Após 6 meses de queda ininterrupta, a média de internações em UTI no estado de São Paulo volta a crescer graças a disseminação da nova variante Ômicron do Coronavírus desde dezembro de 2021. O número de internados em enfermarias também dobrou no estado em janeiro, especificamente, de 1.712, no dia 29 de dezembro, para 3.413 no dia 11 de janeiro. Com o aumento no número de casos o governador João Doria (PSDB), recomendou que eventos musicais, festas e jogos de futebol fossem realizados com apenas 70% do público e mediante comprovante de vacinação, entretanto, descartou novas restrições para o comércio e serviços.
Equipe de saúde cuida de paciente internado com Covid-19 na UTI do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, no dia 17 de março de 2021 (Foto: Divulgação/ Miguel Schincariol / AFP)
Conforme a Secretaria Estadual da Saúde neste sábado (15), entre os pacientes internados no hospital Emílio Ribas, em São Paulo, 76% não possui a vacinação completa contra o vírus. O hospital referência no tratamento de doenças contagiosas, apresenta 50 pacientes internados em enfermarias ou Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com suspeita ou confirmação de Covid-19, existindo também 30 pacientes que não se vacinaram ou não completaram a imunização.
No Estado de São Paulo os dados até dezembro de 2021 apontam que a maioria dos registros de pacientes graves não tem o campo sobre vacinação preenchido. Sendo assim, o cálculo do percentual de vacinados entre todos os internados com Covid no estado fica comprometido, visto que apenas uma parcela das fichas traz essa informação. Apesar disso, alguns hospitais privados e públicos, como o Emílio Ribas, realizam o próprio monitoramento.
Paciente faz teste de detecção da Covid-19 na UBS Humaitá, bairro de Bela Vista, região central da cidade de São Paulo na manhã desta quarta-feira (12). (Foto: Divulgação/SUAMY BEYDOUN/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO)
Para o pesquisador Márcio Bittencourt, mestre em saúde pública e professor da Universidade de Pittsburgh, o aumento nas internações mostra que os casos do governo estão abaixo do número real. "Basta ver as internações no estado, que estão aumentando: está faltando muito caso no balanço do governo de São Paulo", disse Bittencourt. Já para o pesquisador do Observatório Covid-BR e do Instituto de Biologia da USP, Paulo Inácio Prado, a mudança na proporção de casos em SP "é um forte indício de um problema na consolidação dos dados feita pelo estado".
Segundo especialistas a alta propagação da variante Ômicron ainda não foi traduzida completamente nos números de novos casos. Por conta disso o consórcio de veículos de imprensa passou a adotar a expressão "novos casos conhecidos". Além disso, para conhecer o número real de casos no país, seria necessário testar muito mais. Com tudo, a proporção de casos de cada estado costuma se manter similar à população de cada local.
Foto destaque: Coronavírus (Foto: Reprodução/saude.al.gov.br)