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Simone Tebet diz que está com dificuldade de contratar mulheres pretas para o Ministério do Planejamento

Segundo a ministra, que disse querer montar uma pasta diversa, essas mulheres são arrimo de família e os salários não são atrativos. Os nomes para a equipe serão anunciados posteriormente

05 Jan 2023 - 13h45 | Atualizado em 05 Jan 2023 - 13h45
Simone Tebet diz que está com dificuldade de contratar mulheres pretas para o Ministério do Planejamento Lorena Bueri

Simone Tebet, recém-empossada como Ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil no governo Lula, afirmou nesta quarta-feira (04), em Brasília, que quer montar a equipe de sua pasta com diversidade, mas que está “difícil” contratar mulheres pretas para trabalhar no ministério.

Segundo ela, essa dificuldade se dá ao fato de essas mulheres serem responsáveis pelo sustento de suas casas, o que impossibilita que elas saiam das cidades onde moram. Outro fator complicador, segundo Tebet, é que os salários oferecidos pelo ministério não são atrativos e isso não favorece a mudança de cidade.

Em conversa com os jornalistas, a ministra afirmou “Acho que a gente tem que prezar acima de tudo pela diversidade. Estou indo para uma pasta que hoje ainda é extremamente masculina. Quero não só ter mulheres, mas mulheres pretas. E a gente sabe, lamentavelmente, que mulheres pretas normalmente são arrimo de família. Trazer de fora de Brasília é muito difícil porque os salários são muito baixos”.

Devido a essa dificuldade, os nomes da equipe da pasta não serão anunciados de imediato. Tebet disse fizer questão de que o “ministério, dentro do possível, tenha de alguma forma a cara do Brasil, diversidade".


Simone Tebet em cerimônia de nomeação no dia 1º de janeiro (Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução)


Repercussão

Essa declaração dada pela ministra não foi bem-vista por alguns nomes do ativismo negro no Brasil. Cynthia Martins, jornalista, âncora e repórter do Grupo Bandeirantes de Comunicação, disse em seu Twitter, que esta busca pode estar acontecendo em locais errados. “Extremamente incomodada com essas falas da Ministra do Planejamento, Simone Tebet. Primeiro: talvez essa busca esteja sendo feita na mesma caixa de sempre, com pessoas brancas, ricas, oriundas da política e acadêmicas como ela”. 

“Foram falas que estigmatizam a mulher preta. Somos todas mesmo "arrimo de família"? Se o Ministro da Justiça, Flávio Dino, encontrou vários nomes negros pro seu ministério, vemos que não é tão difícil assim...”, completou a jornalista.

Nesse mesmo sentido, o advogado e professor de direitos humanos da Fundação Getúlio Vargas, Thiago Amparo, aconselhou a ministra a procurar dentro do próprio ministério. “Vi que pensa que 'é difícil' levar mulheres pretas a Brasília. Comece por umas aí: 1) a pessoa que mais sabe sobre planejamento é Roseli Faria do seu ministério; 2) o TCU tem um comitê de equidade”, também afirmou via Twitter.

Para ele, existe sim uma desigualdade no serviço público, mas não é possível argumentar que não existem profissionais. “Só de nome, conheço redes de economistas negros/as, conheço muitas alunas negras da FGV Administração Pública. E há vários quadros negros em prefeituras e estados. A rede de líderes da The Lemann Foundation também pode conhecer”, completou.


Simone Tebet durante cerimônia de posse do Ministério do Planejamento e Orçamento (Foto: Evaristo SA/AFP via Getty Images)


O grupo Elas no Orçamento, uma iniciativa colaborativa, apartidária e voluntária criada por mulheres da área de Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas, elaborou uma lista de especialistas, em especial, de mulheres negras, entregue à Tebet nesta quinta-feira (05), pela Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, momentos antes da posse de Simone Tebet, realizada hoje à tarde. O grupo, através das redes sociais, esclareceu que "a lista formada compõe-se de mulheres em diferentes estágios de carreira, com experiências no setor público, privado e terceiro setor, de norte a sul do Brasil”, afirmou o Elas no Orçamento pelo Twitter.

 

Foto destaque: Dificuldade se dá ao fato de essas mulheres serem responsáveis pelo sustento de suas casas, segundo Tebet (Agência Brasil/Reprodução)

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