mortos, se tornando a operação mais letal da história do Rio de Janeiro.

Operação policial e resposta comunitária

A ação policial, deflagrada na terça-feira (28), visava combater o Comando Vermelho e foi realizada nos dois complexos com uso de drones, bloqueios e confronto intenso. O governo do estado afirmou tratar-se da mais letal operação já registrada no Rio de Janeiro.

Em resposta, moradores e ativistas protestaram, denunciando falhas no processo de remoção dos corpos e cobrando transparência nos números oficiais.

Repercussões e implicações sociais

A situação gerou choque adicional na comunidade local e reacendeu o debate sobre a segurança pública nos territórios periféricos. Especialistas ouvidos por organizações de direitos humanos afirmaram que o incidente evidencia falhas estruturais na atuação policial e na contagem oficial de vítimas, apontando para a urgência de revisão nos protocolos de abordagem e uso da força.

O caso também acende alerta sobre a necessidade de investigação independente e de maior transparência nas operações realizadas em áreas de vulnerabilidade social.

Paralelamente, o governo estadual convocou uma reunião de avaliação das ações e prometeu laudo técnico sobre a operação, reforçando o compromisso de apresentar resultados em breve.

Movimentos sociais e representantes de comunidades, no entanto, cobram medidas concretas que vão além de relatórios, exigindo responsabilização e políticas públicas que priorizem a vida e o respeito aos direitos humanos.

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