Trama golpista: condenados devem pagar mais de R$ 1 milhão em multas

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) fixou penas que somam 159 anos e 7 meses de prisão, além de R$ 1,15 milhão em multas, para os oito condenados do núcleo central da trama golpista que tentou desacreditar o sistema eleitoral e abrir caminho para um golpe de Estado.

STF define penas e multas para réus da trama golpista

Jair Bolsonaro recebeu a pena mais alta: 27 anos e 3 meses de prisão, além de multa de R$ 379,3 mil. Para o relator Alexandre de Moraes, o ex-presidente atuou como líder da organização criminosa, o que ficou evidenciado pelo uso de órgãos públicos (Abin e GSI) em ações ilegais, pela difusão de desinformação em atos públicos, a exemplo da live de 2021, e pelas manifestações de 7 de Setembro. Também foram apontados a chamada “minuta do golpe” discutida com militares e aliados, o planejamento da Operação Punhal Verde-Amarelo e as tratativas para a decretação de estado de sítio.

O general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, foi condenado a 26 anos de prisão e multa de R$ 149,3 mil. De acordo com Moraes, ele teve papel central na operação articulada para barrar a posse de Lula, além de exercer pressão sobre comandantes militares e assumir a coordenação de um gabinete de crise voltado a sustentar o golpe.

O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, foi sentenciado a 24 anos de prisão e multa de R$ 149,3 mil. Segundo o relator, ele foi o único chefe militar a aderir formalmente ao golpe, chegando a oferecer tropas a Bolsonaro e a se recusar a passar o comando ao sucessor, atitude considerada uma quebra da tradição das Forças Armadas.

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres recebeu 24 anos de prisão e multa de R$ 149,3 mil. Para Moraes, sua responsabilidade envolveu tanto omissões quanto ações diretas, como a tentativa de usar a Polícia Rodoviária Federal para dificultar o transporte de eleitores no segundo turno e manter em casa uma minuta de decreto golpista.


Alexandre de Moraes vota pela condenação de Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/UOL)

O general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, foi condenado a 21 anos de prisão e multa de R$ 125,4 mil. Segundo o relator, ele liderava um “gabinete de crise” para dar suporte institucional ao projeto golpista, com anotações e participação em reuniões estratégicas que evidenciaram seu envolvimento.

O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira foi sentenciado a 19 anos de prisão e multa de R$ 125,4 mil. Moraes destacou que, embora a pena tenha sido reduzida por tentativa de mitigar os efeitos do crime, Nogueira atrasou a divulgação do relatório das Forças Armadas que confirmava a normalidade das eleições, seguindo orientações de Bolsonaro.

O ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem recebeu 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão, além de multa de R$ 74,7 mil. Para o relator, ele transformou a agência em uma “central paralela de contrainteligência”, produzindo relatórios falsos que atacavam o sistema eleitoral e reforçavam as narrativas do então presidente.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, teve a pena reduzida por delação premiada e cumprirá dois anos em regime aberto, mantendo sua patente militar.

Bolsonaro e aliados recebem condenações históricas

No total, as penas aplicadas aos oito réus chegam a 159 anos e 7 meses de prisão, além de R$ 1,15 milhão em multas, valor calculado com base no salário mínimo de 2023, de R$ 1.320, corrigido pelo IPCA até agosto de 2025.

O ministro Alexandre de Moraes detalhou o papel de cada réu na trama que buscava minar o sistema eleitoral e viabilizar um golpe de Estado. O julgamento é histórico, sendo a primeira condenação de um ex-presidente por tentativa de golpe. Além das consequências imediatas, como o afastamento definitivo de Bolsonaro da política, o caso terá efeitos duradouros sobre as Forças Armadas, com três ex-comandantes militares entre os condenados.

