O Irã deferiu neste sábado (13) um ataque direto ao território de Israel, o primeiro na história entre os dois países que são potências militares. Os drones não tripulados foram a maioria abatidos pela defesa israelense ao cruzar o céu do país e outros foram interceptados pelo caminho com ajuda militar de países como EUA, França e Jordânia.
Este primeiro ataque direto entre os dois países fez aumentar a tensão para uma possível escalada do conflito no Oriente Médio. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, ONU, e o G7, grupo dos sete países mais desenvolvidos do mundo, se reuniram de maneira emergencial neste fim de semana para debater sobre o aumento da violência entre os países da região.
História do aumento da rivalidade
Israel e Irã possuem os exércitos mais poderosos e desenvolvidos na região do Oriente Médio. As tensões entre os dois países remontam de 1979, quando a Revolução Islâmica ocorreu no Irã e os aiatolás, chefes supremos da linha xiita do islamismo, assumiram o poder. Até então a relação entre os dois países era de cordialidade, tendo o Irã sendo o segundo país de maioria muçulmana a reconhecer o Estado israelense.
Com a Revolução Islâmica, o aiatolá Khomeini, após assumir o poder, decretou uma república islâmica que tinha como maior marca a rejeição a Israel e ao imperialismo dos Estados Unidos. A época acontecia a guerra fria, com o mundo polarizado entre União Soviética e os norte-americanos.
Desde então, o Irã não reconhecia mais Israel como Estado e passou considerar que o mesmo não deveria existir, defendendo a causa Palestina. Os militares consideram inimigos mortais do país tanto os Estados Unidos quanto Israel. O governo israelense acusa constantemente o Irã de financiar grupos terroristas para cometer ataques e de antissemitismo vindo dos aiatolás.
Aiatolá Khamenei líder supremo do Irã (Foto: reprodução/Getty Images Embed/ATTA KENARE/AFP)
O ataque
A resposta do Irã foi ao bombardeio de seu consulado na Síria no dia 1 de abril, que foi atribuído a Israel, porém não confirmado como autor. Neste ataque foram mortas 13 pessoas, entre elas um general iraniano de 63 anos com uma longa história dentro da guarda revolucionária do Irã, que funciona como um exército paralelo aos militares oficiais do país, que realiza operações especiais. No dia após o fato, o líder dos aiatolás, Ali Khamenei disse que se vingaria e os israelenses iriam se arrepender.
A retaliação já era esperada nos últimos dias e estava sendo monitorada diariamente por Israel e seus aliados como os Estados Unidos. O Irã avisou no sábado (13) que havia enviado drones não tripulados em direção ao território israelense, configurando sua retaliação. Os drones não tem uma alta velocidade, diferente de mísseis e demoraram horas até chegar a Israel.
Alguns desses drones foram interceptados e destruídos no caminho, seja pelas defesas aéreas da Jordânia, país vizinho a Israel, tanto por caças de países aliados, como EUA e a França.
Defesa israelense conseguiu interceptar os drones iranianos (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Hisham K. K. Abu Shaqra/Anadolu)
Israel fechou o espaço aéreo no sábado por precaução e suspendeu as aulas até esta segunda-feira (15). Foram emitidos alertas para as pessoas permanecerem em suas casas e procurarem abrigos antiaéreos. Os militares israelenses se posicionaram para abater os drones e defender os possíveis alvos em terra e o governo emitiu sirenes para a população. O “Domo de Ferro”, como é chamado a defesa antiaérea de Israel que consegue abater ainda no ar as ameaças, foi acionado.
No início da noite, por volta das 19 horas de Brasília, o Irã afirmou que seu ataque havia terminado e afirmando que foi uma ação de legítima defesa, considerando o assunto encerrado e ameaçando Israel caso este cometa outro erro. No comunicado, o Irã afirmou que também havia disparado mísseis além dos drones. Na capital iraniana Teerã, houve comemoração nas ruas.
Após o comunicado iraniano, o governo de Israel emitiu um comunicado a toda população de que não precisava mais ficarem abrigados.
Reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU neste domingo (14) (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Fatih Aktas/Anadolu)
Reunião emergencial
O Conselho de Segurança da ONU e o G7 se reuniram neste domingo (14) de forma emergencial para discutir o ataque iraniano e as possíveis consequências caso Israel queira revidar. O secretário-geral da ONU António Guterres pediu para que os dois países não aumentem as tensões que já estão elevadas na região, afirmando que a situação no Oriente Médio já está em seu limite.
Guterres afirmou que o momento é de desarme e desaceleração, pois o mundo não aguenta mais guerras, pois a população da região está enfrentando perigos reais de morte caso haja um conflito em larga escala entre as potências.
Israel afirma que irá tomar medidas drásticas contra o Irã e chegou a comparar o regime iraniano com o nazismo, ao dizer que os aiatolás cometem contra os judeus o antissemitismo.
Nota do governo brasileiro
Em nota divulgada no sábado (13), o Itamaraty afirma que o Brasil está alertando desde o início das tensões em outubro de 2023 para uma possível escalada no conflito e faz um apelo para que as partes envolvidas diminuam as tensões e busquem maneiras diplomáticas para evitar uma escalada maior na violência.
Foto Destaque: Conselho militar de Israel se reúne para discutir possível revide ao Irã (Reprodução/Getty Images Embed/Israeli Ministry of Defense/Handout/Anadolu)