Em entrevista ao Journal du Dimanche, publicada no último sábado (1), o ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, afirmou que pelo menos 1.093 policiais e bombeiros foram feridos nos protestos contra a reforma da previdência, aprovada em 16 de março pelo presidente Emmanuel Macron sem o aval do Parlamento. De acordo com o ministro, estima-se que houve 2.579 incêndios criminosos e 316 ataques a edifícios públicos.
“A liberdade de manifestação é um direito fundamental. Quase todas as manifestações aconteceram sem incidentes. Mas a liberdade de manifestação não é a liberdade de manifestação violenta”, disse.
Darmanin negou as acusações acerca do uso excessivo da força contra os manifestantes, alegando que as autoridades intervieram apenas em protestos violentos. Para ele, o uso da força, “mesmo que de maneira robusta”, é legitimado quando “baderneiros profissionais” realizam manifestações violentas cujo objetivo seria “destruir propriedades e matar policiais”. O ministro, entretanto, também informou que 36 policiais estão sendo investigados por uso abusivo da força.
Départ de la manifestation contre la réforme des retraites à Paris de la Place de la République jusqu'à la Place de la Nation #greve28mars #Manif28Mars pic.twitter.com/cRlDlb6IJ1
— QG le média libre (@LibreQg) March 28, 2023
Imagens das manifestações em Paris. Reprodução/Twitter/@LibreQg
Na sexta-feira (31), um grupo de juristas franceses apresentou 100 denúncias contra “prisões e detenções arbitrárias” feitas durante os protestos contra a reforma da previdência. Segundo os advogados que compõem o coletivo, as prisões visavam “dissuadir as pessoas de exercer seu direito de manifestação e minar o movimento social”.
Os protestos ocorrem diante da insatisfação dos trabalhadores franceses em relação à proposta do governo de Emmanuel Macron para aumentar a idade da aposentadoria de 62 anos para 64 anos, de maneira gradual, até 2030. Com a medida, ainda será acrescentado um ano a mais de contribuição para que o benefício seja recebido no valor integral.
Desde que as manifestações começaram, quando a proposta da reforma da previdência foi apresentada pela primeira-ministra Élisabeth Borne, em 10 de janeiro, cerca de 100 a 300 pessoas foram detidas por dia de protesto.
Foto Destaque: Emmanuel Macron. Reprodução/ Instagram