Defesa de Bolsonaro reage com indignação após condenação do STF a 27 anos de prisão

A decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal contra Jair Bolsonaro (PL) provocou reação imediata de sua defesa, que manifestou “profunda indignação” com a sentença de 27 anos e 3 meses de prisão. Enquanto os advogados contestam a condução do processo e defendem que não houve tempo suficiente para analisar as provas, o caso reacende debates sobre limites da atuação judicial em processos envolvendo ex-presidentes e sobre a interpretação do que configura atentado contra o Estado Democrático de Direito.

Condenação e acusações

O ex-presidente foi condenado por diversos crimes graves, incluindo golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A pena atribuída a Bolsonaro é a mais alta entre os oito réus do processo, que investigou sua suposta participação na trama que culminou nos atos de 8 de janeiro.

Defesa manifesta discordância

Em nota oficial, os advogados Celso Vilardi e Paulo Amador da Cunha Bueno afirmaram que receberam a decisão “com respeito”, mas destacaram que discordam veementemente do resultado. Segundo eles, Bolsonaro “jamais participou de qualquer plano e muito menos dos atos ocorridos em 8 de janeiro”, reforçando a posição de que a condenação não condiz com os fatos.


Ex presidente Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/Alan Santos/PR)

Controvérsias processuais

A defesa também questionou o julgamento conduzido pela Primeira Turma do STF, alegando que o ex-presidente deveria ter sido avaliado em primeira instância ou pelo plenário do tribunal. Além disso, ressaltaram que a análise das provas foi prejudicada pela falta de tempo hábil, o que teria comprometido a atuação da defesa de forma definitiva.

Próximos passos da defesa

Após a publicação do acórdão, os advogados afirmaram que irão apresentar todos os recursos cabíveis, inclusive em instâncias internacionais. Enquanto isso, o caso mantém grande repercussão política e jurídica, com atenção voltada para os desdobramentos que podem influenciar o futuro de Bolsonaro e de outros réus no processo.

Bolsonaro pode cumprir pena em sala da PF

A eventual prisão de Jair Bolsonaro (PL) tem gerado movimentações discretas, mas estratégicas, nos bastidores do Supremo Tribunal Federal e da Polícia Federal. Para se antecipar a qualquer decisão judicial, a corporação organizou um espaço exclusivo em Brasília, preparado para receber o ex-presidente com segurança e privacidade. A medida evidência o cuidado das autoridades em lidar com figuras públicas de grande projeção, enquanto o destino de Bolsonaro ainda depende da análise de recursos apresentados pelas defesas.

Uma cela fora do comum

A sala reservada foi montada na Superintendência da PF no Distrito Federal e difere completamente das celas comuns do sistema prisional. O espaço inclui cama, cadeira, televisão e banheiro privativo, garantindo condições mais seguras e controladas para um ex-chefe de Estado. Fontes ligadas à corporação destacam que a adaptação segue protocolos já aplicados a autoridades de grande projeção pública.

O precedente histórico

A medida não é inédita. Em 2018, Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu parte de sua pena em uma instalação semelhante na sede da PF em Curitiba. À época, o argumento foi o mesmo: preservar a integridade do preso, evitar tumultos em presídios convencionais e minimizar riscos à segurança. Agora, a estratégia se repete, com a expectativa de que Bolsonaro, caso condenado em definitivo, receba tratamento parecido.


 

Ex-presidente Jair Bolsonaro no STF (Foto:Reprodução/Ton Molina/STF)

Papuda como alternativa

Embora a cela da PF esteja pronta, não está descartado que Bolsonaro seja encaminhado à Penitenciária da Papuda, em Brasília. Nesse cenário, ele ocuparia uma ala reservada, já utilizada anteriormente para políticos envolvidos no escândalo do mensalão e, mais recentemente, para parte dos acusados de participação nos atos de 8 de janeiro. Essa possibilidade, no entanto, divide opiniões: enquanto alguns defendem a necessidade de um espaço em presídio oficial, outros avaliam que a permanência sob custódia da PF oferece maior controle.

Recursos ainda em curso

Por enquanto, não há prazo definido para a execução de eventual pena. As defesas dos investigados ainda têm direito a apresentar recursos, incluindo pedidos de prisão domiciliar. Esses questionamentos serão analisados pela Primeira Turma do STF, e apenas após o julgamento é que poderá ser determinada a prisão. Ou seja, mesmo com toda a preparação, a decisão final pode levar tempo para sair.

