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Famílias de mortos na ditadura receberão certidões com causa da morte atualizada

Nova resolução do Conselho Nacional de Justiça padroniza registros de óbito e facilita reconhecimento de perseguição política como causa de morte e acesso à reparação estatal

17 Abr 2025 - 14h36 | Atualizado em 17 Abr 2025 - 14h36
Famílias de mortos na ditadura receberão certidões com causa da morte atualizada Lorena Bueri

Mais de 300 famílias de vítimas da ditadura militar no Brasil devem receber, em maio, novas certidões de óbito que reconhecem oficialmente a morte por perseguição política. A medida atende a uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que busca uniformizar e atualizar esses registros com base em dados oficiais.

Novo processo

Segundo a CNN, com a aprovação da Resolução CNJ nº 452, em dezembro de 2023, cartórios de registro civil em todo o país, passaram a adotar um novo procedimento para retificação de certidões de óbito de mortos e desaparecidos políticos. A norma determina que os cartórios façam a retificação automática dos documentos com base nas informações da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Essa mudança permite que as certidões incluam, entre outros dados, a causa da morte como sendo violenta e decorrente de perseguição política pelo Estado brasileiro. A medida elimina a necessidade de processos judiciais e visa agilizar o reconhecimento formal das vítimas.

No início de abril, o CNJ expediu 314 ofícios aos cartórios responsáveis pelos registros originais. Cada um desses ofícios já identifica os óbitos a serem retificados. Os cartórios terão até 30 dias para realizar a atualização e encaminhar os documentos corrigidos ao CNJ. Após revisão, os documentos serão impressos e entregues às famílias das vítimas em cerimônia oficial.

Conforme o juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça, Fernando Cury, a iniciativa representa um esforço institucional para reparar omissões históricas e reduzir entraves burocráticos enfrentados pelas famílias.

Histórico do processo

Antes da atual resolução, a retificação de certidões de óbito exigia processo judicial. Até 2014, as famílias tinham que ingressar com ações específicas, geralmente com custo elevado e resultados incertos, o que dificultava o reconhecimento oficial das circunstâncias da morte.

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) divulgou um relatório com informações detalhadas sobre vítimas do regime militar, apontando responsabilidades e causas das mortes. No entanto, mesmo com o relatório, não havia um mecanismo automatizado para retificação dos documentos.

A primeira mudança significativa ocorreu em 2016, durante o governo Dilma Rousseff, com a publicação da Lei nº 13.261/2016, que permitiu retificações administrativas em cartório sem necessidade de decisão judicial, desde que houvesse documentação suficiente. Essa alteração, embora importante, ainda dependia da disposição dos cartórios e da apresentação de provas pelas famílias.


Post de ex-presidenta Dilma Rousseff comemorando a vitória de "Ainda Estou Aqui" no Oscar 2025 (Foto: reprodução/Instagram/@dilmarousseff)


Agora, com a resolução de 2023, esse processo torna-se centralizado e com base em documentos já reconhecidos pelo próprio Estado. A atualização das certidões é considerada um passo relevante no processo de reparação e reconhecimento histórico das violações ocorridas durante a ditadura.

Foto Destaque: Conselho Nacional de Justiça (Reprodução/Flickr/Rômulo Serpa/Agência CNJ)

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