Mourão critica Trump em reunião da Comissão de Relações Exteriores
Senador afirma que Jair Bolsonaro está sofrendo injustiça, mas critica Trump por tentativa de interferência no seu caso judicial impondo alta tarifa ao Brasil

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foi vice-presidente na gestão Bolsonaro, defendeu a soberania nacional durante uma audiência da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, nesta terça-feira (15). Mourão criticou duramente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil e à sua tentativa de interferência em questões internas brasileiras.
Crítica ao “poder bruto”
Em um tom firme, Mourão declarou: “Eu não aceito que o Trump venha meter o bedelho num caso que é assunto interno nosso.” A fala do senador veio à tona enquanto a comissão debatia o “tarifaço” imposto por Trump a produtos brasileiros, justificado, segundo o americano, pela situação legal do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mourão reconheceu a injustiça nos processos contra Bolsonaro, mas foi enfático ao afirmar que a resolução dessas questões compete exclusivamente aos brasileiros.
Mourão critica Trump e diz que Bolsonaro é caso interno (Vídeo: reprodução/Youtube/UOL)
Ele destacou que a postura de Trump, que utiliza o “poder bruto” em suas relações internacionais, contraria o tradicional “soft power” dos EUA. O senador defendeu que a estratégia do governo brasileiro deveria ser de “mingau quente”, ou seja, de atuar diplomaticamente “pelas beiradas”, evitando o confronto direto que as linhas de reciprocidade tarifária, adotadas pelo governo Lula, poderiam gerar.
Jogo de perde-perde
A postura de Mourão ecoou no Senado. A senadora Tereza Cristina (PP-MS), que foi ministra da Agricultura no governo Bolsonaro, também se manifestou, classificando a decisão do governo Trump como um “jogo de perde-perde”, onde ambas as partes tendem a ser prejudicadas. Ela alertou sobre os impactos dessas tarifas sobre os produtos brasileiros e a possível reciprocidade tarifária do Brasil, que também afetaria a economia nacional.
Cristina, relatora do projeto que cria a possibilidade de uma taxa de reciprocidade, enfatizou que o Brasil possui “argumentos” e “credibilidade” para reverter essa situação através da união e do trabalho conjunto para minimizar os “desastres” que essas tarifas podem causar.