No pleito do segundo turno das eleições para a presidência da Argentina, que ocorreu neste domingo (19), o economista de 53 anos de idade, Javier Milei, derrotou o atual Ministro da Economia do país, Sergio Massa, que, uma vez considerado culpado pela situação de calamidade em que se encontra a Argentina, não conseguiu convencer o povo de que seria capaz de resolver a situação.
Vida e posicionamento de Javier
Natural de Buenos Aires, Milei nasceu em 22 de outubro de 1970, cresceu no bairro Palermo, no seio de uma família um tanto polêmica. Teve uma infância marcada pela violência, tanto dentro de casa, quanto fora dela e, costumava dizer que era órfão de pai e mãe. Afirmou ter sofrido bullying na escola, e chegou a ser conhecido como “o louco”. Adotou o cabelo desarrumado ainda na adolescência, quando participou de uma banda cover dos Rolling Stones.
Fã de Donald Trump e Jair Bolsonaro, declarou antipatia ao povo brasileiro depois do resultado da última eleição no Brasil. E, realmente, seu comportamento e discursos se assemelham muito ao dos dois ex-presidentes, dos EUA e do Brasil, citados respectivamente: extremista, controverso e com visível falta de decoro.
Javier Milei com um discurso agressivo de uma estratégia de campanha (Foto: reprodução/X/Blog do Noblat)
Com poucas propostas plausíveis durante a campanha, a estrela de talk shows e famoso entre os internautas, ateve-se mais em reafirmar seus pontos de vista que são: solteiro adepto do “amor livre”, não crê em monogamia ou no modelo de família tradicional mas, afirma que a educação sexual é uma maneira de acabar com a família e também, é extremamente contra o aborto e a favor da venda de órgãos humanos, criando a possibilidade do surgimento de um “novo mercado”. Ele prega o armamento da população, assim como que, o discurso sobre as mudanças climáticas - que tanto vêm assolando o mundo - são uma “farsa da esquerda”.
Crente no ocultismo, o presidente argentino eleito afirma consultar o tarô, jogado por sua irmã, Karina Milei, para ter orientação sobre seus passos na política, assim como sobre quem são seus companheiros de trabalho. Segundo várias declarações feitas em programas de TV, Karina é quem desempenhará o papel de primeira-dama, uma vez que não é casado, e sua irmã, além de sua “guru”, também é a melhor pessoa que conhece.
Como Javier chegou a presidência
Desconhecido no campo político até 2018, o economista com ideais libertários, ganhou notoriedade através dos meios de comunicação. Após começar a expor sua forma de pensar e agir nas redes sociais, Milei ganhou tantos seguidores que começou a ser convidado para participar de programas com foco em temas polêmicos.
Em 2020, anunciou que se candidataria a presidência da Argentina em 2023 e, daí em diante, construiu uma trajetória de campanha muito parecida com a de Jair Bolsonaro. Admirado por muitos por falar o que pensa sem pudor ou restrições, de expor toda sua excentricidade com orgulho, ao mesmo tempo, em que chocou parte da população, também levou outros a não dar crédito a suas “bobagens”.
Entre os ideais polêmicos que defende, a base de sua campanha foi com propostas que visam a implementação do estado mínimo no país. Privatização das empresas públicas, o fim de ministérios como da saúde, educação e segurança pública; a troca do peso pelo dólar, moeda americana; assim como a desregulamentação do porte de armas, para facilitar o armamento da população e a passagem do controle das prisões para as forças armadas.
E, ainda em meio a uma crise econômica alarmante no país, onde 40% da população está abaixo do nível de pobreza e o desemprego impera no mercado, no campo trabalhista, Javier propõe acabar com as verbas rescisórias a fim de reduzir os custos para os empregadores.
O povo argentino, cansado da atual situação e dos velhos políticos, resolveu arriscar com o novo, na esperança de uma melhora de vida. Sergio Massa, após a derrota para Milei, já anunciou sua retirada da vida política.
Foto Destaque: Presidente eleito na Argentina, Javier Milei, com o povo durante a camapnha. (Reprodução/AFP)