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Bloqueios de internet dificultam o contato de iranianas no exterior com o país

Com a onda crescente de manifestações em prol da liberdade das mulheres e contra a obrigatoriedade dos véus tomando conta do Irã, mulheres iranianas do exterior têm dificuldade em se comunicar com o país e demonstrar apoio às manifestações.

07 Out 2022 - 11h30 | Atualizado em 07 Out 2022 - 11h30
Bloqueios de internet dificultam o contato de iranianas no exterior com o país Lorena Bueri

A morte da jovem Mahsa Amini, de 22, detida pela polícia da moralidade no Irã, despertou uma onda de protestos contra o uso obrigatório do véu, símbolo de opressão contra as mulheres iranianas. Nas manifestações, as palavras “zan, zendegi, azadi”(“mulher, vida, liberdade”) eram cantadas em coro e estudantes iranianas queimavam seus hijab. No exterior, iranianas expatriadas encontram dificuldades para demonstrar apoio às manifestações por conta das limitações do acesso à internet no país. 

Em repressão aos protestos em Teerã, duas jovens foram mortas enquanto lutavam por um futuro melhor. Nika Shakarami, de 16 anos e Hadis Najati, de 22, foram mortas após terem sido detidas pelas autoridades locais. Muito ativas nas redes sociais, as duas compartilharam em seu Instagram sobre as manifestações. Nika postou em um story seu hijab queimando e Hadis publicou um vídeo a caminho dos protestos em que dizia: “Espero que em alguns anos, quando olhar para trás, ficarei feliz por tudo ter mudado para melhor”. Suas famílias só puderam reconhecer os corpos dias depois.


Mulher corta cabelo na rua em protesto em Istambul (Foto: Yasin AKGUL/AFP)


Os bloqueios de internet no Irã atrapalham as comunicações e dificultam a chegada de informações vindas de lá. Com as restrições a Instagram e Whatsapp, torna-se uma difícil missão entender realmente qual a proporção das manifestações e das conseqüências delas. O Teerã apresenta um balanço com 60 mortos, sendo 12 membros das forças de segurança. Enquanto a ONG Iran Human Right, que fica na Noruega, conta pelo menos 92 mortos.

As iranianas que vivem no exterior têm o poder de serem porta-vozes para o mundo dos problemas enfrentados por suas compatriotas. Aproveitando o livre acesso a internet e maior visibilidade, elas se unem para fazer um apelo nas redes sociais e nas ruas pela liberdade das mulheres. Na França, cerca de 50 artistas se mobilizam em um vídeo em que cortam os cabelos ao som da música italiana de revolução “Bella Ciao”, em persa. “Ela morreu por deixar alguns fios de cabelo à mostra”, diz a legenda do vídeo, fazendo referência à Mahsa Amini.

Foto destaque: Manifestantes seguram foto de Mahsa Amini em protesto em Istambul Foto: Ozan Kose/AFP

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