Trump processa The New York Times em R$79 bilhões e o chama de ‘porta-voz democrata’

Presidente americano alega difamação e calúnia em ação que pede US$15 bilhões ao jornal; o processo inclui quatro jornalistas do veículo e a editora Penguin

16 set, 2025
Donald Trump e exemplar do jornal “The New York Times” | Reprodução/ Doug Mills/ Robert Alexander/ Getty Images Embed
Donald Trump e exemplar do jornal “The New York Times” | Reprodução/ Doug Mills/ Robert Alexander/ Getty Images Embed

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou com um processo por difamação e calúnia contra o jornal The New York Times, incluindo quatro de seus repórteres como réus, buscando uma indenização de US$ 15 bilhões (cerca de R$ 79 bilhões). A ação judicial foi protocolada na segunda-feira (15/9), em um tribunal distrital da Flórida.

Além do jornal, o processo também mira a editora Penguin Random House, que publicou um livro crítico a Trump. O livro tem como autores jornalistas do The New York Times e usa reportagens investigativas originalmente publicadas pelo jornal.

A decisão foi anunciada por Trump na Truth Social, plataforma da qual é dono, onde ele acusou o jornal de contribuir ilegalmente para a campanha de Kamala Harris, propagar mentiras sobre ele, sua família, seus negócios e seus movimentos políticos, como o “America First” e o “MAGA”.


Donald Trump anuncia processo contra 'The New York Times' (Texto: Reprodução/Truthsocial/@realDonaldTrump)

Detalhes do processo

Segundo documentos aos quais a agência de notícias Reuters teve acesso, o processo cita uma série de reportagens e um livro de 2024, publicado pela Penguin com o título “Perdedor Sortudo: Como Donald Trump Desperdiçou a Fortuna do Pai e Criou a Ilusão de Sucesso“. Conforme a acusação, as publicações teriam causado “enormes danos econômicos” à marca e à reputação de Trump.



Livro “Lucky Loser”, por Russ Buettner e Susanne Craig pela editora Penguin Random House (Foto: Reprodução/Amazon)

O processo alega que as reportagens teriam sido publicadas com conhecimento de que eram falsas, ou com “desrespeito imprudente à verdade”. A ação busca reparação pelos prejuízos financeiros e reputacionais que o presidente afirma ter sofrido em decorrência do que ele considera uma campanha de mentiras.



Manchete do após condenação de Donald Trump no caso Stormy Daniels (Foto: Reprodução/G1/Stephani Spindel)

‘Porta-voz do partido democrata’

Donald Trump atacou o jornal diretamente, chamando-o de “um ‘boca de sino’ virtual para o Partido Democrata de Esquerda Radical”. Ele afirmou que o veículo se “envolveu, por décadas, em um método de mentiras” contra ele. O presidente também criticou o apoio declarado do The New York Times à sua adversária, Kamala Harris, durante a eleição de 2024.


"The New York Times" coloca Kamala Harris como “única escolha possível” (Foto: Reprodução/GloboNews/Amanda Akashi)

Trump prometeu que o processo “exporá a corrupção e a parcialidade da mídia”, um tema recorrente em seus discursos e em sua relação com a imprensa.

Contexto e histórico

A ação não é a primeira de Trump contra o veículo. Em 2021, ele moveu uma ação de US$ 100 milhões contra o The New York Times e sua sobrinha, Mary Trump, devido a uma série de reportagens vencedoras do prêmio Pulitzer, que detalharam a origem da fortuna de Trump e suas manobras fiscais. Trump alegou que o jornal e sua sobrinha conspiraram para obter seus registros fiscais ilegalmente. O juiz concluiu que jornalistas são protegidos pela Primeira Emenda da Constituição Americana para relatar notícias de interesse público e arquivou o processo.

A nova ofensiva legal ocorre semanas após o jornal publicar uma série de reportagens sobre as ligações de Trump com o financista Jeffrey Epstein, condenado por esquemas de tráfico sexual e assassinado na prisão em 2019. O The New York Times ainda não se pronunciou oficialmente sobre a ação judicial.

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