Oposição ocupa Congresso em protesto contra prisão domiciliar de Bolsonaro
Parlamentares paralisaram os trabalhos no Congresso após a prisão domiciliar de Bolsonaro para exigir impeachment de Moraes e anistia aos acusados de golpe

Políticos da oposição, em sua maioria do Partido Liberal (PL) e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocuparam as mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal nesta terça-feira (5) em um protesto contra a prisão domiciliar imposta a Bolsonaro pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A ação paralisou os trabalhos legislativos no retorno do recesso, em resposta à decisão judicial que determinou a prisão do ex-presidente por suposto descumprimento de medidas cautelares. Com a ocupação, os parlamentares exigem a votação de pautas como o impeachment de Moraes e uma anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Embate entre o movimento e o STF
A manifestação, que começou na Câmara dos Deputados e se estendeu ao Senado, consistiu na ocupação das cadeiras da Mesa Diretora, impedindo que as sessões fossem abertas. Parlamentares usaram esparadrapos na boca, em um gesto simbólico de “mordaça” e defesa da liberdade de expressão.
O protesto gerou um clima de tensão e bate-boca nos plenários, com parlamentares de esquerda comparando a ação a um “novo 8 de janeiro” e acusando a oposição de tentar desestabilizar o Legislativo.
VEJA: Oposição ocupa as mesas da Câmara e do Senado em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro
— Alfinetei (@ALFINETEI) August 5, 2025
Base opositora exige solução para “pacificar o Brasil” (Vídeo: reprodução/X/@ALFINETEI)
As principais demandas do protesto, descritas como um “pacote da paz”, são a aprovação de uma anistia ampla, geral e irrestrita aos envolvidos nos atos golpistas de 2023, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, a quem acusam de abuso de autoridade, e a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o fim do foro privilegiado.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, declarou que a partir de agora é “guerra total” em resposta à escalada da crise entre o Judiciário e o ex-presidente.
Parlamentares do PL invadiram as mesas da Câmara e do Senado exigindo anistia a golpistas e impeachment de Moraes. Isso não é protesto, é chantagem! Querem sequestrar o Congresso pra salvar Bolsonaro. Democracia não se negocia!pic.twitter.com/3WXuuYUsan
— PT na Câmara (@PTnaCamara) August 5, 2025
Base governista critica ação a favor de Jair Bolsonaro (Vídeo: reprodução/X/@PTnaCamara)
Consequências políticas
O presidente da Câmara, Hugo Motta, que mudou seus planos de viagem e convocou uma reunião de líderes, teve de cancelar a sessão do dia. O mesmo ocorreu no Senado, com a sessão sendo impedida de abrir. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) defendeu a anistia como uma forma de “virar a página”, enquanto o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), prometeu pautar a anistia caso assuma a presidência da Casa.
A base governista criticou duramente a obstrução. Parlamentares como o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, argumentaram que a paralisação impede a votação de projetos importantes para o país.