Irã afirma ter ‘sérias dúvidas’ sobre comprometimento de Israel com cessar-fogo

Chefe das Forças Armadas iranianas questiona cessar-fogo com Israel e reforça postura defensiva diante de possíveis ofensivas

30 jun, 2025
Conflito entre Isral e Irã começou no dia 13 de junho | Reprodução/MENAHEM KAHANA/Getty Images Embed
Conflito entre Isral e Irã começou no dia 13 de junho | Reprodução/MENAHEM KAHANA/Getty Images Embed

Após quase duas semanas de intensos confrontos, o Irã mantém uma postura cautelosa diante do cessar-fogo firmado com Israel. No último domingo (29), o general Seyyed Abdolrahim Mousavi, comandante das Forças Armadas iranianas, declarou que o país permanece cético quanto à durabilidade do acordo. Em conversa telefônica com o príncipe Khalid bin Salman, ministro da Defesa da Arábia Saudita, o general declarou que o Irã continuará vigilante e pronto para responder a qualquer possível ataque.

“Não fomos nós que iniciamos essa guerra, mas respondemos ao agressor com toda a nossa força”, declarou o general, segundo a agência semioficial iraniana Tasnim. Ele também frisou que, considerando a desconfiança em relação ao compromisso de Israel com o cessar-fogo, o Irã se manterá preparado para qualquer nova agressão.

Bombardeios israelenses marcaram início da guerra, com apoio posterior dos EUA

O conflito entre os dois países foi deflagrado em 13 de junho, quando bombardeios israelenses atingiram alvos estratégicos no Irã, resultando na morte de altos comandantes militares e de cientistas ligados ao programa nuclear iraniano. Israel alegou que os ataques tinham como objetivo barrar o avanço do Irã na produção de armamentos nucleares. O governo de Teerã, entretanto, rejeita essas acusações e afirma que seu programa nuclear é voltado exclusivamente para usos pacíficos, como a produção de energia.


Israel lança ataques contra o Irã (Foto: Reprodução/Majid Saeedi/Getty Images Embed)

No decorrer dos 12 dias de conflito, os Estados Unidos também se envolveram na ofensiva, realizando bombardeios contra três instalações nucleares em território iraniano, em 21 de junho. O governo do Irã, por sua vez, responsabilizou formalmente Israel e os EUA pelo início da guerra.

Em carta endereçada ao secretário-geral da ONU, António Guterres, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, exigiu que os dois países sejam reconhecidos como os responsáveis pela escalada e respondam por danos causados, incluindo compensações financeiras.

Preocupações nucleares e números da guerra

A controvérsia em torno do programa nuclear do Irã permanece como um dos principais fatores que alimentam o conflito. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que o Irã está enriquecendo urânio a 60%, bem acima do limite de 3,67% fixado no acordo nuclear de 2015, abandonado pelos Estados Unidos em 2018. Para fins militares, o enriquecimento necessário seria de 90%.

Enquanto isso, Israel mantém silêncio sobre seu arsenal, mas estimativas do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri) indicam que o país possui cerca de 90 ogivas nucleares.

Além disso, segundo o Ministério da Saúde do Irã, 627 pessoas morreram e cerca de 4.900 ficaram feridas nos bombardeios israelenses. Já em Israel, as autoridades locais contabilizam 28 mortes em decorrência dos ataques retaliatórios do Irã.

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