O governo francês anunciou a construção de uma prisão de segurança máxima em Saint-Laurent-du-Maroni, na Guiana Francesa, com capacidade para 500 detentos, incluindo 60 em regime de segurança reforçada. A medida busca isolar líderes do tráfico de drogas e extremistas islâmicos, mas enfrenta oposição de autoridades locais.
Projeto visa combater tráfico e extremismo
O Ministro da Justiça da França, Gérald Darmanin, anunciou a construção de uma nova prisão de segurança máxima em Saint-Laurent-du-Maroni, na Guiana Francesa. A instalação terá capacidade para 500 detentos, incluindo 60 em regime de segurança reforçada, com 15 vagas destinadas a extremistas islâmicos. A iniciativa faz parte de uma estratégia para isolar líderes do tráfico de drogas e extremistas, visando impedir que continuem operando de dentro das prisões.
A Guiana Francesa é considerada um ponto estratégico no trânsito de cocaína sul-americana para a Europa. A região enfrenta uma taxa de homicídios de 18,4 por 100 mil habitantes, significativamente superior à média da França continental, que é de 1,2 por 100 mil. Darmanin destacou que a nova prisão também ajudará a aliviar a superlotação carcerária no território ultramarino.
Gérald Darmanin anuncia construção em suas rede sociais (Foto: reprodução/Instagram/@gerald_darmanin)
O complexo, que incluirá um tribunal, terá um custo estimado de 400 milhões de euros (aproximadamente 451 milhões de dólares) e está previsto para ser inaugurado até 2028. A localização escolhida remete à antiga colônia penal da Ilha do Diabo, conhecida por abrigar prisioneiros políticos até 1953.
Críticas de autoridades locais e associações
A proposta enfrentou resistência de autoridades locais e representantes da sociedade civil na Guiana Francesa. Jean-Paul Fereira, presidente da coletividade territorial, criticou a decisão por ser tomada sem consulta prévia à população local. Ele afirmou que o projeto desrespeita acordos anteriores e revive memórias dolorosas associadas à história penal da região.
O deputado Jean-Victor Castor classificou a iniciativa como um retrocesso colonial e pediu a suspensão do projeto, argumentando que a construção da prisão não aborda as causas estruturais da criminalidade no território e pode agravar tensões sociais existentes.
Organizações de direitos humanos também expressaram preocupações sobre as condições de detenção e o potencial isolamento prolongado dos presos. Elas alertam para possíveis violações de direitos fundamentais e questionam a eficácia da medida no combate ao crime organizado e ao extremismo.
Foto destaque: "Ilha do Diabo", na Guiana Francesa (Reprodução/X/@c4ndido)