A maioria das mulheres aprende desde cedo que precisa ser forte. Dar conta de tudo. Estar sempre disponível. Cuidar de todos ao redor. Esse modelo de funcionamento, reforçado por gerações, resulta em uma sobrecarga emocional intensa, muitas vezes silenciosa. São mulheres que acordam já cansadas, lidam com prazos, responsabilidades, conflitos familiares e, ainda assim, sentem que nunca fazem o suficiente.
Em meio a essa pressão constante, muitas acabam desenvolvendo formas automáticas – e nem sempre saudáveis – de lidar com as emoções. Um doce depois de um dia difícil, uma compra impulsiva para aliviar a frustração, algumas taças de vinho para esquecer os problemas. A princípio, essas pequenas válvulas de escape parecem inofensivas, mas, quando se tornam recorrentes, podem gerar consequências profundas.
A psicóloga Tahiana Borges explica que a desregulação emocional está por trás de muitos comportamentos impulsivos e autodestrutivos. "Quando uma mulher está sobrecarregada e não consegue processar suas emoções de forma adequada, é natural que busque alívio imediato. O problema é que essas estratégias podem até trazer conforto no momento, mas, no longo prazo, criam novas dores, como problemas financeiros, de saúde e conflitos nos relacionamentos", alerta.
O ciclo da desregulação emocional: um problema que se alimenta
O grande perigo da desregulação emocional é que ela cria um ciclo vicioso. Quanto mais uma mulher sente que não tem controle sobre suas emoções, mais tende a recorrer a hábitos que apenas reforçam essa sensação de descontrole. O alívio momentâneo dá lugar à culpa, que gera mais estresse, alimentando novamente a busca por comportamentos impulsivos.
Além disso, a dificuldade em lidar com emoções intensas pode resultar em explosões de raiva ou, no extremo oposto, em um estado de entorpecimento emocional. "Muitas mulheres, ao perceberem que não conseguem mais lidar com a carga emocional que carregam, acabam se desconectando de suas próprias emoções. Elas não choram, não sentem alegria genuína, apenas seguem no automático", explica Tahiana.
Psicóloga Tahiana Borges (Foto: reprodução/divulgação)
Essa desconexão tem impactos significativos na saúde mental e no bem-estar. Transtornos como ansiedade, depressão e compulsões costumam ter, como base, uma dificuldade em gerenciar emoções de maneira funcional. Relacionamentos também sofrem, já que a falta de equilíbrio emocional pode levar a reações exageradas ou à incapacidade de estabelecer vínculos saudáveis.
O caminho para recuperar o equilíbrio emocional
A boa notícia é que a regulação emocional pode ser aprendida. Diferente do que muitas mulheres acreditam, não se trata de "controlar" ou "evitar" emoções, mas de compreendê-las e saber lidar com elas de forma saudável.
A psicoterapia tem um papel essencial nesse processo. "Cada mulher tem uma história, valores e desafios únicos. Por isso, o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. A terapia ajuda a identificar as estratégias mais eficazes para cada caso, permitindo que a mulher desenvolva recursos internos para lidar com suas emoções sem precisar recorrer a mecanismos prejudiciais", destaca Tahiana.
Práticas como mindfulness, respiração consciente, exercícios físicos e técnicas de reestruturação cognitiva são algumas das ferramentas que podem ser trabalhadas na terapia para fortalecer a regulação emocional.
Se você sente que está presa em um ciclo de exaustão e reatividade, saiba que é possível mudar. Acompanhe mais conteúdos sobre saúde emocional com a psicóloga Tahiana Borges no Instagram @tahianapsicologa ou acesse o site tahianaborges.com.br.
Foto destaque: Psicóloga Tahiana Borges (reprodução/divulgação)