Após averiguar que a arma utilizada na execução da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes é de fabricação alemã, a Polícia Federal solicitou parceria do país e da fabricante para investigar a arma usada, para fazer a perícia de vestígios, mas acabou por desistir diante de tantas dificuldades colocadas por ambas.
Segundo a PF, o auxílio a "um especialista/perito da empresa H&K (Hecker & Koch GmbH) para participar dos trabalhos periciais a serem realizados" foi solicitado em março deste ano, com o objetivo de fazer a chamada "identificação reversa" a partir dos vestígios encontrados na cena do crime.
Resposta à Solicitação
A empresa alemã suspendeu a venda de armas ao Brasil após o caso Marielle, “... a HK não mais exporta armamento para o Brasil justamente em razão da suposta utilização de uma de suas armas no homicídio da vereadora e seu motorista' [...]" e, mesmo assim, segundo o delegado da PF, Guilhermo Catramby, a mesma enviou um documento depois da solicitação questionando se havia certeza de que a arma a ser periciada era mesmo de fabricação da HK.
Após a PF ter seguido com todos os trâmites legais e burocráticos do acordo de cooperação internacional, de ter recebido solicitação de acordo adicional por parte da Alemanha e de tal resposta da empresa, a mesma desistiu da cooperação, segundo ofício enviado em retorno.
Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. (Foto: Reprodução/TV Globo)
Outro problema
Outra situação que ainda permanece nebulosa em torno da questão da arma que matou Marielle e Anderson, é sua verdadeira origem, uma vez que Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz apresentaram discrepâncias em seus depoimentos neste quesito, principalmente em relação à cronologia.
Em sua delação, Élcio afirmou aos investigadores que Lessa havia lhe contado que a arma utilizada no crime seria uma submetralhadora, que ele mesmo usava quando fazia parte do Batalhão de Operações Especiais (Bope), e que esta faria parte do arsenal da corporação. Ronnie também haveria dito que comprara a arma, de alguém desconhecido, após o incêndio no paiol do Bope.
A questão é que tal incêndio teria ocorrido em 1982, porém a arma a que Lessa se refere só teria sido adquirida pelo Bope em 1983, ou seja, depois do fato. A PM relatou que não tem registro de tal arma em seu banco de dados por conta de um alagamento, em 2016, que destruiu os arquivos que poderiam conter a resposta. Segundo a PM, 1984 houve outro incêndio, onde se tem registro do sumiço de armas, mas que não correspondem com a arma usada no crime.
Foto destaque: Marielle Franco. Reprodução/CartaCapital