Saúde

Entenda a Hipertermia: O risco de morte por calor e seu impacto em condições de calor extremo

Hipertermia tem causado mais de 60 mil mortes na Europa. Londres tem sido um dos principais alvos. Falta de estrutura é um dos culpados diz paramédica brasileira.

11 Jul 2023 - 19h24 | Atualizado em 11 Jul 2023 - 19h24
Entenda a Hipertermia: O risco de morte por calor e seu impacto em condições de calor extremo Lorena Bueri

O funcionamento dos órgãos vitais está inteiramente entrelaçado com a proteínas absorvidas pelo o corpo, porém, o superaquecimento do corpo destrói essas proteínas, afetando o funcionamento adequado dos órgãos, assim, consequentemente, causando danos, e até mesmo mortes

A onda de calor intensa que passou pela Europa no verão de 2022 quebrou recordes e se tornou a mais quente da história do continente europeu. E, pela primeira vez na história, Londres chegou a registrar mais de 40°C. Logo, de acordo com um estudo realizado nesta segunda-feira (10) pela revista científica Nature Medicine, mais de 61 mil pessoas morreram no ano passado por conta do calor intenso no continente. 

Esse desequilíbrio térmico no corpo humano é chamado de “hipertemia”. Diferentemente da “hipotermia”, que é causada por baixa temperatura no corpo, a hipertermia é justamente o contrário, pois ela é causada por altas temperaturas. E, a partir dessa condição elevada de calor dentro do corpo, a saúde se degrada, proporcionando desidratação, desmaios ou até danos piores.  

Em uma entrevista ao G1 no ano passado, o clínico geral e especialista em medicina preventiva, Carlos Machado, explicou que há uma alteração de proteínas no sangue que, consequentemente, acaba afetando negativamente os órgãos vitais. 

 “O organismo começa a ‘cozinhar’ por dentro, desequilibrando todo o metabolismo”, simplificou o especialista. 

Os principais sintomas da hipertermia têm se destacado de acordo com a Priscila Currie, paramédica brasileira que atua em Londres, sendo eles: desmaios e desidratação com insolação. Pessoas com doenças cardiovasculares têm sofrido da mesma maneira, ressalta a paramédica. 

"Não é porque os britânicos são diferentes dos brasileiros. A infraestrutura é a questão, as casas foram feitas para manter o calor dentro, é um país frio. No verão, na Inglaterra, não costuma passar dos 33ºC e, mesmo quando passa, não dura o dia inteiro, chove depois. As crianças, ao crescer, aprendem a lidar com o frio, mas não com o sol", afirma a paramédica, formada pela St George’s University.



Priscila também ressaltou em entrevista para o G1 em 2022 o que todos nós crescemos ouvindo, que é: usar filtro solar, não ficar com a cabeça debaixo do sol e beber bastante água. 

"Aqui isso não é hábito, não entendem o perigo de ficar debaixo do sol a pino. O sol nasce às cinco da manhã e se põe às nove e meia da noite. É um dia muito longo, e de noite o calor começa a se dispersar dentro das casas, que não têm ar-condicionado", relata Priscila.

A paramédica brasileira também diz que não é somente culpa da onda de calor, mas também da falta de estrutura na cidade para esse tipo de situação. Pois o metrô, por exemplo, que vive há 158 anos de operação, não possui ar-condicionado, e a única ventilação é através do próprio movimento do transporte. 

"Uma estrutura bem-organizada previne mortes. Tem muita gente se afogando por mergulharem em locais não apropriados para o banho. Fora que, depois, teremos que lidar com as doenças provenientes da água, como infecções bacterianas e amebianas", comenta a paramédica.

A taxa de morte é relativamente alta se comparada com os Estados Unidos, que possui um clima semelhante ao da Europa, o clima temperado. Recentemente, foram registradas pelo menos 16 pessoas mortas por conta da elevada temperatura no país estadunidense. Aliás, o país norte-americano não tem contado somente com a onda de calor, mas também com incêndios florestais ocorridos ao sul do país por seu vizinho, o Canadá. 

Morrer de calor? Como é possível?

Há três tipos diferentes de hipertermia: a clássica, causada por excesso de exposição ao sol e ao calor; a de atividade física, que acontece quando o indivíduo faz um exercício e não consegue voltar a temperatura habitual; e a maligna, resultante de certos medicamentos, como analgésicos por exemplo.

A maioria dos casos atuais na Europa se classificam como hipertermia clássica, pois normalmente são situações onde os moradores estão acostumados a um clima ameno e, de repente, passam por grandes ondas de calor. 

"Uma pessoa que fica com temperaturas altas durante muito tempo sofre hemólise, que é a destruição dos glóbulos vermelhos. O corpo começa a alterar as proteínas sanguíneas, e temos que lembrar que tudo no nosso corpo é proteína. Anticorpos, células, glóbulos brancos, o plasma sanguíneo, tudo isso começa a ser desnaturado. (...) A frequência cardíaca sobe muito, rins, fígado e cérebro passam a ter dificuldade de funcionamento", explicou Carlos Machado, clínico geral especialista em medicina preventiva, ao G1. 

De acordo com o médico, a poçãozinha mágica para o problema se chama água. Pois a temperatura do organismo está totalmente ligada ao funcionamento dos rins, que regulam o volume de água dentro do corpo e a retenção de sódio, controlando a pressão. 

Principais sintomas

Os principais sintomas da hipertermia são: 

  • Fraqueza;
  • Transpiração excessiva;
  • Dores de cabeça;
  • Tontura;
  • Desmaios;
  • Cãibras;
  • Alucinações;
  • Náuseas e vômitos;
  • Convulsões;
  • Pressão arterial baixa;
  • Respiração curta e acelerada.

É válido ressaltar a importância do atendimento médico ao perceber esses sintomas, pois caso contrário, eles podem levar à morte. Geralmente, banhos gelados e o uso de ventiladores são os recomendados, porém, se isso não for eficaz, talvez seja necessário o uso de medicamentos.

Aliás, os medicamentos que regulam a temperatura do corpo contra a febre não surtem efeito contra a hipertermia, alerta a Rede D’Or, operadora independente de hospitais do Brasil.

Foto destaque: Uma mulher anda de frente à sede do Parlamento da Inglaterra durante onda de calor. Henry Nicholls/REUTERS

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