Vaticano dispõe-se a mediar a guerra entre Rússia e Ucrânia
Papa Leão XIV declarou que a Santa Sé pode ser um lugar para os inimigos Putin e Zelensky conversarem e selarem a paz no conflito que já dura mais de três anos

Uma declaração do novo papa Leão XIV soou como um importante aceno da Igreja Católica para uma possível intermediação nas próximas negociações para pôr fim à guerra entre Rússia e Ucrânia. O pontífice disse nesta sexta-feira (16) que “a Santa Sé está sempre pronta para ajudar a reunir os inimigos, cara a cara, para que conversem entre si, para que os povos em todos os lugares possam mais uma vez encontrar esperança e recuperar a dignidade que merecem, a dignidade da paz”.
A posição oficial da Igreja de se dispor a ser a intermediadora de um acordo de paz foi confirmada nesta sexta-feira (16) pelo Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, em declaração ao veículo de comunicação italiano de Rádio e TV, RAI.
O Secretário disse também que Leão XIV tem intenção de eventualmente promover um encontro direto entre os líderes dos dois países, deixando o Vaticano à disposição como local para Putin e Zelensky conversarem na Santa Sé.
Parolin acrescentou que o Vaticano pode ser mesmo um lugar apropriado para a negociação.
Retrocesso no caminho pela paz
As palavras do líder máximo da Igreja vieram a rebote do balde de água fria que foi a ausência do presidente da Rússia, Vladimir Putin, nas conversações iniciadas nesta sexta (16) em Istambul, na Turquia, para se tentar chegar a um acordo de cessar-fogo.
O presidente russo, Vladimir Putin, participou do Fórum Internacional de Exposições da Rússia 2024 durante visita ao Centro de Exposições Pan-Russo, em Moscou, capital russa (Foto: reprodução/Contributor/Getty Images Embed)
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, quem propôs a reunião, chegou a viajar até o país especialmente para se encontrar com Putin. No entanto, o ucraniano desistiu de participar das reuniões de sexta-feira logo que soube que o líder russo não estaria presente pessoalmente. Zelensky deixou como substituto e líder da delegação de Kiev, o ministro da Defesa, Rustem Umerov.
| El presidente ucraniano, Volodímir Zelensky, llegó hoy a Turquía para reunirse con Recep Tayyip Erdoğan, justo después de que Vladimir Putin propusiera negociar un alto el fuego con mediación turca.
Zelensky, desafiante, lanza un mensaje directo a Moscú: "Estoy aquí. Creo… pic.twitter.com/UFdKWccJUj
— Radar Austral (@RadarAustral_) May 15, 2025
Imagens do desembarque do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy à Turquia e a recepção no aeroporto (Vídeo: reprodução/X/@RadarAustral_)
Já no lado da Rússia, só foram enviados representantes do segundo escalão do governo. Quem lidera a delegação é Vladimir Medinsky, o conselheiro de Putin.
Segundo o cardeal Pietro Parolin, a situação em Istambul está bastante difícil. Parolin disse que todos no Vaticano esperavam que as negociações para uma solução pacífica avançassem no encontro na Turquia, mesmo que lentamente. Só que a atual conjuntura significa um retrocesso na busca pela paz, o que força a retomar as conversas do início.
Negociações em Istambul
As negociações do confronto entre Rússia e Ucrânia iniciadas nesta sexta (16) na cidade turca contam com as delegações das duas nações, além de integrantes do governo dos Estados Unidos e da anfitriã Turquia. Até o fim desta edição, nenhuma autoridade local havia confirmado se haverá uma reunião cara a cara entre todos os presentes envolvidos.
De acordo com informações divulgadas na noite da última quinta-feira (15) pelo Ministério das Relações Exteriores da Turquia, inicialmente a rodada de negociações serão divididas da seguinte forma: representantes turcos, ucranianos e russos de um lado e, do outro, entre turcos, americanos e ucranianos.
Segundo o Ministro das Relações Exteriores, Hakan Fidan, não há confirmação se haverá um encontro entre EUA, Rússia, Ucrânia e Turquia simultaneamente.
A guerra declarada entre a Rússa e a Ucrânia já dura pouco mais de três anos, se a contagem for feita apenas a partir da maior e mais prolongada ofensiva dos russos contra a Ucrânia, iniciada em 2022, já que as primeiras hostilidades com ação armada datam do ano de 2014.
Foto Destaque: o papa Leão XIV acena do alto da sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, em Roma, capital italiana (Reprodução/X/@meioindep)