Mato Grosso enfrenta uma crise ambiental sem precedentes, com um número alarmante de incêndios florestais registrados em março de 2024. O estado, conhecido por sua rica biodiversidade, abrigando partes significativas da Amazônia e do Cerrado, teve um total de 1.624 focos de incêndio, o maior número registrado no país durante o mês.
Este número não apenas coloca Mato Grosso no topo da lista de estados brasileiros em termos de focos de incêndio, mas também marca um recorde preocupante desde o início das medições. Desde janeiro, o estado acumulou 3.334 focos, o segundo maior total no Brasil, destacando um aumento significativo em comparação com os anos anteriores.
As queimadas normalmente são utilizadas para limpar grandes áreas agropecuárias (Foto: Reprdução/ NurPhoto/ GettyImages Embed)
Especialistas apontam para uma combinação de fatores que contribuem para essa situação crítica. As queimadas não autorizadas são uma causa principal, muitas vezes realizadas para limpar terrenos para agricultura ou pecuária, mas sem a supervisão e controle necessários. A seca prolongada e as altas temperaturas, exacerbadas pelo fenômeno El Niño, criam condições ideais para que esses incêndios se espalhem rapidamente e com intensidade.
Seca e fenômenos climáticos
A situação é agravada pela seca prolongada que afeta o país, com municípios como Rondonópolis, Barra do Garças e Sorriso declarando emergência devido à falta de chuvas. A redução no regime de chuvas desde 2019 tem impactado severamente o balanço hídrico, contribuindo para a seca e, consequentemente, para a propagação do fogo.
Meteorologistas alertam para a tendência de seca contínua neste ano, o que exige uma fiscalização mais rigorosa, especialmente durante o período proibitivo de queimadas, que começa em julho em Mato Grosso. Medidas preventivas adequadas são essenciais para evitar o uso do fogo durante o auge da seca e para garantir uma resposta rápida e eficaz em momentos de combate aos incêndios.
Fenômenos climáticos como El Niño e La Niña têm influenciado as condições meteorológicas, alterando os padrões de chuva e temperatura. Isso pode resultar em períodos mais secos e quentes, estendendo a duração e a intensidade dos incêndios.
Controle governamental
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT) reforça que, fora do período proibitivo, a queima controlada pode ser realizada com a devida autorização. Essa prática não só ajuda na limpeza de áreas, mas também serve como medida preventiva contra incêndios de grande escala. No entanto, a responsabilidade pela fiscalização de queimadas ilegais e incêndios florestais recai sobre o Corpo de Bombeiros, que possui autoridade para aplicar multas e conduzir investigações.
Foto destaque: O estado de Mato Grosso sofre com as queimadas (Reprodução/ Lucas Ninno/ GettyImages Embed)