Apesar da maioria das praias brasileiras terem baixo índice de ataques de tubarão, a região litorânea de Recife, no estado de Pernambuco, tem um índice de 33% de mortalidade por esse tipo de acidente. Segundo o biólogo marinho Marcelo Szpilman, presidente do AquaRio, esse número é 10 vezes maior que no estado da Flórida, nos Estados Unidos, região conhecida por ter a maior quantidade de ataques por esse tipo de animal no mundo.
Momento em que adolescente de 14 anos foi resgato após ataque de tubarão no domingo, na praia de Piedade (Foto: Reprodução)
Na última semana, em menos de 24 horas, dois adolescentes foram atacados nas praias do Recife. No domingo, um adolescente de 14 anos foi atacado na praia de Piedade e teve sua perna amputada pela gravidade dos ferimentos. O banho no local é proibido desde julho de 2021, quando um turista morreu após ser atacado.
Na segunda, uma adolescente de 15 anos teve o braço amputado após ser atacada na praia de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife. Segundo os bombeiros do local, mesmo após o acidente, banhistas insistiam em continuar mergulhando na região.
Após os episódios desta semana, subiu para 77 o número de ataques registrados nas praias de Pernambuco desde 1992. Ao todo, 26 pessoas não sobreviveram ao ataque. Segundo Szpilman, a letalidade da região litorânea de Recife é muito mais alta que a da Flórida - de apenas 1% - pois a espécie predominante de tubarão em Pernambuco é do Tubarão de Cabeça-chata, maior e com mais poder mordida dos que os tubarões da Flórida.
Além disso, o biólogo ressaltou que os os salva-vidas de Recife são mais preparados para afogamentos aquáticos, mas menos treinados para o resgate típico de um ataque por tubarão, quando a vítima geralmente morre por choque hipovolêmico, quando há perda de grande quantidade de líquidos e sangue.
A proximidade de tubarões com pessoas não é natural, sendo um fenômeno provocado pelo manejo inadequado do ecossistema local. No Recife, construções como do Porto de Suape, que destroem os locais onde os tubarões se alimentam e procriam, mudaram os hábitos dos animais da região, que passaram a estar mais presentes nas praias, provocando os acidentes.
Foto destaque: Aviso de risco de ataque de turbarão em praia de Pernambuco. Reprodução/Rauds/Flickr.