Em entrevista dada ao jornal americano “The Wall Street Journal”, publicada na terça-feira (14), o ex-presidente Jair Bolsonaro abordou diversos assuntos sobre os últimos anos dele como presidente aqui no Brasil e pensamentos futuros. Comentou sobre a pandemia da Covid-19, a derrota nas eleições para o atual presidente Lula e explicou sobre uma possível volta ao Brasil, em março desse ano.
Bolsonaro em entrevista ao The Wall Street Journal (Octavio Jones/The Wall Street Journal)
De acordo com Bolsonaro, a volta ao país seria para liderar o movimento de direita, que segundo ele “não está morto”, mas que nesse momento não há ninguém para comandar o movimento de direita, então ele acaba se vendo como um líder da oposição a esquerda do PT e do Lula.
Entretanto, Bolsonaro admite ter conhecimentos de que a volta ao Brasil possa conter alguns riscos legais: “Uma ordem de prisão pode vir do nada”.
Esta ordem de prisão, que o ex-presidente comenta, estaria ligada a abertura da investigação do genocídio yanomami, iniciada em janeiro, pelo ministro do STF, Luís Roberto Barroso. A abertura do inquérito foi realizada com o objetivo de investigar a crise humanitária vivida pelo povo Yanomami.
Essa investigação irá atingir não só o ex-presidente, como também alguns integrantes do governo Bolsonaro, que conforme relatado no inquérito, são responsáveis por omissão, falta de controle do tráfego aéreo em Roraima (local onde fica as terras Yanomami) e vazamento de operações.
Segundo o portal de notícias GE, em matéria publicada pela jornalista Andréia Sadi, uma fonte afirma que os aliados teriam dito a Bolsonaro que há diversos documentos comprovando a forma como o governo agiu diante da situação, e que isso poderia gerar punições, inclusive a prisão dos envolvidos.
Ainda segundo essa fonte, por este motivo, os aliados estariam tentando se livrar da culpa, transferindo-a para outros nomes que faziam parte do governo Bolsonaro, como os ex-ministros Braga Netto, da Casa Civil; Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos; Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga, da saúde.
Sobre o caso Yanomami
Segundo a agência Sumaúma, 570 crianças indígenas foram mortas nos últimos quatro anos. Todas essas crianças foram mortas por desnutrição, e outras causas evitáveis, como doenças que possuem tratamento existente. Essas doenças e desnutrições estão sendo causadas por farimpo ileagl na região, que já foi denunciado diversas vezes nos últimos anos.
Foto Destaque: Criança Yanomami desnutrida, sendo atendida em hospital de Roraima (Reprodução/Michael Dantas/AFP)