Anvisa mantém restrições do uso de PMMA como preenchedor estético
Anvisa mantém PMMA liberado para uso na saúde, mas não para estética devido riscos altos alertados por médicos como edemas, infecções e danos irreversíveis

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reafirmou sua posição sobre o uso do polimetilmetacrilato (PMMA) como preenchedor, mantendo a substância liberada no Brasil apenas para situações médicas específicas e não para fins puramente estéticos. Essa decisão é resultado de uma reavaliação motivada por um alerta emitido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Anvisa restringe uso do PMMA a fins médicos
Apesar da solicitação do CFM para suspender a produção e comercialização de preenchedores à base de PMMA no Brasil, a Anvisa concluiu que, até o momento, não há necessidade de medidas adicionais além das já implementadas, nem de alterações nas indicações de uso atualmente aprovadas.
Riscos e recomendações de entidades médicas
O PMMA é uma substância plástica não reabsorvível pelo organismo, utilizada como preenchedor em forma de gel. Em julho do ano passado, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) emitiu um comunicado ressaltando a importância da cautela, pois os resultados podem incluir reações indesejadas como inchaços locais, processos inflamatórios, reações alérgicas e a formação de granulomas. A longo prazo, muitos anos após a aplicação, também podem surgir complicações.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) também se posicionou contra o uso do PMMA. Reiterou que a aplicação da substância fora das orientações médicas é “extremamente perigosa” e alertou para complicações de difícil tratamento, como nódulos, massas, e processos inflamatórios e infecciosos que podem causar danos estéticos e funcionais “desastrosos e irreversíveis”.
Além disso, a sociedade médica aponta que estudos científicos indicam uma maior frequência de complicações graves, como necroses, cegueira, embolias e óbitos, com o PMMA em comparação com preenchedores absorvíveis.
Preenchimento líquido nos lábios (Foto: reprodução/ANWAR AMRO/ Getty Images Embed)
Cenário atual e a regulação
Um estudo publicado na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, por pesquisadores do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), apontou um aumento nos casos. Os autores citaram um censo de 2017 que registrou 17 mil ocorrências em um ano no país. Os pesquisadores destacaram a falha na regulação e fiscalização de centros de medicina estética no Brasil e também mencionaram o excesso de publicidade enganosa em mídias sociais.
Atualmente, dois preenchedores intradérmicos à base de PMMA são registrados no Brasil: o LINNEA SAFE, da Lebon Produtos Farmacêuticos Ltda., e o BIOSSIMETRIC, da MTC Medical Comércio Indústria Importação e Exportação de Produtos Biomédicos Ltda. É importante ressaltar que a manipulação de quaisquer produtos à base de PMMA em farmácias, incluindo preenchedores, bioestimuladores e outros produtos intradérmicos para uso estético, é proibida.