Um gesto de antecipação

O simples fato de a PF ter organizado a sala já é interpretado como um movimento de antecipação. Mais do que preparar um espaço físico, trata-se de uma sinalização política e institucional: a de que, se houver ordem judicial, não haverá improviso. O episódio também reacende discussões sobre privilégios concedidos a ex-presidentes e a maneira como o Brasil lida com lideranças políticas após o fim do mandato.

Jair Bolsonaro: saiba onde o ex-presidente pode cumprir pena

Após a conclusão do julgamento do núcleo crucial, composto por Bolsonaro e seus aliados, pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o novo debate agora será onde eles devem cumprir a pena. Os réus devem recorrer das decisões tomadas.

Agora, os réus devem apresentar recursos, chamados de “embargos de declaração”, momento que será usado para esclarecer dúvidas, omissões, ou contradições. A apresentação de suas defesas deve ser feita somente ao Supremo.

Os possíveis destinos dos réus

Existem quatro hipóteses: prisão domiciliar, cela especial na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, presídio da Papuda e unidade militar. Já que o núcleo crucial conta com cinco miliares do exército (Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Augusto Heleno, general do Exército; Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército; Walter Braga Netto, general do Exército e Jair Bolsonaro, capitão do Exército) e dois delegados da Polícia Federal (Alexandre Ramagem e Anderson Torres), elimina a possibilidade de prisão em cela comum.

Quem não deve cumprir pena é o Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que assinou o acordo de delação premiada, sendo condenado a dois anos de prisão em regime aberto.


Possível destino do ex-presidente Jair Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/Rádio CBN)

Um destino provável de Bolsonaro é a cela especial na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, que conta com banheiro privativo, cama, cadeira e televisão. Modelo parecido com o local onde o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou durante sua prisão entre abril de 2018 e novembro de 2019 na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e o também ex-presidente Michel Temer, quando ficou quatro dias na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

A possibilidade do regime domiciliar

O ex-presidente, que no momento cumpre prisão domiciliar, após não cumprir medidas cautelares, impostas por Alexandre de Moraes, pode passar para o regime fechado, como diz no Código Penal. Devido à sua idade avançada e saúde debilitada, existe a possibilidade de um habeas corpus do regime fechado, fazendo com que Bolsonaro continue em sua residência, possuindo a tornozeleira eletrônica.

Zanin votou por reconhecimento de organização criminosa no caso trama golpista

Cristiano Zanin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), foi o último a votar na tarde desta terça-feira (11). O ministro julgou como reconhecimento de uma organização criminosa que envolveu o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e os sete réus na trama golpista.

Julgamento

O ministro Cristiano Zanin, que também é o presidente da primeira turma do Supremo Tribunal Federal, iniciou o último voto no julgamento, que se iniciou no dia 02 e ainda segue até o dia 12.

Durante sua declaração, Zanin que os “golpistas” objetivavam romper com o estado democrático de direito, e que de forma intencional utilizaram as forças armadas.

“Objetivavam romper com o Estado democrático de direito, valendo-se deliberadamente da concertação expressa a um desejado uso das Forças Armadas”, disse o ministro.

Zanin declarou que o grupo de réus havia estabelecido o prazo superior a um ano e que documentos apreendidos previam alguma trama. O plano era manter Jair Bolsonaro no poder.

“Grupo de réus constituiu e estabeleceu uma organização estável com duração superior a um ano, cujo planejamento descrito em inúmeros documentos previa ações coordenadas voltadas para a permanência – a revelia do processo eleitoral, pois da vontade popular no poder de Jair Bolsonaro.”, completou Zanin.


Cristiano Zanin, do STF, votou para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/Instagram/@cnnbrasil)

Quais ministros votaram a favor e contra a condenação

Contudo, 10 ministros já votaram até o momento. Os ministros Flávio Dino, Alexandre de Moraes,Carmen Lúcia votaram pela condenação de todos os réus. Inclusive a condenação de Jair Bolsonaro.

