A França planeja construir uma prisão de alta segurança na Guiana Francesa, território ultramarino francês localizado na Amazônia, próximo à fronteira com o Suriname. O projeto é avaliado em 400 milhões de euros (aproximadamente 2,5 bilhões de reais), tem previsão de conclusão até 2028 e visa combater o narcotráfico e aliviar a superlotação carcerária na região.
Detalhes do projeto
A iniciativa foi anunciada pelo Ministro da Justiça da França, Gérald Darmanin, no domingo (18) durante visita oficial à Guiana Francesa. A unidade terá capacidade para até 500 detentos, incluindo 60 presos de segurança máxima como narcotraficantes e radicais extremistas, em uma ala separada para eles. O complexo também abrigará um tribunal e visa , entre outros objetivos, resolver a superlotação nas unidades prisionais da Guiana Francesa
A localização isolada, perto da cidade de Saint-Laurent-du-Maroni, é uma estratégia para impedir a comunicação de líderes criminosos com suas redes no continente europeu, interceptando rotas de escoamento de drogas e desmantelando esquemas de tráfico. A decisão de construir esta prisão de segurança máxima surge após uma série de incidentes violentos relacionados a gangues que tiveram como alvo prisões e funcionários penitenciários em toda a França.
A França anunciou a construção de uma gigantesca prisão de segurança máxima na floresta Amazônica. Será construída em Saint-Laurent-du-Maroni, na Guiana Francesa, e custará €400 milhões, o equivalente a R$2,5 bilhões! Tera uma capacidade máxima de 500 detentos e será destinada… pic.twitter.com/6hAiZqjDkN
Projeto penitenciário de segurança máxima da França na Guiana Francesa (Video: reprodução/X/@hoje_no)
Projeto não tão inovador gerou oposição
A França não é o único país a optar por prisões distantes ou em locais de difícil acesso. A prisão de Alcatraz, uma ilha-fortaleza no meio da Baía de São Francisco, nos Estados Unidos, operou de 1934 a 1963 e era conhecida por ser inviolável, abrigando criminosos como Al Capone. Mais recentemente, a base naval de Guantánamo, em Cuba, gerida pelos EUA, tornou-se um centro de detenção para suspeitos de terrorismo após os ataques de 11 de setembro de 2001, gerando debates internacionais sobre direitos humanos e soberania.
A própria Guiana Francesa já abrigou a colônia penal da Ilha do Diabo, que funcionou de 1852 a 1953 e era conhecida por suas condições brutais, altas taxas de mortalidade e o confinamento de prisioneiros políticos, como o Capitão Alfred Dreyfus. O livro "Papillon", de Henri Charrière, que narra sua suposta fuga da colônia penal (não da Ilha do Diabo em si, mas do complexo penitenciário da Guiana Francesa), popularizou ainda mais a má reputação do local.
O plano gerou oposição por parte de autoridades locais e residentes da Guiana Francesa que argumentam que a construção de uma prisão de alta segurança longe da metrópole ecoa táticas de exílio da era colonial. Eles afirmam que o projeto não foi discutido com eles e que a Guiana Francesa precisa de investimentos em saúde e educação, e não se tornar um "depósito para os problemas de Paris". O governo francês, por sua vez, defende que a distância da Guiana Francesa é um fator crucial para impedir que os chefes do tráfico mantenham contato com suas redes criminosas.
Foto Destaque: O Ministro da Justiça da França, Gerald Darmanin (Reprodução/Ronan LIETAR/AFP/Getty Images Embed)