O Brasil enfrenta um sério desafio de saúde pública em meio à disseminação da dengue, com os últimos dados do Ministério da Saúde apontando para mais de 1,6 milhão de casos prováveis da doença em 2024. De acordo com o Painel de Arboviroses, divulgado na quarta-feira (13), o país registrou 467 mortes relacionadas à dengue.
Os óbitos estão predominantemente ligados a casos graves da doença, especialmente a dengue hemorrágica, que pode resultar em complicações sérias de saúde. Entre essas complicações, destaca-se a insuficiência renal aguda, uma condição que afeta cerca de 5% dos pacientes graves de dengue, segundo especialistas.
"Acreditamos que os principais mecanismos estejam associados a alterações hemodinâmicas, porém já foram encontradas, após injetarem o vírus da dengue em camundongos adultos, lesões glomerulares proliferativas na segunda semana de estudo", comenta Natália Daniel, nefrologista do Hospital BP (Beneficência Portuguesa), em entrevista.
As lesões nos glomérulos, estruturas microscópicas responsáveis pela filtração do sangue, podem levar à perda de proteína na urina e a redução da função renal. Além disso, o choque relacionado à dengue também é uma possibilidade em casos graves da infecção, embora as causas exatas ainda estejam sob investigação.
A insuficiência renal tem se mostrado como um sintoma preocupante para quem está com dengue (Foto: reprodução/Freepik)
Insuficiência Renal e suas consequências
A insuficiência renal aguda é caracterizada pela rápida deterioração da capacidade dos rins de filtrar resíduos, sais e líquidos do sangue. Isso pode levar a um acúmulo de substâncias nocivas no sangue, afetando sua composição química.
Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) revelam que mais de 700 mil pessoas morreram no Brasil devido à insuficiência renal entre 2006 e 2019. Homens, especialmente aqueles com idade avançada e histórico de febre hemorrágica, diabetes, obesidade ou doença renal crônica prévia, estão mais propensos a desenvolver essa condição.
Sintomas da doença
Os sintomas da insuficiência renal aguda incluem diminuição da produção de urina, retenção de líquidos, sonolência, falta de ar, perda de apetite, fadiga, confusão mental, náuseas e vômitos. Em casos graves, podem ocorrer convulsões ou coma.
A Sociedade Brasileira de Nefrologia destaca que, em algumas situações, a insuficiência renal aguda pode ser assintomática, sendo detectada apenas por meio de exames de laboratório de rotina.
Foto Destaque: epidemia de dengue no Brasil já alcança a marca de mais de 400 mortes pela doença (Reprodução/Fiocruz)