O ministro Luis Fux votou para absolver Jair Messias Bolsonaro e mais 5 réus. Em contrapartida, Luis Fux manteve voto para condenar Mauro Cid e Braga Netto, por entender que ambos teriam cometido crimes de abolição ao estado de direito.

Amanhã, sexta-feira (12) está previsto para ser o último dia do julgamento. Definida a condenação, os ministros entraram para discutir o tempo de pena.

Bolsonaro é sentenciado a 27 anos de prisão

Pela primeira vez no país, um ex-presidente é condenado à prisão em regime fechado. Primeira turma do STF determinou a prisão de Jair Bolsonaro, ex-presidente, por cinco crimes no cenário da trama que ele liderava para se manter no poder. Decisão foi tomada na tarde desta quinta-feira (11).

A prisão foi estabelecida por Alexandre de Moraes, relator do caso contra o chamado crucial da trama golpista.

Proposta de pena

Segundo a proposta de Alexandre de Moraes, Bolsonaro irá responder por Organização criminosa, com pena base de 5 anos e 6 meses de reclusão, Tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, com pena base de 7 anos e 6 meses, Golpe de Estado, com pena de até 10 anos e Dano qualificado com pena base de 3 anos de prisão mais 75 dias multa de um salário mínimo, Deterioração de patrimônio tombado, com pena base de 3 anos de reclusão mais 75 dias multa de um salário mínimo.


Alexandre de Moraes em julgamento de acusações de golpe (Foto: reprodução/ Bloomberg/ Getty Images Embed)

A soma das penas resulta em 27 anos e 3 meses de prisão, com 24 anos e 9 meses de reclusão, 2 anos e 9 meses de detenção mais 124 dias de multas de salário mínimo. Bolsonaro cumprirá inicialmente em Regime Fechado.


					

STF forma maioria para condenar Bolsonaro por 5 crimes

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal avançou no julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de integrar uma organização criminosa ligada à tentativa de golpe de Estado em 2022. Até agora, três ministros,  Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cármen Lúcia, votaram pela condenação, considerando Bolsonaro parte do núcleo central que planejou medidas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

A única divergência

O ministro Luiz Fux, porém, abriu divergência. Para ele, apenas Mauro Cid e Walter Braga Netto devem ser punidos, enquanto Bolsonaro e outros nomes, como Anderson Torres e Alexandre Ramagem, deveriam ser absolvidos. A decisão final dependerá do voto do ministro Cristiano Zanin, presidente da turma.


Imagem de Luis Fux ministro que votou a favor de Bolsonaro (foto:reprodução/x/@pedrorousseff)

Além de organização criminosa, a acusação inclui crimes como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, com penas que podem ultrapassar uma década de prisão.

Voto de Fux vira arma para oposição pautar anistia no Congresso

Por mais de 12 horas nesta quarta-feira(10), o Ministro Luiz Fux leu o seu voto no julgamento do núcleo principal da trama golpista. No voto, Fux condenou apenas Braga Netto e Mauro Cid e absolveu outros cinco réus, dentre eles Jair Bolsonaro.


Porém, o que mais chamou atenção foi o voto do juiz pela anulação do processo, alegando a incompetência absoluta do tribunal no caso, o que fez o projeto de anistia da oposição ganhar folego.

Oposição vê brecha para conseguir anistia

A oposição comemorou o voto de Luiz Fux e acredita que as alegações do ministro podem dar corpo ao projeto de anistia, que a oposição se esforça para pautar já na próxima semana.

Para o líder da oposição na Câmara dos Deputados, o deputado Sóstenes Cavalcante, do PL do Rio de Janeiro, o voto do ministro abre uma brecha para anistia por erro processual e para pedidos da defesa dos réus para anular o julgamento no futuro.


