O Partido Popular (PP, direita) venceu as eleições deste domingo (23) na Espanha, porém, mesmo tendo feito um acordo anterior à votação com o Vox (extrema-direita), não alcançou as 176 cadeiras necessárias no parlamento para poder governar. Já o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, esquerda), de Pedro Sánchez, atual presidente do país - mesmo, a Espanha sendo um país parlamentarista, seu chefe de governo é chamado de presidente - não conseguiu a reeleição, mas conseguiu eleger 122 deputados sozinho e o Sumar, seu aliado, 33 - enquanto PP, 136 e Vox, 33.
Por este motivo, o país vive o dilema de não ter certeza de seu futuro político, se as eleições já estão definidas ou se novas serão convocadas, tendo assim, as próximas semanas como decisivas, pois, nem o vencedor em primeiro lugar (PP) nem o vencedor em segundo (PSOE) tem a maioria no parlamento. O PP precisa formar um governo de coalizão, onde, somados, alcance as 176 cadeiras necessárias.
Segundo Santiago Abascal, líder do Vox, se Pedro Sánchez quiser, o atual presidente pode bloquear a formação deste novo governo, de direita, mesmo tendo perdido a eleição a decisão está em suas mãos, afinal, para que a direita possa governar, a esquerda precisaria se abster da votação de posse no Parlamento.
Parlamento Espanhol (Foto: reprodução/Gerard Julien/AFP)
Sistema parlamentar espanhol
Primeiramente, o rei e os líderes de todas as formações políticas se reúnem com a representação no Congresso e definem um candidato para o cargo de presidente, quase sempre o líder do partido vencedor, ou seja, com mais cadeiras.
Posteriormente, o candidato apresenta seu programa de governo na sessão de posse no Congresso. Para que sua eleição se concretize, este deve ter os votos da maioria absoluta (metade mais um).
Não havendo maioria absoluta, uma segunda votação dentro de 48 horas, onde a maioria simples - mais sim do que não - já é suficiente para a definição. É nesse momento em que as abstenções podem decidir o resultado final.
Bandeira da Espanha (Foto: reprodução/pixabay)
O Futuro da Espanha
Para uma concretização do PP no poder, este precisaria, além da aliança com o Vox, reunir cadeiras de outros partidos menores - o que parece quase impossível diante da união com o Vox, da direita radical.
Uma vez que o governo de coalizão se concretize com a direita, o ultranacionalismo e o ultraconservador, isso pode significar o retorno da extrema-direita ao poder na Espanha, o que não ocorria desde a ditadura de Francisco Franco (1939-1975), e questões como a noção de violência de gênero, às mudanças climáticas, aborto e o movimento LGBTQIA+, enfrentariam grandes problemas com rejeição até de discussões por parte do governo.
Foto Destaque: Apoiadores do Partido Popular comemoram resultado das eleições legislativas nas ruas da Espanha. Reprodução/Oscar Del Pozo/AFP