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Entenda o que é o Grupo Wagner e o que ele representa para o governo russo

Grupo Wagner, mercenários privados russos, ameaçam a segurança nacional de Putin. Comandados por Prigozhin, associados ao nazismo e acusados de violência.

26 Jun 2023 - 09h05 | Atualizado em 26 Jun 2023 - 09h05
Entenda o que é o Grupo Wagner e o que ele representa para o governo russo Lorena Bueri

No último fim de semana o governo de Vladmir Putin sofreu com uma grave ameaça a segurança nacional quando um grupo de mercenários privados, o Grupo Wagner, um bando armado de mercenários, tentou deferir uma rebelião contra o Estado russo. Cerca quarenta mil mercenários são comandados por Yevgeny Prigozhin, fundador do grupo e até então fiel escudeiro do presidente russo. São pessoas de diversas etnias contratadas para lutar em guerras em qualquer lugar do mundo, porém, a associação tem outras atividades.

Foi no ano de 2014 que o grupo foi formado na cidade de Krasnodar, a oeste de Moscou, próximo a uma base de inteligência do exército russo. A filosofia do grupo é baseada em ideias do nazismo, ideologia que surgiu com esse nome na Alemanha no ano de 1920 que defendia a supremacia da etnia ariana branca sobre as outras.

Os fundadores

Um dos líderes fundadores do Wagner é Dmtri Utkin, um ex-militar da inteligência russa e que tem fortes ligações, através de tatuagens, com o nazismo. Dmtri e Prigozhin são então os fundadores do grupo.

Prigozhin tem uma história com Vladmir Putin de décadas. De família pobre, na adolescência vivia de pequenos crimes, até que certa vez foi preso e passou dez anos na prisão, nos anos 1980. Quando saiu da prisão, a até então União Soviética estava entrando em colapso. Ele precisava ganhar dinheiro e começou a vender cachorros-quentes na rua até conseguir abrir seu restaurante.

A comida era tão boa que chegou até o então prefeito da cidade onde estava o restaurante, na cidade de São Petesburgo. O prefeito em questão era Vladmir Putin. Quando este último se torna presidente em 1999, contrata Prigozhin para ser o cozinheiro de seu governo, concede diversas regalias e sua empresa começa a ser a fornecedora oficial de quentinhas para escolas e presídios de toda Federação Russa. Ele se torna milionário e braço direito do presidente.


Prigozhin em pé, à direita, atrás de Geroge W Bush, ex-presidente dos EUA (Foto: reprodução/Twiiter/@Tbaghdadi)


O Início

A primeira missão do Grupo Wagner foi quando a Rússia anexou a região da Criméia, um território que pertencia à Ucrânia, em 2014. E para legitimar a sua incorporação, contrataram o grupo de rebeldes para se passar como ucranianos e assim parecer como espontâneo um suposto apoio da população a essa invasão.

No ano de 2015, uma outra missão importante foi dada aos mercenários. Na Guerra da Síria, eles foram contratados pelo ditador Bashar Al-Assad para apoiar seu governo e lutar contra grupos rebeldes a seu governo, sob pagamento de 25% da produção de petróleo Sírio. Foram ao todo mais mil e quinhentos soldados contratados.

Fortuna do grupo

Os fundadores do grupo não lucram apenas com os contratos de seus soldados mercenários. Há indícios do FBI de que o grupo esteja envolvido em empreendimentos milionários, como hotéis, mineração, construção civil e em outros serviços.

Na África, acordos com governos de ditadores são fechados também com percentagens grandes, e grandes minas de extração de minérios, em especial diamantes.

O grupo é acusado também de interferir em algumas eleições, como no caso da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e na votação do Brexit, que definiu a saída do Reino Unido da União Europeia. Tanto Trump, quanto o então governo do Reino Unido, eram à época conservadores, assim como os ideais do grupo.


Bandeira do Grupo Wagner (Foto: reprodução/Twiiter/@Tbaghdadi)


Formação atual dos mercenários

Após a declaração da guerra contra a Ucrânia por parte da Rússia, Prigozhin começou a recrutar presos nas penitenciárias russas e pessoas de outras regiões do mundo interessadas em lutar na guerra. Em troca, oferecia o treinamento e pagamento para missões.

O grupo é acusado de usar extrema violência nos campos de batalha, cometendo diversos crimes, como estupros coletivos, torturas e outras diversas atrocidades. Usar da crueldade é um dos lemas dos mercenários.

Prigozhin ganha notoriedade quando, ao contrário dos comandantes russos, seja ministros da defesa ou o próprio presidente Putin, ele aparece nas frentes de batalha, ao lado de seu batalhão de militares e ao do exército oficial da Rússia. Isso gera desconforto, pois oficialmente ele não faz parte do governo atualmente.

Com isso, neste último fim de semana, após uma falta de acordo com o governo russo, como não fornecimento mais de munição e equipamentos, tentaram uma insurreição, cooptando membros do exército oficial russo. Porém um acordo com Vladmir Putin, a tentativa foi frustrada, Prigozhin ganha anistia assim como todos que participaram da tentativa.

O Grupo Wagner atualmente atua na guerra da Ucrânia e na África.

 

Foto Destaque: mercenário  do grupo Wagner. Reprodução/Reuters/direitos reservados

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