Voto de Luiz Fux vira combustível para projeto de anistia (Vídeo: Reprodução/YouTube/GZH)

Outros deputados da oposição comemoraram o voto postando trechos em suas redes sociais do voto de Fux apontando imparcialidade e injustiça no julgamento. Além disso, a defesa de que com a perca do foro privilegiado dos réus após o fim de seus mandatos faria com que o caso tivesse que ser julgado em primeira instância e não no Supremo Tribunal Federal.

Base Governista rebate argumento da Oposição

A base governista não recebeu bem o voto de Fux alegando que é uma derrota da democracia o voto do ministro pela absolvição porque deixaria os principais responsáveis pela tentativa de golpe de estado em liberdade mesmo com todas as provas.

Além disso, a oposição enxerga uma hipocrisia por parte do ministro, afinal o mesmo aceitou julgar pessoas que participaram dos atos golpistas do 8 de janeiro de 2023, dando inclusive pena máxima na maioria dos casos, mas defende que o contraditório também faz parte da democracia.


Reações ao voto de Luiz Fux foram de descontentamento (Vídeo: Reprodução/YouTube/Uol News)

Em se tratando de anistia, governistas veem no voto do ministro Flávio Dino argumentos suficientes para o projeto não ser pautado principalmente pela inconstitucionalidade do projeto.

Para o líder do governo na Câmara, o deputado Lindbergh Farias, do PT do Rio de Janeiro, o projeto de anistia não irá prosperar e também usa postagem feita pelo ministro do STF Gilmar Mendes na qual afirma que crimes contra o Estado Democrático de Direito não são suscetíveis de perdão.

Apesar de reconhecer que a oposição está feliz com o voto de Fux, deputados governistas afirmam que o ministro ficará isolado e que mesmo a oposição usando os argumentos de Fux, a proposta é inconstitucional e mesmo que passe no Congresso será revogada pelo Supremo.

Julgamento da trama golpista continua

Após o voto de mais de 12 horas do ministro Luiz Fux, o julgamento do núcleo principal da trama golpista segue nesta quinta-feira(11), mas começa apenas às 14h.

Nesta quinta, a ministra Carmen Lucia dará seu voto sobre o processo e logo após recita seu voto para condenação ou absolvição dos oito réus por dano qualificado por violência e grave ameaça, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado, organização criminosa e Golpe de Estado.

Até o momento, apenas Braga Netto e Mauro Cid já tem maioria para condenação no julgamento. Os outros seis réus, incluindo Jair Bolsonaro, estão por apenas um voto para serem condenados pelo crime.

Segundo interlocutores do Supremo, a ministra Carmen Lúcia deve formar maioria para a condenação de Bolsonaro e dos outros sete réus em todos os crimes dos quais são acusados.

Além disso, após a perplexidade pelo voto de Fux, a ministra deve fazer apontamentos com relação a trechos de votos do ministro. Durante todo o voto, foi possível ver Carmen Lúcia fazendo anotações e conversando com o relator do caso e vice-presidente do STF, o ministro Alexandre de Moraes.

Após o voto de Carmen Lúcia, é esperado que vote também o presidente da Primeira Turma do STF, o ministro Cristiano Zanin que de acordo com fontes, deve formar a maioria absoluta para as condenações de Mauro Cid e Braga Netto e 4×1 para Jair Bolsonaro e outros réus.

STF prossegue julgamento da trama golpista nesta quinta-feira

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quinta-feira, às 14h, o julgamento envolvendo a suposta conspiração golpista. Inicialmente, estava prevista uma sessão para o período da manhã, porém o encontro precisou ser adiado devido à extensão do voto do ministro Luiz Fux, que ultrapassou 11 horas, encerrando-se por volta das 22h30 da quarta-feira. Até o momento, ainda precisam apresentar seus posicionamentos os ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Na quarta-feira, Fux provocou uma divergência dentro da Primeira Turma do STF ao votar pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro em cinco crimes apontados na denúncia. O ministro argumentou que não existem evidências concretas que comprovem a liderança de Bolsonaro em uma suposta tentativa de golpe. Com o resultado parcial, o placar do julgamento apresenta-se em 2 a 1 a favor da condenação do ex-mandatário.

