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Indígenas queimaram um caixão em protesto contra o marco temporal no DF

O Supremo Tribunal Federal (STF) adiou, mais uma vez, a votação do marco temporal, indígenas se reuniram em protesto e queimaram um caixão, em Brasília.

08 Jun 2023 - 11h05 | Atualizado em 08 Jun 2023 - 11h05
Indígenas queimaram um caixão em protesto contra o marco temporal no DF Lorena Bueri

Depois de uma nova suspensão, na votação sobre o marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta-feira (7), indígenas protestaram queimando um caixão, em frente ao Congresso Nacional, no DF. 

A corte retomou o julgamento durante a tarde de quarta-feira (7), mas a decisão foi novamente adiada após o pedido de mais tempo de análise, do ministro André Mendonça. A Sessão foi suspensa com 2 votos contra e 1 a favor do marco temporal. A tese diz que as comunidades indígenas somente têm direito às terras que já eram tradicionalmente ocupadas por eles no dia da promulgação da Constituição Federal, em 1988.

Durante o ato, os indígenas entoaram palavras de ordem contra o PL 490 — que delimita a data de promulgação da Constituição de 1988, que pretende definir o marco para a posse das terras —, entoaram cantos típicos, enquanto queimaram um caixão de papelão, que tinha os dizeres “marco temporal”. 

Além de Brasília, mais 10 estados tiveram protestos contra o marco temporal, também na quarta-feira (7). 


Manifestantes indígenas no DF (Reprodução/ Bianca Feifel/ @brasildefato.df)


Os ministros do STF, analisam desde de 2021, a tese de que os indígenas só têm direito às terras que já eram ocupadas por eles em 5 de outubro de 1988.

Após novo adiamento na votação, cerca de 250 indígenas que acompanharam a votação na Praça dos Três Poderes e outros 50 que puderam entrar no plenário da corte e que, estavam acampados em Brasília, devem voltar para suas aldeias. A maioria deles estão na cidade desde 30 de maio, quando se deu início as votações na Câmara. 

Em entrevista ao G1, o pajé do povo Xakriabá, de Minas Gerais, relatou: "Vamos nos reunir pra deliberar [se vão voltar ou não]. Mas não era pra gente ter que esperar esse tempo todo”.

Em 30 de maio, a Câmara dos Deputados aprovou por 283 votos a favor e 155 contra, a proposta que prediz a aplicação do marco temporal. O projeto ainda segue para análise do Senado, e caso aprovado, vai para o presidente Lula, que pode vetar ou sancionar o texto. 

Sobre o marco temporal indígena

A tese do marco temporal indígena é fortemente contestada por organizações indígenas, movimentos sociais e diversos setores da sociedade. Eles argumentam que essa interpretação restringe injustamente os direitos territoriais dos povos indígenas, negando a eles o direito fundamental de ocupar e usufruir de suas terras tradicionais. Para eles, a adoção do marco temporal representa um retrocesso nos avanços conquistados com a Constituição de 1988, que reconheceu os direitos indígenas e estabeleceu a demarcação de terras como um dever do Estado.

Por outro lado, a  tese ganhou força a partir de decisões judiciais, principalmente no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF). Seus defensores argumentam que a adoção do marco temporal é necessária para trazer segurança jurídica, delimitando claramente os direitos territoriais das comunidades indígenas.

 

Foto destaque: indígenas protestam em Brasília. Reprodução/ Bianca Feifel/ @brasildefato.df. 

 

 

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