Massacre em bar no Equador deixa 17 mortos
Homens armados matam 17 pessoas, incluindo uma criança, em bar em Guayas, escancarando a violência do narcotráfico e do crime organizado no Equador

No último domingo (27), um grupo de homens armados deu fim à vida de pelo menos 17 pessoas e feriu outras 11 em um brutal ataque a um bar na cidade de El Empalme, que fica na província costeira de Guayas, no Equador. O ocorrido chocou o país e reforçou a alarmante violência ligada ao narcotráfico e ao crime organizado. Entre as vítimas está uma criança de 12 anos.
A procuradoria equatoriana recuperou mais de 40 peças de evidência balística no local, indicando o uso de pistolas e fuzis. A ação, que também resultou na morte de outras duas pessoas a poucos quilômetros do bar antes do ataque principal, sugere seletividade dos alvos, em um cenário de retaliação entre facções.
Território de disputas sangrentas
Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador se tornou um corredor estratégico para o tráfico de drogas, gerando uma intensa disputa entre grupos criminosos. A província de Guayas, onde o ataque ao bar “La Clínica” aconteceu, é um epicentro dessa violência, com gangues como Los Choneros, Los Lobos e Los Pepes vivendo uma guerra territorial pelo controle do contrabando. A taxa de homicídios no país subiu de 6 para 38 a cada 100 mil habitantes de 2018 para 2024, com um pico de 47 em 2023. Em 2025, foram registrados 4.619 assassinatos nos primeiros seis meses, um aumento de 47% em relação ao ano anterior.
A polícia invade uma casa em busca de um membro de gangue em 13 de fevereiro de 2024 em Esmeraldas, Equador (Foto: reprodução/John Moore/Getty Images Embed)
O ocorrido se une ao rol de casos que ilustram a barbárie que assola o país, como o assassinato de 12 pessoas disfarçadas de militares em uma rinha de galos em abril, e os confrontos que mataram 15 pessoas em 12 horas em Manabí devido à extradição do traficante “Fito”, em julho. Ataques a velórios, cemitérios e massacres em prisões, que já vitimaram cerca de 500 detentos desde 2021, completam um cenário de profunda insegurança e desestabilização social.
Resposta do governo
Diante da crise, o presidente Daniel Noboa declarou “conflito armado interno” em janeiro de 2024, classificando 22 grupos criminosos como organizações terroristas. Medidas foram implementadas como estados de exceção, toques de recolher e o envio de 2.000 soldados a Manabí, em julho. O governo busca uma postura de linha-dura, inclusive com parcerias internacionais, como a “aliança estratégica” com Erik Prince, fundador da Blackwater, e um pedido de apoio de forças especiais de países aliados.
Em junho, a Assembleia Nacional aprovou a concessão de mais poderes legais ao governo, para desmantelar as redes de tráfico de drogas. No entanto, a violência persiste atingindo diretamente a vida dos equatorianos, que vivem com medo e são forçados a fechar seus comércios e restritos de circular em cidades como Guayaquil e Quito.