Fux questiona fundamentos da denúncia da PGR

Durante seu pronunciamento, o magistrado criticou duramente a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele destacou falhas na tipificação dos crimes, inconsistências na sequência de acontecimentos narrada pelo órgão acusador e erros formais que, segundo ele, poderiam resultar na nulidade do processo.


Ministra Cármen Lúcia prepara voto decisivo no julgamento da trama golpista (Foto: Reprodução/Instagram/@sarabononi)

A posição de Fux, considerada isolada dentro da Primeira Turma, surpreendeu até mesmo os defensores dos réus. O voto contrasta com aqueles proferidos pelos ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flávio Dino. Ambos haviam decidido anteriormente pela condenação de Bolsonaro pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito, participação em organização criminosa armada, dano qualificado ao patrimônio e deterioração de patrimônio tombado.

Divergência parcial impacta outros acusados

Embora o ministro Fux tenha apontado divergências ao longo da análise do processo, a intensidade e a extensão de sua discordância chamaram atenção. Sua decisão de absolver Bolsonaro não se estendeu a outros envolvidos: o general Braga Netto e o delator Mauro Cid, ex-assessor da Presidência, receberam condenações pelo crime de abolição do Estado Democrático de Direito.

O desfecho parcial evidencia a complexidade do julgamento e ressalta a importância das sessões ainda pendentes, que definirão o rumo final da análise sobre os atos relacionados à suposta conspiração. A atenção agora se volta para os votos restantes, que podem modificar o placar e, consequentemente, o resultado definitivo para os acusados.

Aliados de Bolsonaro veem voto de Fux como reforço à defesa

Para aliados de Jair Bolsonaro (PL), a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), de condenar o general Braga Netto pelo crime de tentativa de supressão do Estado Democrático de Direito, fortalece a narrativa apresentada pela defesa do ex-presidente: o suposto golpe teria como principal objetivo beneficiar integrantes das Forças Armadas.

Fux, por sua vez, absolveu Bolsonaro de todas as acusações que pesavam contra ele no STF, enquanto o julgamento resultou em 2 a 1 pela condenação de Braga Netto.

De acordo com a argumentação de Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro, em entrevista concedida ao Estúdio i em novembro de 2024, o ex-presidente não seria o beneficiário direto do plano; o principal favorecido seriam os militares envolvidos. Bueno destacou a existência do chamado “gabinete de crise”, liderado por Braga Netto e Augusto Heleno, como prova de que Bolsonaro não participava da conspiração de forma a se beneficiar. A Polícia Federal, porém, interpretou que a função desse gabinete era justamente assessorar o então presidente.

Quem realmente sairia favorecido

Segundo Bueno, caso o plano fosse executado, a maior vantagem não seria para Bolsonaro, mas para uma junta militar criada após a implementação do Plano Punhal Verde e Amarelo. Ele ressaltou que o ex-presidente não constava na estrutura dessa suposta junta e que não haveria qualquer benefício direto para ele. O advogado enfatizou que essa interpretação não era especulativa, mas estava documentada: o grupo de generais seria responsável por assumir o poder, enquanto Bolsonaro permaneceria excluído do controle do governo caso o plano se concretizasse.


Ministro Luiz Fux durante sessão no Supremo Tribunal Federal (STF) (Foto: Reprodução/Instagram/@joaobatistajr)

Na época da entrevista, a declaração repercutiu de forma intensa, causando irritação em Braga Netto, que chegou a sugerir a saída do advogado do caso — algo que Bolsonaro não chegou a acatar.

Plano Punhal Verde e Amarelo: detalhes do esquema

O Plano Punhal Verde e Amarelo, segundo as investigações, previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Além disso, incluía a criação de um gabinete de crise sob comando dos generais Braga Netto e Augusto Heleno, então à frente da Casa Civil e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O documento teria sido elaborado pelo general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Presidência, e chegou a ser impresso no Palácio do Planalto.