Acordo de US$ 10 milhões resolve processo entre Trump e X

O processo movido por Trump contra o antigo Twitter, atual X, após suspensão de sua conta pessoal na plataforma tem acordo como solução após quatro anos

14 fev, 2025

Um antigo assunto litigioso retorna ao noticiário global com desfecho em tom de pacificação. O caso sobre a suspensão da conta no antigo Twitter, hoje X, do presidente Donald Trump, após ataque ao capitólio em 6 de janeiro de 2021, tem movimentado as instâncias judiciais nas últimas semanas. Na época, Trump abriu uma ação contra a empresa, e contra Jack Dorsey, CEO do antigo Twitter.

Conforme informações trazidas pelo Wall Street Journal na última quarta-feira (12), sob a chancela de Elon Musk, o X, concordou com o montante de US$ 10 milhões (R$ 57,6 milhões), valor a ser pago no processo, que já se arrasta por quatro anos. 

Relembrando os fatos

Após a derrota de Trump nas eleições de 2020, houve uma série de mensagens espalhadas na rede social Twitter, com relatórios falsos com dados sobre uma possível fraude eleitoral, favorecendo o candidato eleito Joe Biden. Nas “tuitadas”, havia, também, um teor motivador e convocatório, para que os seguidores e apoiadores de Trump, fossem para Washington, para um grande comício chamado “Stop The Steal”, no dia 6 de janeiro de 2021. Todo esse burburinho tornou-se o caótico e violento motim no Capitólio, em Washington. 


Protestos em 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, em Washington (Foto:reprodução/picturie alliance/Tayfun Coskun)

Protestos em 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, em Washington (Foto: reprodução/picturie alliance/Tayfun Coskun)


Começado em protesto de manifestantes contra a certificação da vitória de Biden, a baderna literal, no Congresso Nacional dos EUA, gerou prejuízos gravíssimos a muitos que ali estavam, inclusive, mais de cinquenta pessoas saíram feridas, e pior, cinco integrantes do ato morreram. 

A revolta, que segundo a gestão do Twitter, teria sido potencializada por Trump em seus disparos na rede social, refletiu na ação da plataforma ao decidir suspender a conta pessoal do presidente, com alegações de prováveis riscos de incitação à violência.

“Após uma análise detalhada dos Tweets recentes da conta @realDonaldTrump e do contexto em torno deles — especificamente como eles estão sendo recebidos e interpretados dentro e fora do Twitter — suspendemos permanentemente a conta devido ao risco de mais incitação à violência”, comunicou o Twitter na época, explicando acerca da decisão tomada pela plataforma. 

A Meta e Google, em resposta aos fatos envolvendo Donald Trump, tomaram as mesmas medidas de suspensão que o Twitter. Em contrapartida, Elon Musk, após comprar o Twitter em outubro 2022, reativou a conta do presidente no mês seguinte.

Processos

Em julho de 2021, os advogados de Trump, moveram processos contra três grandes empresas de tecnologia, das quais, o Twitter, é uma das partes envolvidas. O processo, diretamente relacionado à  antiga plataforma, passou por diversos momentos de tensão até o acordo. 

No ano de 2022, um juiz federal rejeitou o processo, levando os advogados de Trump a protocolarem uma apelação (De acordo com o sistema judiciário dos EUA, o recurso para a Corte de Apelação, preenchidos os requisitos, é um direito da parte insatisfeita com a decisão). Durante o outono de 2023, um tribunal federal de apelações, ouviu a argumentação que justificava a insatisfação ante a decisão do juiz, porém, nenhuma manifestação sobre a decisão havia sido feita até o fim período eleitoral de 2024 nos EUA.

Duas semanas após Trump ser declarado eleito no último pleito norte-americano, os advogados do presidente deram entrada no tribunal, uma carta que comunicava o interesse de ambas as partes, em resolver o litígio, e que um acordo estava sendo discutido.


Doge liderado por Musk tem sido amplamente responsável por diversas ações pelo mundo relacionado ao corte de gastos do governo Trump (Foto:reprodução/GettyImagesEmbed/BrandonBell)

Doge liderado por Musk tem sido amplamente responsável por diversas ações pelo mundo relacionado ao corte de gastos do governo Trump (Foto: reprodução/Getty Images Embed/BrandonBell)


Na semana passada, após quase três meses de conversas, as partes envolvidas deram entrada na moção para de rejeição do recurso, com concessão efetuada nesta segunda-feira (10). O acordo, apesar de toda a proximidade de Elon Musk, dono do X, com Donald Trump, e seu intenso envolvimento em decisões do atual governo, ao liderar o DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), e ainda, a decisão da equipe de Trump em deixar o processo fracassar, prosseguiu, resultando no valor mencionado acima. Neste caso, a expressão “Amigos, amigos, negócios à parte”, veio a calhar. 

Recentemente, um acordo firmado com a Meta, rendeu a Trump, noutro processo referente aos mesmos atos de 6 de janeiro de 2021, no Capitólio, nada menos do que US$ 25 milhões (R$ 144 milhões). Na mesma linha de ações visando acordos, o Google, que baniu Trump do YouTube após o mesmo episódio, é o próximo da lista, segundo os especialistas no assunto. Tanto o X, quanto o Google, ainda não comentaram nada sobre as informações. 

A presença dos CEOs destas empresas envolvidas nos processos, e outros que atuam fortemente dentro do território norte-americano, quer seja como apoiadores da campanha republicana nas eleições passadas, quer seja como entusiastas do governo, ou ainda, como interessados no mercado estadunidense e seus nichos variados, sinaliza a busca pela política da boa vizinhança, nesta nova era Trump.

Foto destaque: Elon Musk prestando continência à bandeira dos EUA (Reprodução/X/@elonmusk)

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