Saúde

Maioria dos não vacinados contra Covid-19 são crianças e adolescentes, diz IBGE

O medo é um grande motivo para os responsáveis optarem por não vacinarem os jovens, se tornando o segundo grupo com maior incidência de hospitalização, aponta estudo

25 Mai 2024 - 08h39 | Atualizado em 25 Mai 2024 - 08h39
Maioria dos não vacinados contra Covid-19 são crianças e adolescentes, diz IBGE Lorena Bueri

Divulgada nesta sexta-feira (24), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Covid-19, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que crianças e adolescentes são maioria entre os não vacinados contra a Covid-19. O medo das reações adversas por parte de pais e responsáveis é o principal motivo por trás da não vacinação do grupo, que abrange aqueles de 5 a 17 anos.

No primeiro semestre de 2023, o IBGE realizou um estudo abrangendo 210 mil domicílios em todos os Estados do país, envolvendo 200,5 milhões de pessoas. Entre os participantes, 38.395 tinham entre 5 e 17 anos e 162.089 eram maiores de 18 anos. O levantamento mostrou que 14,8% das crianças e adolescentes, cerca de 5,7 milhões, não haviam recebido nenhuma dose da vacina contra a Covid-19. Em contraste, apenas 3,4% dos adultos estavam na mesma situação.

Motivos apontados para a não vacinação 

Os responsáveis apontaram o medo de reações adversas como o principal motivo para a não vacinação (39,4%). Outros motivos incluíram: acreditar na imunidade natural (21,7%), desconfiança ou descrença na vacina (16,9%), recomendação de um profissional de saúde (6,4%) e a falta da vacina desejada (5,7%). Além disso, 9,8% dos entrevistados afirmaram que nenhuma dessas categorias explicava a não vacinação das crianças e adolescentes.
 
Vale destacar que a pesquisa incluiu apenas crianças a partir de 5 anos, já que o questionário foi criado em 2022, quando a vacinação estava limitada a essa faixa etária. A vacina contra a Covid-19 só foi incorporada ao calendário nacional de imunização para crianças a partir de 6 meses no início de 2024.
A vacinação para crianças iniciou no início de 2024 (Foto: reprodução/Agência Brasil)
 
Entre os adultos, 36% dos não vacinados citaram desconfiança na vacina como motivo. Medo de reações adversas foi mencionado por 27,8%, enquanto 26,7% acreditavam na imunidade natural. Apenas 3,8% seguiram recomendações médicas e 1,4% não encontraram a vacina desejada. Outros 4,3% indicaram razões diferentes para a não vacinação.
 
A pesquisa revelou que 11,2 milhões de pessoas, ou 5,5% dos entrevistados, não receberam nenhuma dose da vacina contra a Covid-19. Em contrapartida, 93,9%, ou 188,3 milhões de pessoas, receberam pelo menos uma dose. Entre os vacinados, 58,6% tinham todas as doses recomendadas, enquanto 38,6% ainda não completaram o esquema vacinal.

Mortalidade Infantojuvenil por Covid-19 no Brasil

Médicos concordam com os dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgados em março. Quatro anos após o início da pandemia, ainda ocorrem, em média, três mortes de crianças ou adolescentes a cada quatro dias no Brasil, devido a complicações da Covid-19.
 
Em novembro de 2023, antes da expansão da vacinação contra a Covid-19 para crianças a partir de 6 meses, especialistas entrevistados pelo Estadão destacaram a relevância dessa decisão. Eles ressaltaram que a Covid-19 está se tornando cada vez mais predominante entre as crianças, com um aumento notável de casos graves, aproximando-se do perfil dos idosos, anteriormente considerados o grupo de risco principal.
 
A análise do Observa Infância da Fiocruz, utilizando dados do Sivep-Gripe/Fiocruz das nove primeiras semanas anuais de 2021 a 2024, revela uma correlação entre a baixa cobertura vacinal e a persistência da mortalidade entre crianças. Até março deste ano, a taxa de vacinação entre os menores de 14 anos era de 11,4%, um pouco abaixo dos adultos, que registraram 14,9%.
A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia do Hospital Emílio Ribas, afirmou: “Neste momento, se você analisar os dados não só do Brasil, mas dos Estados Unidos também, o risco de casos graves e morte de crianças é praticamente comparável ao da população com mais de 80 anos. Nós, adultos, fomos vacinados, tivemos a doença ou ambos. As crianças foram muito menos expostas, resultando em uma menor imunidade natural, e sem vacinação, são um grupo muito suscetível”.
 
"Por receber de uma até quatro doses de vacina e/ou já ter tido a doença alguma vez, a população adulta brasileira, hoje, apresenta um quadro muito mais leve da doença em comparação com a era pré-vacinal", esclareceu o pediatra e infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Ele destacou que, por outro lado, as crianças que estão nascendo agora, momento em que a vacinação ainda era restrita a crianças a partir dos 5 anos, são o único grupo que não teve oportunidade de receber uma dose de vacina ou exposição ao vírus. Quando olhamos para as taxas de incidência, esse é o segundo grupo com maior incidência de hospitalização, perdendo apenas para os maiores de 80 anos, mas quase empatando.
 
Especialistas destacam que a disponibilidade das vacinas para crianças ocorreu após os adultos terem recebido duas doses ou mais, reduzindo a percepção de risco da doença. A inclusão dessas vacinas nas campanhas do governo federal, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi marcada por obstáculos e uma onda de desinformação. Esses fatores, segundo os especialistas, contribuíram para a dificuldade em alcançar índices vacinais satisfatórios.
 
Foto destaque: imagem ilustrativa de vacinação (Reprodução/Gov.br)
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