Brasil deixa Aliança Internacional do Holocausto devido ao genocídio na Faixa de Gaza

Saída brasileira da IHRA ocorre simultaneamente ao apoio a ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça movida pela África do Sul contra Israel

29 jul, 2025
Presidente Lula | Reprodução/Ricardo Stuckert/Agência Brasil
Presidente Lula | Reprodução/Ricardo Stuckert/Agência Brasil

O governo do presidente Lula oficializou a retirada do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), da qual participava como membro observador desde 2021. A decisão, divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel e confirmada por fontes diplomáticas brasileiras, ocorre poucos dias após o anúncio da adesão formal do país à ação movida pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), acusando o governo de Tel Aviv de genocídio na Faixa de Gaza.

O Itamaraty argumentou que a permanência na IHRA exigia obrigações financeiras e participativas que não estariam alinhadas à atual política externa brasileira. Em reação, o Ministério das Relações Exteriores de Israel classificou a saída como “profunda falha moral”, afirmando que o Brasil abandonou o consenso internacional no combate ao antissemitismo em um momento em que o Estado judeu enfrenta ameaças à sua própria existência.

Histórico da adesão e justificativas do governo

O Brasil ingressou na IHRA como observador em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro, sem debate público. Desde então, deveria participar de reuniões plenárias e pagar contribuições anuais à aliança, o que gerava encargos financeiros e compromissos diplomáticos. O Itamaraty justificou que a permanência se mostrava incompatível com o alinhamento à defesa dos direitos humanos, especialmente após a decisão de apoiar a ação sul-africana na CIJ.


Corte Internacional de Justiça (Foto: reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)

A adesão ao processo judicial contra Israel foi baseada na constatação da Corte de medidas cautelares relativas à plausibilidade de genocídio na Faixa de Gaza e da necessidade de não omissão diante de violação de direitos dos palestinos.

Reações de entidades

A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) comemorou a saída da IHRA, qualificando-a como “rompimento necessário” com o uso político da memória histórica e reivindicando o corte total das relações diplomáticas com Israel.

No espectro político interno, parlamentares do Partido Novo apresentaram requerimentos à Câmara dos Deputados pedindo esclarecimentos ao Itamaraty e moções de repúdio à decisão do governo, alegando que a atitude foge da tradição diplomática brasileira de buscar soluções pacíficas.

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